-123-

178 20 129
                                    


     Taehyung pov.

   Setembro de 2012.

  - Ele não vai voltar, Jimin. - é a quinta vez que comento isso dentro dessa hora, jogando incessantemente a bolinha leve de golfe na parede e a pegando, sem esforço nenhum. Digo isso toda vez que penso em meu pai, nesses cinco meses desde que sumiu e não voltou. Sabendo tudo o que resultaria na minha vida. E como eu sentiria sua falta.

  Jimin tem sempre a mesma reação. Posso até contar nos dedos. Primeiro revira os dois, depois bufa, e depois para, e me observa com a face preocupada.

  - Você deveria estar feliz, Taehyung. Aquele homem nunca te tratou bem. - Jimin retira seus livros da bolsa, os jogando sobre minha cama, enquanto decide com qual deles vai escolher para ler, enquanto me sinto humilhado por sua capacidade de entender matemática.

  - Ele nem sempre foi assim, Ji. - suspiro, acertando a bola na parede. - Já foi um pai... como costumam dizer.

  - Que te largou aqui sozinho, deixando tudo para você administrar! - meu melhor amigo quase se revolta com minha situação, tentando me convencer de que isso tudo é péssimo. E eu já sei disso. Sei também que vai me perseguir se eu fugir. - Você é um adolescente, Taehyung! Nem na escola você pode ir!

  - Tem um curso preparatório que eu vou começar. Essa semana. - suspiro, lembrando o que meu tutor disse. É tudo o que podem me oferecer. Compromisso e mais compromisso. Estudo e mais estudo. Ódio e mais ódio. - É para gerência e outras coisas de "líder".

  A risada de Jimin é a reação que eu deveria ter, mas não posso. Estou dopado de remédios para controlar as crises de raiva.

  - É claro! Vamos deixar o Taehyung fazer um cursinho de como gerenciar uma das maiores empresas do país! - ele imita minha mãe de um jeito tão bom que me faz rir. - Isso é ridículo!

  - Eu não posso fugir disso, Jimin.

  - Eu sei. Eu sei que não pode. - ele diminui seu tom com a tristeza. É estranho como Jimin me incentiva a realizar meus compromissos, e fica tão revoltado quanto eu por causa disso tudo. - Só queria que você tivesse uma juventude normal, Tae. Pudesse sair comigo e com Yoongi, sem compromissos por um dia só. Mas nem em casa você tem liberdade. Esse "estudo à domicílio" está te matando!

  - A tão sonhada liberdade. - sorrio com a palavra bonita enquanto ergo minha cabeça para encarar o teto. Os calmantes começam a fazer efeito porque realmente vejo carneirinhos pulando uma cerca, na noite escura e azul, do infinito do meu telhado. Essa é a pior parte da terapia. Mas estou melhor que antes. Graças à uma pessoa. - Eu ainda tenho Jennie.

  - É claro, só Jennie importa para você. - sorrio com seu tom de ironia. Tenho o mínimo de força para virar minha cabeça para ele.

  - Você também é importante, Jimin. - é até burrice o lembrar disso, mas sei que não sente inveja dela. Jimin me conhece mais do que qualquer pessoa, porque é o único que não escondo nada. E Jennie... é outra história. - Mas não adianta te explicar. Só vai entender quando namorar.

  - Eu não tenho tempo para namoro, Taehyung. - dá de ombros ao folear um de seus livros de matemática financeira, me fazendo achar incrível sua facilidade de concentração nessas coisas. E imaginar que vou ter que ler mais do que isso se não quiser falir a empresa com meu nome. - Não é minha praia.

  - Isso é só até você encontrar alguém, Jimin. - sorrio, voltando ao meu ciclo infinito de jogar a bolinha na parede e pegá-la de volta, enjoado apenas de ler o título do livro. - Aquele papo de "a pessoa certa para você".

WHO WOULD SAY Onde histórias criam vida. Descubra agora