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  JungKook pov.

  Essa coisa de querer enxergar as coisas de maneira lógica às vezes não me deixa entender merda nenhuma do que está acontecendo.

  Tenho que repassar na minha mente mais de uma vez que estou sentado no chão da casa da mãe da minha filha, mantendo uma distância segura de pelo menos dois metros da mesma, mas ainda assim ela fica desesperada.

  Yeonji não consegue ficar um minuto parada com minha presença aqui. Quando não está arrumando alguma coisa já impecável, fica me observando com os olhos arregalados e os braços cruzados. Me sinto um alien perto dela, e não odeio essa sensação. Acho até engraçado, na verdade.

  Mesmo assim consigo ficar desconfortável com seu desconforto. Também porque, Heyoon em seu andador, não para de me encarar. Estranho o fato de todo mundo achar ela parecida comigo, quando esse seu semblante de desprezo é a própria Yeonji incorporada. Sei que é um bebê, mas me sinto julgado pela minha própria filha.

  - O que eu fiz? - meu sussurro indignado a faz finalmente sorrir. Acho que entendi. Talvez estava me estranhando no começo porque achava que eu era um boneco enorme que apenas mexia os olhos.

   Sorrio fraco, porque o pensamento faz sentido, já que Heyoon finalmente se move. A  pequena se dirige até mim em seu andador enquanto sua mãe perde a paciência.

  - Ai! Porra! - a mesma xinga alto da cozinha depois de um estrondo de panela caindo. Viro minha cabeça na direção do barulho, mas logo dou de ombros. Melhor não fazer nenhum movimento brusco. - Roseanne que não chega nesse caralho! Quando aquela loira voltar, vou puxar ela pelos cabelo'...

  A mesma volta à sala em passos agressivos, impaciente com a demora da amiga. Era esse o combinado, que eu me lembre. Eu viria, saberia seu endereço, mas Roseanne teria que estar aqui para finalmente acertarmos as contas. Se bem que, se querem mesmo proteger alguém que fosse, não deveriam ter falado o endereço. Eu posso vir aqui a hora que eu quiser à partir de hoje. Isso é ridículo. Sinceramente, às vezes acho que Yeonji é burra.

  Mas ainda tenho uma leve sensação que não foi idéia dela. Isso parece muito algo que Taehyung pensaria. Tenho certeza de que não gostaria nunca que Yeon acabasse sendo vista em um "passeio" público comigo, por um de seus funcionários ou aliados. Geraria uma fofoca das grandes... como se já não gerasse. Taehyung é outro burro.

  Não consigo evitar um sorriso pequeno que aparece em meu rosto em saber que ele perdeu o argumento, novamente, com essa idéia estúpida. Porra, ele não bota uma bola dentro. Mas meu sorriso é retirado por barulhos incessantes no piso.

  Respiro fundo, me aguentando para não ir embora e marcar essa merda para outro dia. Para um dia em que Roseanne esteja em casa, ou para um dia em que Yeonji esteja melhor da cabeça. E que não esteja usando... óculos. Preciso evitar ao máximo não olhar para ela, para não acabar lembrando da menina que eu fodi na época da escola. Literalmente. A culpa sempre arranja um jeito de tomar conta de mim quando estou perto dela, e claro, não lido bem com a culpa.

  E reajo muito mal com as coisas quando não entendo elas.

  - Yeonji, você pode respirar um pouco. - meu tom de ironia me traz certo conforto depois da lembrança, ao mesmo tempo que faz a menor parar de caminhar descontroladamente. - Eu não trouxe uma bomba comigo, se é o que você está pensando.

  O olhar que direciona a mim enquanto faz uma face pensativa ao erguer uma sobrancelha consegue manter meu sorriso de desdém por uns bons segundos. Continuo a encarando quando Heyoon para seu andador perto da minha perna.

  - Pode até ser, Jeon, mas alguma coisa vai explodir nessa porra. - a forma como responde com certo nervosismo me faz rir, por dentro. Tudo o que deixo transpassar é uma sobrancelha erguida enquanto distraio Heyoon, fazendo uma mágica em que meus dedos somem. - A minha cabeça!

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