WHO WOULD SAY

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  Minhas mãos ainda tremem enquanto encosto o carro para pegar Rosie na agência. Parece que estou fora de mim. Vejo e revejo minha vida toda diante dos meus olhos para chegar até aqui... gerente... DE UM BANCO!!! PORRA!!!

  É a primeira vez que minha cara não é de choque puro quando um momento de felicidade pura me faz dançar no carro. Sorrio igual uma louca mexendo meus braços da maneira mais idiota possível, até que meu cotovelo aperta a buzina, sem querer. Paraliso no mesmo instante com os olhos arregalados. As pessoas que passam na calçada olham apenas de relance, mas ninguém consegue me enxergar agindo estranho, por conta do vidro escuro.

  Seguro a respiração por um bom tempo, até que volto a respirar, soprando todo o ar dos meus pulmões, só para voltar com força com o susto de alguém entrando no carro sem delicadeza nenhuma. Eu não preciso me virar para saber quem é, e mesmo assim, não consigo me mexer.

  - Eu já disse o quanto esse carro me dá ânsia? Puta que pariu! É muito fechado! - Roseanne (que continua loira) reclama, enquanto põe o cinto. Não precisei avisar ela dessa vez. - E, antes que você vem e diz "É mais confortável", eu sei! E não discordo! Mas adoro te deixar de mal humor... Yeonji?

  Eu ainda nem me viro para Roseanne, por ainda me recuperar do susto. E é difícil voltar à agir naturalmente com meu rosto dizendo de forma clara que estou desesperada. Mas preciso voltar ao normal. E tento enquanto me viro devagar, com um sorriso que tento, eu juro, parecer o mais normal possível. E pela cara de Rosie, não saiu como imaginei.

  - Pisca duas vezes se estiver tendo um derrame. - ela pede atenta, em uma preocupação que surge, mas logo vai embora, já que não pisco nenhuma vez. Preciso respirar fundo, como aprendi na aula de yoga que fiz com Yoongi, para conseguir tirar minha expressão de medo e voltar ao normal. - Mulher! Quase me matou! Me fez até segurar o peido!

  - Aí quem iria morrer sou eu! - ergo uma sobrancelha, vendo seu sorriso surgir. - E se eu estivesse tendo um derrame, como eu ia conseguir piscar duas vezes?

  - Não sei, aprendi isso no cursinho da Brigada. - ela dá de ombros, me fazendo questionar mais ainda.

  - Como alguém vai ter um derrame no meio de uma floresta? - só de franzir as sobrancelhas, minha cabeça começa a doer.

  - Eram tempos difíceis, Yeon. - Rosie abaixa sua cabeça, como se estivesse de luto. Nego com a cabeça, arrancando o carro em direção à rua.

  - Bem explicativo, Rosie. E então, como foi seu dia no seu novo trabalho? - resolvo puxar assunto, para não ficar tão ansiosa com a notícia que tenho. Já que Rosie vai ser a primeira a saber, não preciso dizer de uma vez. E a face da loira me retira do pensamento anterior.

  - Eu sei lá, Yeon.

  - Eu sei lá? Desde quando você não sabe das coisas, Roseanne Park? - estranho seu comportamento, principalmente por conta do semblante triste que demonstra.

  - Só porque eu sou uma gênia, não quer dizer que eu saiba de tudo! - e ela ainda continua com seu senso de humor, apesar do rosto dizer o contrário.

  - Mas você nunca diz "eu sei lá" para uma pergunta tão simples. - ela se vira para as janelas, sorrindo sem graça com meu comentário. Percebo que seu desânimo é real, o que me faz acalmar o tom. - Anda, me diz o que aconteceu.

  - Pf... Yeon, você já sentiu que não te querem em um lugar, mas aí você descobre que pode ser coisa da sua cabeça? - se existe algo que eu amo com as conversas com Rosie é a facilidade que tem de desabafar. Eu não preciso nem mudar o tom de voz.