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- Então, Yeonji, você precisava mesmo dessa carona?- perguntou Taehyung sorrindo quebrando totalmente meu querido silêncio.

Revirei os olhos.

- Digamos que ela tinha uma certa importância.- falei, tentando encerrar o assunto, e apontei para Heyoon, ainda dormindo.

- Ah, entendo. Pelo menos, agora, me sinto útil.- falou ainda sorrindo.

Utilidade de merda essa aí, em?

- Sua sobrinha é muito fofa, por sinal. Se não fosse sua sobrinha, eu até diria que é sua filha, pelo quanto que vocês se parecem.- falou ele rindo.

Encarei seu olhar pelo retrovisor. Agora era o momento.

- Engraçado, porque ela é minha filha!- falei sorrindo.

O ouvi engolindo seco.

- Sua filha?- perguntou ele, rindo de nervoso- Minha nossa, você já é mãe?- acho que ele engasgou com a própria saliva, mas logo se recuperou.

- É, quem diria eu, tendo uma filha, tão jovem. Acho que fui contra os padrões da sociedade.- falo, sem demonstrar importância.

- Bem, acho seu marido é um homem de sorte!- ele falou, fitando o painel do carro.

Me incomodei um pouco ao ouvir essa palavra, acabei me lembrando de Jungkook. Virei meu rosto para janela.

- Não tem marido?- perguntou ele, vendo que eu ficara quieta.

- Não.- falei fria.

- Então seu namorado, é um cara de sorte.- falou sorrindo, mas não tão alegre quanto antes.

- Já pode parar por aqui!- falei, me referindo à rua. Não era a rua do meu apartamento, mas se ele soubesse do meu endereço, estaria me expondo demais para um estranho.

- Você mora aqui por perto?- perguntou ele.

Não respondi. Saí do carro sem mais delongas e abri o guarda-chuva.

- Não quer ajuda?- perguntou ele. Fiz um gesto que não com a cabeça.

Seguir meu caminho, olhei para trás algumas vezes, para ver se ele havia ido embora. Pouco antes de eu virar a primeira esquina ele seguiu seu caminho, sumindo de minha vista.

Graças, suspirei.

Depois de virar umas três esquinas, cheguei ao portão do meu apartamento.

- Boa noite, senhor Lee.- cumprimentei para o porteiro que sorriu ao me ver.

- Boa noite Yeonji!- disse o senhor idoso.- Essa sua menina não para de crescer, não é mesmo?

- Tomara que fique assim para sempre!- desejei, sorrindo para a criança em meu colo.

Subi as escadas. Cheguei no quarto andar. Minhas pernas doíam por suportar o peso das coisas em que eu carregava.

Procurei a chave, achei no bolso de trás da minha calça.

Abri a porta.

- Enfim em casa.- falei.

Pus Heyoon no berço, sabendo que em poucos minutos ela iria acordar com fome.

Não tive coragem de me sentar. A casa estava uma bagunça!

Imaginar que, eu posso começar a trabalhar daqui a algum tempo, e irei voltar com a casa desse jeito, dá até um desânimo.

Mas eu não podia parar.

Varri a casa, lavei os pratos, passei pano, tirei o pó, arrumei minha cama e mais.

Fiquei muito cansada mesmo.

Eram 21:17 no relógio da sala. Acho que dava para tomar um banho antes de Hey acordar.

Fiz um coque e entrei no box do banheiro, me despindo completamente. Deixei com que a água quente se chocasse contra minhas costas, me aliviado um pouco da tensão do dia. Gostaria de ficar ali o dia inteiro, mas não era possível.

Após cinco minutos no banheiro, entrei em meu quarto. Encarei a cama de casal, foi presente de Rosé. Sorri ao lembrar que não queria aceitar aquele presente tão caro, mas Rosé sempre consegue o que quer comigo.

Retirei a toalha e encarei o espelho ao lado da porta, com o qual dava para ver meu corpo inteiro.

Percebi o quanto havia evoluído, tanto mentalmente quanto fisicamente. Quem me olha agora, nem imagina o quanto eu sofria na escola por causa da aparência.

Reparei em tudo que havia mudado. Os óculos, que eu já não necessitava, pois meu grau diminuiu gradativamente. Meu rosto, já não coberto pela a acne, que me atormentava até uns meses atrás. O aparelho, que foi substituído por dentes perfeitamente alinhados. E, por último, meu corpo, que já não era tão magro, por que havia ganhado um pouco de carne, de tanto rondar essa cidade em busca de emprego.

É, realmente, a puberdade me favoreceu em muitos sentidos, e me destruiu em outros.

Vesti uma blusa branca larga. Já chega de sutiã por hoje! E uma calcinha hot pants. Finalmente, confortável!

Vesti minhas pantufas, caminhando até a sala, pronta para me esparramar pelo sofá. Até que...

O choro de Heyoon preencheu a casa inteira.

Me levantei desanimada.

Cheguei em seu quartinho, observando sua inquietação.

Força, Yeonji!

Respirei fundo. Peguei Hey no colo. A acalmei aos poucos.

- Está com fome?- pergunto afinando a voz, já sabendo que sim.

Ela continua chorando, mas não tão alto.

- Muito bem, meu amor.- me dirigi com ela até a sala, me assentei no sofá levantei minha blusa, deixando meus seios expostos. Hey não pensou duas vezes antes de abocanhá-los.

Cerrei os dentes com a pontada de dor antes de o leite descer.

Heyoon me encarava enquanto eu também a observava.

- Não vá se alegrando não, viu? Isso só vai durar até seus seis meses!- falei a ela, que não tirava os olhos de mim.

Sorri, ao vê-la satisfeita, após terminar de amamentá-la.

- Ainda bem que eu tenho você, pequena. Mamãe te ama muito.

Ela sorriu olhando pra mim. Seu sorriso me fez ganhar o dia.

Era tudo de que eu precisava naquela quinta-feira chuvosa, um momento com minha filha.

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