Amor e Ódio

Desistir do que se ama

O estabelecimento, um pequeno restaurante Boulevard Saint Anthony, localizado na bela e agitada orla de Boa Viagem, é inspirado no conceito europeu, que denota preocupação entre o que é construído e o que permeia a arquitetura. De modo que a natureza presente no entorno fosse um dos pontos de destaque do ambiente.

Assim que se acomodaram, Maaba solicitou que fosse trazido uma garrafa de vinho. Sarah queria protestar, dizer que não iria ingerir álcool, mas sua mãe não lhe deu tempo. Ela queria manter sua mente sóbria para estar em total alerta caso algo acontecesse com Juliette e ela assim solicitasse sua presença imediatamente.

Sarah não conseguia afastar a preocupação em saber como ela estava, ainda não tinha recebido uma mensagem ou qualquer ligação em resposta a mensagem que havia enviado.

Assim que o garçom trouxe o que lhe foi solicitado e preencheu as taças com o líquido da garrafa, se retirou imediatamente as deixando a sós.

- Estava pensando que talvez tenha chegado o momento de você retornar para Los Angeles, pelo que tenho observado, está mais do que na hora de você retomar as rédeas da sua empresa. – Maaba fez uma pausa tomando um pequeno gole do vinho. – Sei que já conversamos a respeito, mas você sabe que u tenho razão. Você não pode viver para sempre aqui, de favor no apartamento do seu amigo e deixar que outras pessoas tomem conta da sua empresa por você. Além do mais, tem a sua carreira. A qual você foi capaz de brigar com sua própria mãe para mantê-la e agora a deixa de lado como se não fosse nada.

Sarah deu um longo suspiro.

Ela estava mais do que cansada em discutir com a mãe sobre esses assuntos, sempre acabava sentindo-se culpada por tudo o que já fez. Por não ter seguido os planos traçados por ela e ter tomado o caminho dos seus próprios.

- Eu sei, eu sei. – Deu outro suspiro, desta vez audível. – Está tudo sobre controle, eu sei que preciso voltar, mas ainda não é o momento.

- E quando será? – Ela a encarou com um olhar inquisitivo. – Eu estou me perguntando se realmente esse momento chegará. Tudo bem você se afastar um pouco para colocar a cabeça no lugar. Agora largar tudo aquilo que tanto lutou para construir, que custou até mesmo termos uma relação boa de mãe e filha por um longo tempo, jogar fora por conta do que?

- Não estou jogando nada fora, não é bem assim. Eu recebo os relatórios e acompanho, mesmo a distância o que acontece na empresa. Em relação a minha carreira, nem sei mesmo se ainda tenho uma. Vale lembrar que mesmo antes de eu vim para o Brasil, ela já estava, digamos que não tão bem como eu gostaria. – Esticando o braço, Sarah pousou a mão por cima da de sua mãe.

- Então você não pretende voltar a atuar?

- Sinceramente? Não sei. – Sarah tomou um longo gole do vinho, antes de prosseguir. – Pouquíssimo tempo atrás, eu realmente pensei que queria, mas agora não tenho tanta convicção que este realmente é o meu desejo.

- Mas você amava atuar, você brigou comigo para continuar e agora não sabe mais se irá voltar a fazer isto?

Houve algo no tom da pergunta que causou uma dor em Sarah, e refletiu em seu olhar.

- Sim, amava. – Sarah deu um sorriso carregado de tristeza e um pouco de melancolia. – Eu ainda amo atuar, mas existe algo maior do que isso agora. Algo que me faz querer desistir de continuar seguindo esse caminho.

- Qual motivo desistir do que se ama? Desistir do que você tanto lutou para construir.

- Por algo que vale a pena desistir de qualquer coisa, até mesmo do que amamos fazer preciso for.