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  Paro, depois de três horas.

  Ver Taehyung me observando enquanto organizo minha vida me deixa um pouco desconfortável. Mas também me dá segurança.

  É difícil de explicar. Mas quem disse que eu preciso explicar?

  Uma vez que estou no terraço do meu prédio apenas observando as estrelas me dá o simples, porém grande prazer, de permanecer em silêncio.

  Um silêncio confortável. Onde há apenas eu, e seja lá quem quiser ficar comigo.

  - Achei você.

  Não preciso desviar meu olhar para saber quem vem. Minha filha não sabe falar, e a única pessoa que estava na casa antes de eu sair têm a mesma voz da pessoa que me chama.

  - Eu precisava. - de um tempo. De um momento onde eu não preciso dizer para mim mesma que estou totalmente bagunçada.

  Taehyung se senta perto de mim, encostando nossos joelhos.

  Me viro para encará-lo. Até no escuro ele brilha, radiando tranquilidade para mim. Me pergunto se não tem preocupações, ou como faz para disfarçar tão bem. Mas acabo desconcertada.

  Como pode ser ainda mais bonito à luz das estrelas?

  Pergunta que nunca vou saber responder.

  Quase me assusto quando se vira para mim, mas não ouso me mexer.

  Taehyung me encara profundo, e eu retribuo o gesto. Mesmo no escuro, iluminado apenas pelas luzes do céu, consigo ver um sorriso ladino crescer em seus lábios.

  Quando sua mão pousa de leve sobre minha coxa, me sinto confortável o suficiente para falar:

  - Eu sei que você não está bem, Tae. - seguro sua mão, tentando passar uma sensação de segurança.

  Taehyung quase desmacha seu sorriso, mas não o faz. Apenas deixa de me encarar e, começa a encarar o céu.

  - Yeonji, foi difícil para você também. - ele tenta, e eu quase me irrito. Taehyung tem essa mania idiota de não querer falar dos seus problemas, mas eu sempre tenho que dizer o que me incomoda. Mas não vou deixar, agora é minha vez.

  - Foi difícil para nós dois, Taehyung! Não foi só para mim! - me seguro para não levantar a voz. - Eu não tenho idéia do que aconteceu com você no momento em que ficamos separados, mesmo que foram poucos dias. Por favor, me deixe te ajudar.

  Depois de implorar, quase ajoelhar para ele, ele se cala. Não diz absolutamente nada. Está quase em estado de paz. Chega até a fechar os olhos.

  Suspiro derrotada. Viro novamente para as estrelas, procurando uma razão para não ficar tão preocupada. Mas não acho.

  Mesmo assim não solto sua mão, que ainda está ali na minha coxa, querendo dizer alguma coisa. O quê, não sei.

  Ele a aperta, e arrepios sobem pela minha espinha.

  - Yeonji... - ele sussurra, de novo. Quase sorrio, mas me contenho.

  Ele se vira para mim, mas por completo, colocando sua cabeça em meu ombro. Posso sentir seu nariz em meu pescoço.

  - Você me faz esquecer dos meus problemas, Yeonji... - seu sussurro é quase um ronrono.

  Me sinto desestabilizada. Como se nada e tudo fizesse sentido.

  Tudo o que eu queria era esquecer dos meus problemas quando estou com Taehyung. Tudo porque não me permito esquecer deles.

  Mas não agora. Não hoje. Meus problemas vão ter que esperar.

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