49: Despedida de solteiros.

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Na outra ponta da mesma rua, um pouco distante em um bar muito parecido com o que as meninas estavam, os rapazes estavam. Só que diferente. Não havia banda, só os instrumentos no palco para quem se animasse, e Seiya após pegar uma dose de vodka com gelo e rodelas de laranja subiu no palco, e pegou o violão. Os dedos dedilhavam nas cordas para corrigir a afinação, engoliu de um gole só sua bebida e começou seus acordes dando voz a melodia, não era triste nem agitada, mas ele gostava daquela música.

-Ride cowboy ride.
(Cavolgue cawboy cavolgue.)

-Through the bockdoar of heaven.
(Através dos passos do fundo do paraíso.)

-To the other side.
(Para o outro lado.)

-I wanna know the the ranger of the kiss.
(Eu quero saber o perigo de um beijo.)

Seiya cantava e tocava tão distraído, que nem percebeu quando Ikki se juntou a ele com a guitarra. Sabia que o amigo tinha voltado, mas até então não o tinha visto ainda e seu sorriso se alargou ainda mais quando Shiryu pegou o contrabaixo, e viu Shun se juntar a eles no teclado e Hyoga na bateria. Ver seus amigos o acompanhando era muito legal, não sabia como cada um tinha aprendido a tocar, mas ele se lembrava da primeira vez que tocaram juntos.

Havia sido no aniversário  de dezesseis anos do Shun, foi também sua primeira experiência com mulheres de forma íntima e a última vez foi no aniversário de vinte anos de Ikki, e nessa mesma ocasião deu seu primeiro amasso mais quente com Saori e quase a penetrou no sofá do planetário. As lembranças o faziam rir ainda mais, olhou para os amigos e parecia que o tempo não havia passado.

Ikki com o cigarro preso nos lábios flertando em silêncio com as moças do bar, Shiryu fingindo indiferença com a moça que dançava insinuante com sorrisos e olhares voltados à ele. Shun e Hyoga como sempre rindo largado da cara fingida do Dragão sonso, e poderia dizer que o tempo não passou, mas ali estavam eles comemorando a despedida de solteiro do Hyoga, sim o tempo passou e como passou, não eram mais aqueles adolescentes inexperientes que entraram à força em um mundo brutal e mesmo entre guerrasㅡ lutas ㅡ sangue, e dor estavam ali vivos contrariando a morte tantas vezes.

Hyoga se casando com um filho a caminho, Shiryu declarou seu amor para Shunrei e a cada dia se encaminhando para um noivado. Shun mesmo com seu jeito sempre calmo estava se ajeitando com June, e mesmo ele com todas as restrições no namoro com a Saori estava evoluindo. O Ikki bem, o Ikki era o Ikki então o que quer que ele estivesse vivendo com a Miho acabaria bem.

E meio aos seus pensamentos iniciou o acorde de outra música, se viu rindo ainda mais quando uma loira subiu no palco e beijou Shiryu que quase caiu com o impacto do corpo da mulher com o dele, que estava distraído como os acordes no baixo. No comando da bateria Hyoga ria de chorar, mas sem errar na execução da melodia. Imaginou Shunrei vendo aquela garota se pendurando no pescoço do Shi dela, sentiu pena do amigo. 

Viu Kiki cochichar no ouvido de Mu que caiu na gargalhada, viu Aldebaran agitar os braços no alto, e gargalhou ainda mais quando viu Shaka se esconder sutilmente atrás de Mu do olhar de flerte de uma morena. Seu olhar avistou Aiolia e Milo que em outra vida, eram seus inimigos em um combate de vida ou morte, e foi inevitável não se recordar daqueles que por cousa de manipulação, obrigação, mentira e honra não estava mais ali: Cristal, Shura, Saga, seu mestre Camus...

Um nó se formou em sua garganta, e uma lágrima solitária teimou em se mostrar. Se recordou das últimas palavras de Camus...

"Não tenha medo da vida, viva e encare seus medos, ame pois isso te tornará mais forte, e ter por quem lutar estará sempre disposto a alcançar seus objetivos, e ao extremo e a conquistar as suas vitórias" 

Meu Amor  sempre foi seu.Onde histórias criam vida. Descubra agora