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  - O que é isso? - pergunto à Jihyo, me referindo ao que está na tela de seu celular.

  - Minecraft. Mas não sei como mexe nessa merda. - ela responde, enquanto eu franzo meu cenho.

  - Você está jogando? - recolho meus pertences, colocando na bolsa.

  - Sim, meu namorado disse que é um bom passatempo. - ela responde, com um sorriso fraco.

  - Ainda estou esperando o dia em que vou conhecê-lo. - sorrio para a mesma, que não demonstra a mesma felicidade.

  Jihyo desliga o telefone e se levanta, para me acompanhar.

  - Talvez demore um pouquinho, mas você vai conhecê-lo. - ela sorri fraquinho. - E então, como tem sido sua primeira semana de namoro?

  Sua pergunta me faz refletir um pouco. Tanta coisa aconteceu essa semana, sem contar que foi a semana que menos vi minha filha. Isso me dói um pouco.

  Além do mais, que ainda não tenho a resposta da faculdade.

  - Yeonji? - Jihyo me cutuca. Pelo visto, eu estava viajando. - Está tudo bem?

  - Mais ou menos. - retiro uma garrafa de água da minha bolsa.

  - Bem, mas vai ficar tudo bem agora. - Jihyo aponta para a porta, na qual vejo, mesmo sem muita nitidez, um Taehyung, com um traje menos formal do que de costume, e óculos escuros.

  Quando eu acho que ele não consegue ficar mais bonito, a vida me mostra uma dessas.

  - Ai, Jesus. - exclamo, sem saber qual é o motivo da minha surpresa.

  - Son Yeonji. - uma voz invade o supermercado.

  Levanto meu olhar, procurando de onde essa voz vem.

  - Son Yeonji, por favor, se dirija até a recepção do supermercado. - a voz, que vem dos alto-falantes.

  Me congelo.

  - Nossa. - Jihyo exclama assustada ao meu lado.

  - Fudeu. - digo, com o coração na boca.

  - Quer que eu te acompanhe? - ela põe a mão sobre meu ombro.

  Eu preciso é que Cristo me acompanhe.

  - Eu... eu acho melhor não, Hyo. - aperto a borda do meu casaco. - Pode avisar Taehyung de que vou demorar um pouco?

  Ela percebe meu nervosismo e aperta minha mão de leve. Um último adeus, antes que eu morra.

  - Tchau, Yeon. - ela limpa sua garganta e vai depressa até a porta.

  Meus pés não obedecem ao meu comando, tanto que, quando vejo, já estou no elevador do prédio. Mais precisamente, em frente ao mesmo, tanto que uma mulher passou esbarrando em mim, apressada.

  Esse povo, parece que não sabe o que é educação.

  - Tá, ok. - suspiro.

  Entro no elevador, como se ele fosse me levar para a forca. E vai.

  Fecho bem os olhos, tentando não pensar na morte eminente.

  - Pai Nosso que estás no céu. Santificado seja Vosso nome. Venha à nós o vosso reino. Seja feita a Vossa vontade. Assim na te...

  - Yeonji?

  - Deus? - pergunto assustada, até abrir os olhos.

  - Você percebeu que está dentro do elevador à quase cinco minutos, e ele nem se mexeu? - Taehyung comenta, com uma expressão risonha. Meu Jesus Cristo.

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