71: Nossa História.

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O som do martelo em atrito com o metal, era tudo que se ouvia. O suor escorria e os braços já começavam a sentir o esforço dos movimentos repetitivos, até que Mu parou e olhou para Kiki que reparava algumas rachaduras na armadura de Leão menor. A respiração pesada por causa da força que fazia para moldar o aço quente no martelo, então respirou fundo e se aproximou do menino o tocando no ombro devido aos fones de ouvido que o menino usava.

— Oi! ㅡrespondeu Kiki tirando os fones do ouvido, e virando para o mestre que o encarou com uma seriedade que poucas vezes ele viu dirigido a ele. Mu caminhou até a cama de solteiro que sempre esteve ali, e se sentou esperando Kiki se juntar a ele.

— Olha mestre se é por causa do comentário do senhor Milo eu…

— Isso não tem nada a ver com as loucuras do Milo Kiki, tem a ver com a minha história, com a sua história.

— Kiki parou a alguns passos de Mu sentindo o coração acelerado, enfim ele teria a resposta para suas perguntas, então voltou a caminhar se sentando ao lado do mestre.

— Então qual é a minha história?

— Me dê a sua palavra de que vai ouvir até o fim.

— O senhor a tem.

— Ótimo! Quando eu tinha doze anos, meu pai me levou a uma casa muito parecida com a Lótus vermelha e lá eu conheci uma menina, ainda mais nova do que eu. Ela tinha sido vendida pelos pais em troca de comida para alimentar os irmãos menores, e eu gostei de imediato dela e contei para meu mestre que tudo que pode fazer foi comprar a exclusividade dela para mim. É eu sei, foi cruel né? Mas não dava para simplesmente entrar lá e tirar ela sem ter muitos problemas, o fato é que o tempo passou e eu me apaixonei por ela, e ela por mim... e depois de três anos nos vendo todos os fins-de-semana nós… hum.. nós…

— Fizeram amor.

— Sim! Isso! Exatamente e estávamos felizes, logo eu faria meus quinze anos e eu já era cavaleiro de áries. Estávamos cheios de planos mas, Chronos tentou uma fuga do tártaro e eu fui convocado. Quando eu voltei ela estava diferente, abatida como se estivesse doente, eu quase coloquei tudo abaixo naquele lugar quando ela disse que ia embora para o meu bem, e que não era para mim ir atrás dela. Mas eu era impetuoso e voltei lá no dia seguinte, com a ideia de arranca-la daquele lugar mesmo que eu tivesse que pulverizar todos. Eu entrei em desespero quando eu cheguei e ela não estava mais lá, então em meu desespero pedi ajuda ao meu pai, mas o Santuário estava um caos e mesmo assim ele me prometeu que iria achá-la. Durante onze meses eu procurei por ela, durante onze meses eu chorei por ela, e aí você chegou, veio para mim enviado pelo meu pai, e há algum tempo atrás eu descobri que meu pai achou ela como ele havia me prometido. Eu descobri que ela faleceu devido ao esforço do parto e que ela me deixou meu maior tesouro, o fruto do nosso amor... ela me deixou você Kiki, e meu pai o encontrou e deu um jeito de mandar você pra mim, mas ele não teve tempo de me contar tudo isso.

Mu parou de falar, a voz já não saía com tanta coerência e firmeza devido a emoção. Então pegou as páginas que um dia pertenceu ao diário de Shion e as cartas que ele achou dentro de um livro falso no escritório, algumas eram da Kiume para ele e outras para Kiki e as entregou ao menino, que de cabeça baixa deixava as lágrimas caírem no chão. E com as mãos trêmulas pegou os papéis da mão de Mu que esperava em silêncio a reação do filho.

— Então eu sou mesmo seu filho?

— É sim.

— E você amou minha mãe?

— Amei sim, muito.

Kiki se levantou, a cabeça ficou cheia e a mente processava tudo com todas as possibilidades e pensamentos que já teve, inclusive a teoria de que ele era um filho bastardo e indesejável do poderoso grande mestre do Santuário, o que lhe causou uma grande revolta na época.

Meu Amor  sempre foi seu.Onde histórias criam vida. Descubra agora