Entre o amor e o ódio

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A relação entre amo e ódio são duas fazes de uma mesma moeda, eles não se excluem. Movem-se num mesmo campo e, apesar de possuírem aspectos aparentemente distintos, a relação entre estes dois sentimentos envolve uma ligação entre eles. Odiar alguém que, de algum modo, se considera admirar ou que já tenha sido produto de uma relação amorosa anteriormente é algo que facilmente pode acontecer quando esse alguém se torna capaz de tomar decisões nocivas, assim como as de Maaba.

Sarah encarava a mulher a sua frente, aquela que sempre acreditou ser sua legitima mãe. Enquanto ela lhe contava sobre Maria, sua verdadeira mãe um sentimento de pesar lhe atingiu. Pegou-se imaginando como teria sido sua vida se fosse criada por ela.

- Ela ficou tão feliz quando você nasceu. – Uma lagrima escorreu pelo rosto de Maaba. – Você era a coisinha mais angelical e pequena desse mundo. Com suas bochechas rosadas e de temperamento tão calmo, que as vezes eu pensava que você tinha algum problema por quase nunca chorar no primeiro mês de nascida. Maria sempre justificava, dizendo que você sabia que não precisava chorar, pois sabia que estava segura aos nossos cuidados. Mas quando ela partiu, você pareceu sentir que algo não estava certo. Seu choro ficou constante, e aquilo me deixava ainda mais louca. Mas eu conseguir, conseguir fazer com que você se acalmasse, pelo menos na maioria das vezes.

- Por que mentiu? – Sarah insistiu.

Ela não queria saber sobre seu nascimento, nem quando era criança. Sarah precisava saber o real motivo de Maaba ter lhe escondido tudo aquilo, precisava entender o que a levou a tomar o lugar da sua própria irmã.

- Porque foi preciso. – Disse num tom fraco.

- Isso não diz nada. – Sarah não conseguiu esconder a irritação com a resposta evasiva de Maaba. – Eu quero saber o que levou você a mentir para mim todo esse tempo, preciso entender o que realmente aconteceu com ela. O cara que a matou era o meu pai? Por que infernos você tomou a identidade dela como sua? – Sarah disparou exasperada.

- Eu... – Maaba iniciou, mas logo se calou.

- Caramba, é tão difícil dizer a merda da verdade? – Sarah explodiu.

Sarah sentiu seus olhos arderem, só então percebeu que estava começando a chorar.

- Eu não posso te conta tudo, mas preciso que você acredite em mim. Acredite que tudo o que fiz foi para sua proteção.

- Para de dizer que essas merdas foi para me proteger. – Disse Sarah num tom embargado. – Você quase destruiu minha vida. Você foi capaz de armar para mim, quem diz amar. Você foi a culpada pela morte da Joey e ainda usou isso para ferrar ainda mais coma minha cabeça. Você vem mentindo sobre a minha história, vem fingindo ser outra pessoa e ainda tem a coragem de dizer que tudo isso foi para a minha proteção? Pelo amor de Deus. Para. Só para com toda essa merda e de uma vez por todas diz a verdade uma vez na vida. – Sarah fez uma pausa, como se procurasse um sinal no rosto de Maaba. -  Eu juro por Deus, se você não começar a abrir essa boca e me dizer tudo o que eu quero saber irei denuncia-la e acabar com toda essa merda.

- Você não seria capaz de fazer isso comigo, não com sua própria mãe. – Maaba acusou horrorizada.

- Mãe? Você não é minha mãe, minha mãe está morta. – Disse dando um sorriso de canto de boca.

- Eu sou sua mãe! – Maaba gritou. – E sempre serei, nada mudará isso.

Sarah enxugou as lagrimas que insistiam em rolar pelo seu rosto e a encarou.

- Não irei ficar aqui ponderando a sua maternidade ou falta dela. – Sarah fez uma pequena pausa olhando em direção a porta que dava para o salão, depois voltado a encarar Maaba. – Se não vai me dizer o que desejo saber, então não tenho motivos para continuar aqui perdendo o meu tempo com você quando eu deveria estar ao lado da única pessoa que realmente procura fazer as coisas para o meu bem. Que realmente deseja a minha proteção.

Sarah começou a andar em direção a porta, mas logo parou quando Maaba falou. 

- Você realmente acredita que aquela vagabundinha deseja mais lhe proteger do que eu?

- Você a chamou do quer? – Disse virando-se para encara-la.

- A chamei do que ela realmente é, assim como a outra vagabunda que estragou com a sua vida. Você é uma idiota como Maria, que não consegue ver o quanto esse tipo de pessoa é prejudicial em suas vidas. Eu as conheço, pois já fui uma delas. Eu nunca quis o seu mal, apenas venho fazendo o meu melhor para lhe manter protegida dessa gente.

- Se você a chamar mais uma vez dessa maneira, eu juro por tudo o que é mais sagrado que irá se arrepender. – Disse num tom gélido. – Eu aturei toda essa merda de você ter mentido, de ter armado para Joey e eu. De ter tomado o lugar da minha mãe de uma forma a qual você não merece. Pois assim que descobrir toda essa merda deveria ter lhe entregue as autoridades. Mas se você abrir sua boca mais uma vez para ofender minha noiva, saiba que não terei a mesma consideração e assim que cruzar essa porta irei direto para as autoridades.

- Você está me ameaçando? Ameaçando a sua própria mãe por conta de uma garota que acabou de conhecer?

- Não estou lhe ameaçando, estou lhe avisando o que farei caso abra novamente a sua boca para desrespeita-la.

- Você realmente acha que ela irá ficar para sempre ao seu lado, Sarah? Você não ver o quanto ela lhe enfeitiçou com suas mentiras...

- Mentiras? – Sarah gargalhou alto. – A única a mentir aqui é você. Mentiu e continua mentindo. Não reflita o seu eu nas pessoas, principalmente em Juliette.

- Se mentir foi para o meu bem.

- Para de falar que foi para o meu bem. Se mentiu aposto que foi para o seu próprio bem, como sempre agiu. Única e exclusivamente para seu próprio proveito. Sempre foi assim. Quando eu era pequena e manipulável, fazia de tudo para que eu me comportasse como era o seu desejo, quando cresci e não seguia mais as suas vontades foi capaz de virar as costas como forma de punição. Então não venha me dizer esse tipo de merda.

- Você não sabe de nada.

- Realmente não sei, e era o que eu estava tentando mudar ao aceitar conversar com você. Mas como disse, isso aqui foi um erro. Se não está disposta a me dar respostas, a dizer o que realmente quero saber não preciso perder mis tempo aqui. Não quando sua única intenção é ofender a única pessoa que realmente me ama e nunca mentiu para mim, ao contrário de você. Vim porque querias respostas. Queria entender o que a levou a tecer essa telha de mentiras. Queria dar um motivo real para as suas mentiras. Pensei por um momento que você iria realmente dizer tudo que a levou a mentir, a fingir ser quem não é. Realmente pensei que seria capaz de ser sincera comigo desta vez. – Sarah fez uma pausa como se pesasse as próximas palavras. – Você está certa em dizer que é minha mãe, e que nada mudará isto. Sim, não mudara. Pois, mentindo ou não, foi você quem me criou. Foi você quem eu chamei de mãe, que me viu crescer e me tornar quem eu sou. Quem eu aprendi a amar incondicionalmente. Nada mudará mudara tudo isso, exceto meu sentimento por você.

- Sarah, não diga isso...

Sarah levantou a mão a interrompendo.

- Meu sentimento, esse sim é mutável. Não somente pelo que acabou de fazer ao ofender quem eu amo, mas por toda essa merda. Pois eu não sei quem é a mulher que está a minha frente, não sei do que ela é capaz. Nem menos sei se ela realmente não está ligada a morte da pessoa que em deu à luz. Eu não posso amar incondicionalmente uma pessoa que passou toda a minha vida mentindo para mim. Eu não posso amar incondicionalmente a pessoa que se recusa a me dar resposta sobre o meu passado, mesmo eu tendo descoberto grande parte dela. Eu não posso amar incondicionalmente alguém que é capaz de armar armadilhas mesmo sabendo que a consequência delas irá me atingir.

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