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Passei a aula inteira tentando não olhar pra Jeon. Já Rosé não tirava os olhos do mesmo. Às vezes ele a encarava de volta, e sempre que fazia isso ela erguia seu dedo do meio, ele sorria, o que deixava ela mais brava.

Tentei não pensar no que me esperava quando chegasse em casa, mas não adiantou. Só de pensar da forma em que minha mãe reagiria me dava um frio na espinha.

Cheguei em casa. Como sempre, ela estava vazia. Minha mãe já deveria ter chegado, mas ela nunca está. E eu nunca sei onde ela está, muito menos quando ela vai voltar. Sempre que tentava perguntar, ela me respondia com palavras duras, até que desisti.

Que saudade do meu pai!

Encarei meu reflexo no espelho. Nunca me senti tão lixo quanto agora.

As palavras duras de Jungkook ecoavam na minha cabeça. E lá vinham mais palavras duras. Minha mãe iria me humilhar da pior forma possível.

Mas eu já estava me preparando.

Peguei uma mochila da parte de cima do meu guarda-roupa, pus minhas coisas mais importantes nela como minha carteira, meus documentos, minhas roupas íntimas, meu desodorante e um pacote de biscoito, pra sobreviver pelo menos um dia na rua.

Tive uma sensação de esquecimento, como se estivesse faltando algo essencial.

Lembrei. Klovys, o coala, meu coala de pelúcia. O último presente do meu pai antes de morrer. Aff, já falei isso.

Terminada a bagagem, escondi ela no lado de fora.

Peguei o teste no bolso da minha saia e olhei-o. Só podia ser uma ilusão. Fechei meus olhos e apertei o objeto em minha mão. Repeti "isso é uma ilusão" três vezes, na esperança de que aquilo não estava acontecendo.

Abri meus olhos.

Não era uma ilusão.

Suspirei. Fui ao banheiro, tomei um banho e pus uma calça moletom, uma camiseta manga longa e um camiseta moletom mais larga por cima.

Estava 8ºc lá fora. Eram 20:00 quando me sentei na sala esperando ela chegar.

Eram 23:54 quando ela chegou. Rindo igual a uma hiena. Estava bêbada, como sempre.

Ela abriu a porta. Alguém que estava com ela iria entrar, quando ela me viu:

-AFF. Você.- disse ela revirando os olhos - Não me deixa ter paz nenhum dia!- mentiu ela, parece até que se esqueceu das tantas vezes em que tive que ir até a casa de Rosé para poder não ficar ouvindo ela e seus "convidados" a noite inteira e deixá-la em paz.
- Desculpe querido, hoje não dá. "Minha filhinha querida" está aqui.

- Ah que pena! Nos vemos na próxima então.- falou o homem de trás da porta.

Pude ouvir o estalar dos beijos dela e de seu "convidado" de detrás da porta.

- Bye, bye gatinho!- disse ela às gargalhadas. Ela fechou a porta, e seu sorriso se desmanchou quando olhou pra mim.- Argh! Já passou da sua hora de dormir!

- Preciso conversar com você... - falei séria, observando ela cambaleando até o balcão da cozinha.

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