Na manhã seguinte, Juliette estava se sentindo como uma adolescente indo para o seu primeiro encontro. Não que pensasse no jantar como um encontro, mas a ansiedade tinha tomado conta do seu ser. Estaria novamente cara a cara com Sarah.
Os beijos que trocaram, ainda queimavam em seus lábios.
Juliette passou o dia recordando-os, revivendo cada momento.
No fundo ela sabia que Sarah tinha razão, ela também desejou. Ainda desejava ser beijada por Sarah.
Ela nunca tinha sentido tamanho tesão e desejo em toda a sua vida. Nem por Arcrebiano, nem por nenhum "esquema" ou ex-namorado. Tinha mergulhado no prazer, sentiu-se fora de si. E apenas um beijo tinha feito isso com ela.
Ela admitiu pra si, estava atraída por Sarah e lutar contra isso não iria adiantar em nada, mas isso não significava que iria correr para os braços dela. Tinha acabado de sair de um relacionamento, não precisava se jogar em um sentimento novo, e ainda muito confuso, sem pensar nas consequências.
Juliette chegou ao apartamento do amigo com dez minutos de antecedência. Ela gostava de ser pontual, e não arriscaria ouvir piadas vindo do amigo, não na presença de Sarah.
Ao tocar a campainha, ficou surpresa ao se dar conta de quem abrirá a porta tinha sido Sarah. Juliette ficou paralizada. Por mais que soubesse e estivesse ciente da sua presença naquele jantar, se deparar com ela logo na entrada não estava em seus planos.
- Por favor entre! – Sarah abriu mais a porta para que ela passasse.
Juliette a encarou, sentindo seu coração bater tão forte em seu peito, ao mesmo tempo rezava para que Sarah não fosse capaz de escutá-lo.
Como Juliette permaneceu parada no mesmo lugar, Sarah disse:
- Garanto que entrar e se sentar no sofá será mais confortável do que ficar parada na entrada.
As bochechas de Juliette ganharam um tom avermelhado ao se dá conta do papel de boba que estava fazendo.
- Oh, desculpe. Sim. Com licença.
Fechando a porta atras de si, Sarah continuou.
Sarah estava tão tensa quanto Juliette.
Ela mexeu no colar pendurado em seu pescoço e depois enfiou as mãos no bolso traseiro da calça jeans escura. Ela olhava para todos os lugares, menos para Sarah.
O ar da sala estava mais pesado que bloco de concreto. Juliette sentiu que sua boca estava mais seca do que um deserto.
Sarah respirou fundo, e Juliette segurou a dela e finalmente olhou para Sarah.
- Me desculpe pelo beijo. Não deveria ter feito, pensei muito no que você me disse e respeito a sua escolha e orientação. Mas quero que saiba que não fiz com a intenção de ofende-la e nem ultrapassar limites. Já entendi que você não gosta de mulheres, nem de mim. Não vou culpar a bebida e nem atribuir a ela as minhas atitudes, mas pode ficar tranquila. Não irá mais se repetir.
Sarah estava se desculpando, Juliette sentiu uma pontada de decepção. Pensou que ela poderia ter se arrependido e agora estivesse querendo apagar o que tinha acontecido entre elas. Porem lembrou que ela mesmo tinha pedido isso, pedido que Sarah esquecesse e fingisse que o beijo nunca tinha existido.
- Mas eu... Quer dizer, eu também peço desculpa. Não deveria ter batido em você e nem reagido daquela maneira, de forma tempestuosa. Exagerei, eu sei.
O silencio cresceu.
Então Sarah disse:
- Precisamos conversar.
Juliette assentiu.
- Vamos nos sentar? – Perguntou Sarah apontando para o sofá.
- Ah, sim, é claro.
Juliette se aproximou do sofá e Sarah a seguiu, depois foi até a poltrona e ficou de frente a ela. Sarah limpou a garganta. Ela parecia terrivelmente desconfortável, então Juliette percebeu que Sarah estava esperando que ela se sentasse. Juliette se sentou no sofá rapidamente.
Juliette pensou como poderia dizer a alguém que não estava arrependida do beijo. Que se sentia atraída por ela, mas que tinha medo. Ela pensou em deixar escapar no meio da conversa, mas isso não parecia certo.
Finalmente ela abriu a boca e olhou para Sarah.
- Eu. – As duas falaram ao mesmo tempo e imediatamente se calaram.
Juliette brincou com a renda no punho de sua blusa, depois olhou para Sarah novamente. Tentou iniciar a conversa por um assunto neutro.
- O Gilberto está preparando o jantar? – Perguntou Juliette.
Sarah a olhou como se estivesse pesando as palavras.
- Ele não estar. – Disse num quase sussurro.
Aquela informação deixou Juliette em modo alerta. Uma coisa era estar em um jantar com o amigo onde teria que lidar com a presença da mulher que lhe causará um sentimento arrebatador com um simples beijo, outra coisa era estar sozinha com ela em um apartamento.
- O jantar. Ele tem que estar aqui. Quer dizer, foi ideia dele esse jantar. – Disse Juliette num tom vacilante.
- Ele precisou sair, mas pediu que eu a recebesse e que jantasse com você. Disse que seria uma boa oportunidade que construímos um laço de amizade. – Sarah tentou disfarçar o sorriso sarcástico ao pronunciar a ultima palavras.
- Hum.
- Se você não se sentir confortável, irei entender se preferir ir embora.
- Não dá! Não consigo fingir.
- Não entendi.
Juliette se aproximou mais, quase tocando os narizes.
- Me beija, Sarah – Sussurrou. – Me beija.
E, naquele momento, parecia-lhe irresistivelmente sensual.
Juliette se perguntou se estaria ficando louca.Ou só estava realmente pedindo para ser beijada novamente por aquela mulher.Não sabia. E pensaria nisso mais tarde. Muito mais tarde. Naquele momento,tinha um fogo no seu interior que precisava ser apagado.
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Amor e Ódio
Fiksi PenggemarAmor e ódio não se excluem. Movem-se num mesmo campo e, apesar de possuirem aspectos aparentemente distintos, a relação entre estes dois sentimentos envolve uma ligação entre eles. Duas mulheres de personalidades distintas, tendo seus caminhos entre...