WHO WOULD SAY

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  Taehyung pov.

  Odeio minha vida.

  Mas não trocaria ela por nada. Nem pela paz mundial.

  Até porque eu não conheceria Yeonji se eu tivesse paz.

  - Você acabou com a minha vida, Evaristo Hernández! - a televisão do quarto de Sohyeon sempre fica no último volume, mas só quando começo a trabalhar.

  Eu não tenho idéia de onde ela comprou 30 fitas cassetes clandestinas de novelas mexicanas. Achei uma BL da última vez que xereitei seu quarto. Eu nem sabia que existia. Mas gosto é de cada um.

  Uma pilha de papéis se estende de um lado da mesa. A observo em silêncio, como se fossem um predador prestes a me atacar.

  Desejo enquanto leio o formulário em minha mão, que seja apenas uma ilusão, e que estou prestes a sair de casa para finalmente me encontrar com Yeonji. Seu perfume doce, seu cabelo castanho jogado de um lado dos ombros, um vestido branco... você está apressando demais as coisas, Taehyung!

  Droga.

  Tenho que me policiar o tempo inteiro quanto à Yeonji. Estamos indo devagar, que é o certo a se fazer. Principalmente da situação delicada em que ela se encontra, e que vai superando aos poucos. Mas, sempre que a vejo, meu subconsciente insiste em imaginar todas as coisas que planejo fazer com ela. Algo que tenho que controlar.

  Ela não é demonstrar, mas eu sei que tem medo. Tem medo de se machucar de novo.

  Me chateio um pouco quando lembro que desconfia de mim, não importa o que eu faça. Eu também deveria ter motivos para não confiar nela, de acordo com meu péssimo histórico de relacionamentos antigos. Não apenas amorosos, mas familiares também. Mas ela tem mais motivos do que eu.

  Sinto um calafrio quando lembro das coisas que fiz.

  - Merda... - preciso esfregar os olhos, para segurar o ímpeto de bufar e adiar novamente meus compromissos. Se fosse qualquer pessoa, com certeza não ficaria chateada com o que fiz, mas quando a pessoa é Yeonji... devo me preocupar, sim. Seu orgulho seria gravemente ferido se soubesse que eu arranjei o emprego para ela.

  Mas ela não saberá. Não se eu puder impedir.

  Pensando melhor, eu deveria ter empregado ela na minha empresa. Assim eu não correria riscos. Ou seria pior para nós. Ela não me veria como um alguém que quer algo com ela, e sim, como seu chefe. Pensar nisso só piora minha situação.

  Uma vibração do meu celular me impede de enlouquecer.

  2 mensagens não lidas de Jimin ladrão de bolinhos

Tae, tá em casa??

Teu pai tá indo aí. Me desculpa de verdade, mano. Não sabia como recusar.

  Pela primeira vez em anos, sinto a vontade de socar a cara de Jimin. Meu rosto se esquenta, de raiva, de vergonha, de medo... tudo o que eu jurei que não ia mais sentir.

  Aperto o ícone de ligação com pressa até demais. Jimin atende, mas não diz nada. Nem precisa.

  - Diz que isso é uma brincadeira de um puta mau gosto! - bufo irritado, enquanto puxo meus cabelos para aliviar a tensão.

  - Quem me dera, Tae. - Jimin sibila triste.

  Respiro fundo, tentando retirar essa raiva de dentro de mim.