56: A Benção da Deusa

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Mais uma vez ele estava em meio aquele caos, causado por malas e objetos que haviam sido recolhidos do acidente com um ônibus. Muitos corpos ainda estavam no necrotério porque seus familiares ainda não tinham sido avisados. Ele bufou irritado, separando em uma pequena cesta plástica algumas identidades, tinha pedido a seu tenente para colocá-lo como voluntário na equipe responsável, no propósito de conseguir buscar informações que levasse a algo dela.

— "Atena" quem hoje em dia acreditar nisso! ㅡ se perguntou ele mentalmente.

Concentrado, ele começou a separar as malas por tamanhos organizando espaço, coisa que ninguém parecia querer fazer. Já estava ali há duas horas, quando pegou em uma pequena mala cor de rosa e instantaneamente sua mente se recordou dela. Foi exatamente ela que ele em um ato de curiosidade tirou debaixo das pedras nos destroços do ônibus. 

O coração repentinamente acelerou por alguns minutos, ponderou aquilo, mas seu objetivo em estar ali falou mais alto. Caminhou com a mala até uma das mesas de alumínio que havia ali, respirou fundo e pôs a mala sobre a mesa. Ele abriu-a e dentro encontrou quatro mudas de roupas para bebê ainda dentro dos sacos, um vestido com uma troca íntima, o cartão de gestante, o que fez ele abri-lo. 

— Achei você Miho… Miho então é assim que você se chama, mas será que é mesmo você? ㅡ pensou ele por alguns segundos e voltou a mexer na mala. 

Achou uma pequena agenda, nessa tinha pequenas anotações que a ele pareciam ser relacionadas ao trabalho dela, uma lista com o que parecia ser coisas e objetos de uma mala maior. Ele correu os olhos por toda aquele espaço, e sorriu quando achou a única mala rosa com cadeado

Caminhou apressado pelo espaço, e tirou-a debaixo das outras e voltou à mesa onde a repousou. Pegou a pequena chave que havia achado, e o sorriso se alargou ainda mais quando o cadeado se abriu. 

Na mala tinha roupas. Entre essas alguns objetos de uso pessoal, perfumes, uma pequena carteira e algumas fotos. O coração pareceu pular pela boca quando viu a jovem que estava a mexer com sua vida desde o resgate. Há semanas atrás ela sorria em meio a muitas crianças a outra ela estava de biquíni em uma praia, mas não era no Japão, estava nos braços de um homem de pele morena de cabelos e olhos azuis que também sorria.

Virou a foto atrás da primeira e tinha escrito: "festa surpresa das crianças 05 de Abril de 1990" e, na outra "Ikki e Miho Amamiya 01 de Abril de 1990 Grécia".

O coração pesou com aquilo, será que ela era mesmo casada? Colocou as fotos de volta na mala, abrindo a carteira. Nessa ele achou as identidades, cartões do banco, uma pequena folha dobrada com alguns nomes como:  faculdade, trabalho, professores, mansão Kido, Ikki, Shun, Shunrei e outros. Ele copiou alguns dos números como o do tal Ikki, Mansão, Shun e Shunrei e colocou a carteira de identificação dela juntos com as outras, e as malas as separando juntas em um canto, as identificando no pequeno papel onde ele anotou os números para si e foi ao bolso.

Seu horário ali estava próximo do fim e decidiu que quando saísse dali iria ligar, buscar informações e avisar. Se de fato ela fosse casada, o marido e a família estavam surtando aquela altura dos acontecimentos sem notícias dela, ainda mais considerando o fato dela estar gravida. As duas horas ele saiu do quartel dos bombeiros, e foi ao hospital. Levou as identidades das vítimas que tinha achado e aproveitou para visitar a jovem que estava a tirar seu sono, e mais uma vez se frustrou quando os olhos dela encararam os seus, e ela o chamou de Ikki e sorriu.

Pensou em ir embora, mas a recordação do médico pedindo para que ele a estimulasse, fazia-o ficar já que a presença dele era a única coisa que tirava alguma reação dela.

— Oi Miho, vim ver como você e o bebê estão! ㅡdisse ele se sentando na cadeira frente a ela. Ela o encarou, como se tentasse processar o que ele tinha acabado de falar.

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