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  Nunca privar minha filha de ser quem ela quiser ser.

  Entro em uma discussão filosófica com minha mente enquanto sou levada até algum lugar. Por Taehyung.

  E, pelo visto, o clima está tenso. Tão tenso que apelo por conversar comigo mesma sobre a criação de Heyoon, e como eu vou ajudar ela a resolver seus problemas quando eu não tenho idéia do que fazer com os meus. Não sou muito de pensar no futuro, sempre que começo, sinto que vou enlouquecer. Como agora.

  Quase não tive coragem de olhar no rosto de Tae, nem quando me abraçou quando me buscou do trabalho. Foi tão seco. Não sei se costumava ser assim, mas se era, preciso me reacostumar. Talvez seja porque estou nervosa. E essa nem a parte mais estranha.

  A bizarrice começa agora, quando decido virar minha cabeça baixa para meu namorado que olha concentrado para a estrada. Não sei descrever seu rosto, mas está estranho. Taehyung nunca teve olheiras tão destacadas assim, poderia até pensar que está usando maquiagem, mas não. Reconheço olheiras quando vejo. Mas o brilho em seus olhos... É  estranho pensar que possa estar tão feliz, mesmo parecendo tão cansado.

  Pensamento esse que me faz lembrar da última vez que o vi. Deve estar feliz, com certeza, saiu com seu pai... e com Jennie.

  Não, Yeonji.

  Suspiro alto quando me forço a retirar esses pensamentos. Não quero discutir isso com Tae. Quero esquecer, na verdade. Volto a pensar em Tae e suas olheiras, mas não funciona. O cérebro humano não obedece negativas. Quanto mais me mando parar de pensar, mais eu penso. E mais enlouqueço em cima disso.

  Arregalo os olhos até demais quando necessito de alguma distração, mesmo que seja de mim mesma:

  - Tem trabalhado muito, Tae? - me viro com os olhos arregalados para meu namorado quando não entende que o perguntei. Demora um pouco para raciocinar ao responder com um sorriso:

  - Você não tem idéia. - eu previ essa resposta. - Estamos entrando em época difícil, então, qualquer trabalho à menos é prejuízo.

  - Imagino o quanto deve estar cansado. - respondo, ainda sem saber o que dizer. O mesmo concorda. Mas o sorriso que se abre em seu rosto é tão puro que me pergunto se está fingindo toda essa postura.

  - Mas... - Tae pontua quando ergue o dedo indicador, sorrindo igual a uma criança. - Eu recebi uma proposta ótima.

   Me alegro um pouco com sua animação. Talvez seja o mínimo que eu possa fazer depois de toda a merda que aconteceu esses dias. E me traga alegria... provavelmente.

  Viro em sua direção para o ouvir melhor, o que o dá a certa impressão de que pode continuar.

  - Meu pai vai me levar pra jogar golfe, Yeon! - a animação em que fala isso é tanta que parece que ficou mais novo. Me lembro do que Jeon disse na hora.

  É claro que está feliz, é seu esporte favorito. O que me faz ficar feliz também.

  - E sabe o que é melhor? É uma reunião de negócios! - Tae desvia seu olhar da estrada para completar: - Então posso levar você!

  ... A intenção foi boa. Já a frase me atingiu um pouco. Algo nela não soou bem para mim. E a idéia? Puta que pariu! Não.

  - Tae, eu não acho isso uma boa idéia...

  - É claro que é. A gente vai poder ficar junto. - o jeito que fala é tão fofo que me faz sorrir, mas não quero passar mais um segundo sequer em qualquer reunião de negócios. Deixo isso bem explícito no meu rosto quando me viro para a estrada. - E você pode levar a Hey... Meu pai não chegou a conhecer ela.

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