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  Eu saí daquele lugar.

  Minha cabeça gira, mas já consigo respirar melhor com o vento frio que bate em meu rosto pela janela da caminhonete. Meu corpo inteiro arrepia com o frio externo. Minha cabeça até dói menos.

  Já até tentei fechar os olhos, mas é quase impossível nesse carro. Como JungKook, rico, comprou um negócio velho desse?

  Mas o frio não me incomoda tanto, desde que JungKook me emprestou seu paletó. O uso para cobrir Heyoon entre nós, e parte do meu braço, enquanto o mesmo dirige. Às vezes dá uma arrancada estranha, mas é só para me fazer gritar de susto.

  Falando em Hey, retiro o tecido de seu rosto para ver se já dormiu. Ainda não, mas consegue se distrair com um brinquedo do Elmo da Vila Sésamo. Sorrio, por estar quietinha. Nem dá seu grito habitual quando me olha curiosa, com os olhos brilhando no escuro da noite.

  - Ela já dormiu? - JungKook tenta sussurrar, mas o carro faz tanto barulho que torna isso impossível.

  - Ainda não. Não vai dormir por agora. - prevejo, erguendo meu olhar para ver JungKook de perfil. Analiso o contorno de seu rosto, concentrado na estrada, me perguntando por quê de repente, JungKook se tornou mais acessível, e sensível, do que Taehyung. Como se, do nada, me deixasse mais confortável do que meu próprio namorado. - JungKook?

  - Eu. - vira seu olhar para mim, mas não por muito tempo até a estrada tomar sua atenção.

  - Vai demorar muito?

  - Menos de cinco minutos. - a resposta me faz franzir as sobrancelhas, impressionada com a rapidez dessa lata velha.

  - Selo Jeon de garantia? - meu comentário faz um riso aparecer em sua boca. Deito a cabeça no banco sem encosto, mesmo sem conforto e com bastante frio, o clima é muito melhor do que em todos os lugares em que estive hoje.

  - Mais do que revisado. - quase não ouço sua fala com o estrondo esquisito que a caminhonete faz ao passar por um buraco. Me ergo em um grito, pensando que o carro vai desmontar, e a gente vai cair no meio do nada. Esse carro ainda nem tem cinto! Se eu morrer eu arrasto JungKook para o inferno.

  O barulho passa, com o silêncio conta do tomando o carro. Encaro JungKook, ainda assustada, observando sua cara ficar vermelha mesmo no escuro. Ele não resiste, eu muito menos. As gargalhadas são tão altas que acho que vão explodir a vidraça fraca do painel.

  - Você perdeu uma aposta, não foi? - pergunto secando uma lágrima, que não é de tristeza. Fico até fraca do pulmão de tanto rir.

  - Eu ganhei ele de presente. - a resposta que vem com um suspiro, se acalmando da crise de riso, não me faz perder a graça.

  - Ah, eu desconfiei.

  - Só aceitei para mostrar você. - a frase me erguer uma sobrancelha em sua direção. Não acredito nem morta que fez uma merda dessa. - Vou vender ele para um ferro velho.

  - Você devia querer chamar a atenção de uma garota, não minha. - dou uma cotovelada de leve em seu braço.

  - Você não é uma? - sua sobrancelha erguida me faz negar com a cabeça.

  - Para de ser bobo. - bato de leve em seu braço, fazendo o mesmo olhar minhas mãos quando uma expressão surpresa toma conta do seu rosto.   

  - Ih, olha! Você fez as unhas! - comenta, me fazendo soltar um risinho para admirar meus dedos. É claro que ficou surpreso, JungKook nunca me viu de unhas feitas. E agora que eu fiz, estou encantada que tenho vontade de comer meus próprios dedos. A siririca nunca mais vai ser a mesma.

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