WHO WOULD SAY

-30-

  - Então Jimin, o que você faz para sobreviver?- perguntou Rosé, curiosa.

  Jimin riu.

  - Então Chaeyoung,- chamou Rosé pelo seu nome coreano- desde que comecei a faculdade de administração, eu trabalho como secretário.- falou ele, olhando para Taehyung.

  - Uau, sério? Yeonji também pretende fazer essa faculdade.- falou Rosé.- Eu acho arquitetura e urbanismo mais fácil, mais fazer o quê?

  - Seria muito mais fácil organizar a faculdade se o meu chefe me desse folga.- falou Jimin olhando bravo para Taehyung que revirou os olhos.

  Eu e Rosé ficamos confusas por um tempo.

  - Espera, vocês...- falo apontando para os dois.

  - Eu sou chefe dele.- falou Taehyung.

  - É. E que chefe. Vocês acreditam que Taehyung, não queria que eu viesse? Tive que implorar para ele, só para poder conhecer a mulher de quem ele fala tanto, e sua amiga.- falou Jimin, olhando para mim e logo após para Rosie, que sorriu com o olhar de Jimin.

  Taehyung ficou sem graça.

  - Tá demitido, Jimin.- falou Taehyung bravo. O que fez Jimin rir.

  - Também te amo.- disse Jimin, batendo a mão na coxa de Tae.

  - Que fofos.- disse Rosé sorrindo.- A amizade de vocês é bem sincera.

  - É verdade, Taehyung me conta tudo.- falou Jimin. - E a coisa que ele mais fala é sobre você, Yeonji.

  Senti meu rosto corar.

  - Fofoqueiro de uma figa.- disse Taehyung depositando socos no ombro de Jimin.

  - Preciso levar Hey no banheiro. -falo cortando o clima.  Saio da mesa carregando o bebê conforto de Heyoon, com ela dentro e sua bolsa.

  - Argh! Não acredito que estou aqui.- falo me olhando no espelho, botando o bebê conforto sobre a pia. Observei meu rosto, eu estava cansada, fisicamente, por causa do trabalho e mentalmente por tudo que estava acontecendo.

  Tudo o que eu queria era estar em casa, tomando uma ducha, ou dormindo ao lado de Heyoon na minha cama de casal. Mas não. Eu estava ocupando minha cabeça com pensamentos tristes e desesperançosos.

  No fundo, eu sabia que tudo aquilo era necessário. Eu precisava sair da zona de conforto. Precisava conhecer novas pessoas e novos lugares, mas algo me impedia. Talvez seja o medo, o medo de me decepcionar mais uma vez, o medo de não poder dar a criação certa para minha filha, diferente da que eu recebi da minha própria mãe. Eu queria ser uma mãe de verdade. Mesmo que tivesse de desistir da minha própria felicidade.

  Eu não precisava desistir, eu tenho minha felicidade em mãos, mas parece que está faltando alguma coisa.

  Eu me olhei no espelho e encarei o fundo dos meus olhos. O que está acontecendo comigo? Será que um dia essa dor vai passar? Eu conseguia ver minha infelicidade. Era como se minha esperança já estivesse morrido há muito tempo. Será que eu tenho alguma chance? Por que eu estava ali? Quando eu poderia estar curtindo novas amizades, curtindo a presença da minha filha, mas parece que algo me impede, e não deixa que eu seja feliz.

  Lembro do que Rosie havia me dito, há um tempo atrás, " Como você acha que vai garantir a felicidade de sua filha, se nem você consegue essa felicidade?". Mas, e se ela estivesse certa? E se eu não estivesse feliz de verdade? Eu estou me enganando? Será que eu vou ter que esquecer tudo o que aconteceu, todas as decepções, as dúvidas e as críticas para ser feliz?

  A incerteza tomou conta da minha mente.

  - Yeon, tudo bem?- ouvi a voz de Rosé.

  Olhei para ela, ela estava preocupada.

  Neguei com a cabeça. Ela correu e me abraçou. Enterrei eu rosto em seus pescoço, suspirando fundo.

  - Eu necessitava tanto desse abraço.- comento.

  - Não sei porque insiste tanto em se privar da felicidade, mana. Nem todo mundo vai querer te decepcionar, Yeonji.- falou ela.

  - Eu também não sei o porquê.- confesso, o que fez ela segurar meu rosto e pô-lo de frente para o seu.

  - Se quiser podemos ir embora, fazemos isso outro dia, quando estiver preparada.- propôs ela.

  Neguei com a cabeça.

  - Não, isso é mais importante.- falo decidida.

  Rosé sorriu, me olhando com compaixão.

  - Já serviram a comida. Vamos antes que esfrie.- chamou ela. Eu assenti.

  Peguei o bebê conforto e a bolsa de Heyoon, observei minha filha por um tempo.

  - Olhe só, ela apagou.- falei para Rosé, que riu ao ver minha filha dormindo em um sono pesado.

  Fomos até a mesa, com Rosie segurando em minha cintura. Talvez ela pensasse que eu estava perto de desabar, e estava certa.

  - Vocês estão bem?- perguntou Taehyung, me fitando. Assenti para o mesmo.

  - Agora a melhor parte, a comida!- disse Rosé se sentando, enquanto seus olhos brilhavam, quando via os pratos na mesa.

  Todos nós rimos. Senti que Taehyung me fitava.