-130- uma nova fase.

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   Yeonji pov.

5 anos depois.

4 de março de 2022.

  - Acha que passou rápido? - doutora Jung pergunta enquanto olho para o teto. Não era para ser engraçado, mas pensar no tanto de coisa que tive que passar para chegar aqui me faz rir da pergunta.

  - Com certeza, não. - o riso passa com um suspiro longo, mesmo a graça permanecendo pelo tempo  que me faz sentir confortável para abraçar o urso de pelúcia anti-stress ao meu lado. - Demorou para um caralho. A maior parte foi uma tortura. Mas agora... não. O peso vai saindo aos poucos.

  - Como um balão esvaziando. - Jung Sunhee gesticula com suas mãos, na suavidade que sempre transmite em todas as consultas. Eu gosto desse seu jeito sutil, em que joga a verdade dolorida na minha cara na maioria das vezes, mesmo que eu não seja tão acostumada com delicadeza. Mas é isso que um psicólogo faz.

  - Saindo como um peido intalado. Longo e fedorento. - sorrio por um momento, ao lembrar do exemplo ridículo de JungKook, até me tocar. Arregalo os olhos ao erguer minha cabeça, encarando com vergonha o sorriso constrangido da doutora. Mesmo que a minha comparação caiba melhor com a situação. - M-me desculpa. JungKook fala essas merdas e isso fica na minha cabeça...

  - Não se preocupe, Yeonji. É o meu trabalho. - Sunhee conserta seus óculos, abanando suas mãos sinalizando para deixar para lá. Deixo, com muita vergonha, mas volto à minha posição de encarar o teto. Ela já viu coisa pior vindo de mim. - E desse peso todo que sai aos poucos, tem algo que te impede de o liberar por completo?

  Franzo minhas sobrancelhas ao repassar sua pergunta em minha mente por várias vezes. Não é como se eu tivesse me tornado uma pluma, porque sou adulta, tenho responsabilidades e coisas a fazer. Mas nada disso me pesa tanto à ponto de me incomodar. É claro que, mesmo assim, fico remoendo certas coisas.

  - Não posso afirmar com todas as palavras que sim. Tem muitas coisas que me incomodam ainda, mas são apenas uma coceira comparando à ferida que isso era antes. - uso a referência que me ajudou a entender tudo o que estava acontecendo. Não é tão estranho pensar que isso tudo passou. Sem a rapidez que eu queria, mas já passou. Eu finalmente respiro sem nenhum medo de ser um peso para alguém.

  - A queda dos Kim tem algo a ver com isso? - é estranho como minha psicóloga sabe exatemente o porque dos meus pensamentos. Mas preciso admitir antes de raciocinar:

  - Isso é um bom termo, preciso confessar. - lembra algo como a "queda da bolsa", o que me faz rir. Não é tão grave como essa crise, mas é quase tão pesada quanto.

  - Foi você que inventou ele. - a informação me faz erguer meu rosto, confusa. Minha memória falha, mas sua face está segura de que é verdade.

  - Nem me lembro. Enfim... com certeza tem a ver com essa merda toda. - eu não posso, nem consigo negar. E mesmo que eu não tenha mais nenhum vínculo com nenhum deles, isso tudo ainda me afeta.

  - Você se sente culpada por isso? - a pergunta arranca um suspiro enorme do meu pulmão, me colocando em uma linha de pensamentos desagradáveis, porém, necessários.

  - Não, exatamente. Todas as pessoas do ramo sabiam que aquele esquema todo já estava lascado antes de eu chegar. - respiro fundo, lembrando de tantas pessoas que me disseram que os Kim não iriam para frente, que eu me livrei de entrar nessa merda. Eu não discordo, sinceramente, mas também me impressiono toda vez que lembro dessa situação toda. - Só não sabia que ia terminar do jeito que acabou.

  Ainda é difícil de acreditar em certas coisas. Preciso repassar os acontecimentos na minha mente para entender o impacto deles. Investigação contra JongMin. Desvio de dinheiro dos salários dos funcionários e as merdas todas. Ainda não consigo imaginar que Taehyung também pode estar envolvido com isso tudo, mas não. As greves só começaram depois que JongMin retornou ao poder.

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