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  Por que eu saí de casa?

  É sério, eu poderia estar dormindo em paz, descansando nesse sábado ensolarado, mas estou andando na direção da lanchonete com o melhor sanduíche que já provei na vida, à espera de Jeon.

  Pisco para ver se é mentira. Não é.

  Caralho.

  Mesmo assim não me preocupo tanto. Sei o que vim fazer. Não vou aceitar a pensão. Não depois da reação de Jihyo e de Taehyung. E Rosé, que provavelmente também não teria uma reação maravilhosa. Fico triste por um lado, que eu poderia ter mais condição de cuidar de Heyoon. Mas é um dinheiro que iria fazer pouca falta.

  Não, eu não trouxe Heyoon. Acho que seria desnecessário trazer ela, e provavelmente, daria mais "asa" a JungKook para tentar se aproximar do meu bebê. Heyoon é o meu maior tesouro, não deixaria alguém tocá-la se não soubesse suas verdadeiras intenções.

  Eu não me ponho no lugar de JungKook para tentar confiar nele. Se ele quer alguma merda de mim, vai ter que merecer. O que eu acho quase impossível.

  Me sento na mesa quando chego na lanchonete. O cheiro da comida quase me tira a atenção e me faz esquecer qual o propósito de ter vindo aqui. Um assobio me tira dos meus pensamentos. Ao olhar em direção ao barulho, me deparo com JungKook sentado no balcão da loja. Esse compromisso, pelo menos, ele levou a sério, mas mesmo assim fico boba por ter chegado aqui antes de mim.

  Dizem para não julgar um livro pela capa, não é o meu caso. Analiso a imagem de Jeon por  completo. Desde o cabelo arrumado, até o coturno escuro. Escolheu um visual mais leve mesmo com os tons escuros, diferente da última vez que o vi, que parecia que estava indo para a guerra ou algo assim. Substituiu a jaqueta de couro por um moletom acinzentado, mas posso jurar que a calça é a mesma. Pelo cheiro de frescor, acredito que tomou banho para vir. Não está com o cheiro de perfume forte como Jihyo disse ele gostava. Acho que JungKook quer mesmo causar uma boa impressão.

  - Você sempre assobia para pessoas ao invés de chamá-las pelo nome? - pergunto cínica ao me posicionar no banco ao seu lado.

  - Pensei que você tinha me visto quando entrou. - dá de ombros. - Bom dia, Yeonji.

  - Seria bom se não tivesse de ver sua cara, Jeon. - sorrio falso, o que o faz suspirar. - Eu espero que tenha realmente um argumento convincente para poder me fazer mudar de idéia, porque eu sinceramente não acho que isso é uma possibilidade.

  Vou direto no assunto, o que assusta um pouco JungKook. Aposto que pensou que iria me enrolar, mas eu vim preparada. Sei que um dos pontos mais fortes de JungKook é a sua lábia, e estou armada contra ela.

  - Ah... eu, Yeonji... - erra um pouco as palavras, que me faz erguer uma sobrancelha. - Eu, até uns meses atrás, não sabia quão grande era a responsabilidade de ter um filho, e o quanto isso representa para alguém. E sei que foi depois de bastante tempo... - ele não consegue se manter sob meu olhar por muito tempo então  encara a própria mão escorada na bancada. - E de muito arrependimento, mas agora eu vejo o quão sujo eu fui com você e com a criança que, querendo ou não, saiu de mim. Eu só quero mostrar como mudei, e que posso ser melhor daqui por diante.

  Muito convincente. Tão convincente que me faz suspirar. Isso foi irônico.

  JungKook age como se eu fosse permitir a merda toda apenas por essa sua ladainha, mas como eu disse, eu vim armada. Meu teste acabou de começar.

  - E por que de repente?

  - An? - o maior se surpreende com a pergunta. A primeira de várias.

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