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- E aí, gostosa? - a frase que atrapalha minha total concentração na partida de Candy Crush me faz ter um susto quando me viro para a janela do carro.

  Eu já suspeitava que a frase seria de Arim, mas não esperava seu rosto tão perto na janela. Mas eu já me acostumei. Posso dizer que até gosto desse seu jeito.

  - Cadê minha funcionária favorita? - seus braços estendidos assim que desço do carro me fazem revirar os olhos antes de ceder ao seu abraço.

  - Espero que tenha um bom motivo para me retirar das minhas horinhas de descanso. - é uma reclamação, mas sei que não leva isso para o coração. O branco dos seus dentes é quase tão brilhante quando o do seu conjunto formal. Sem nunca retirar o broche prateado, independente de qualquer roupa que use.

  - Não vai se arrepender, no final. Eu prometo. - ela pisca, me fazendo  erguer uma sobrancelha para seu rosto. Ela se diverte com minha confusão, antes de seguir caminho até a entrada do restaurante: - Essa sua cara é tão bonitinha, Yeon. Além do mais, você precisa sair um pouco. Vive sempre preocupada!

  - Me impressiona você não estar preocupada. Seu cargo existe dois terços do seu dia!

  - É, mas eu sempre deixo tudo para última hora. - sua sinceridade me choca, mas sempre me faz rir. - De qualquer forma, deixa suas preocupações de lado. Vamos beber um pouco, e depois de dois drinks você pensa que eu sou seu namorado.

  Ela fala sem nenhuma culpa, justo na hora em que adentramos o local. A falta de filtro dela às vezes me constrange, mas não por muito tempo. É quem paga meu salário.

  - Eu não bebo na hora do almoço, Arim. - não vejo seu rosto, mas com certeza me imita. - E, você não estava de olho na minha sogra?

  - Ah... é mesmo? Yeonji do céu, aquela mulher não é de verdade! - ela se vira para mim com os olhos brilhando ao lembrar de Hayun. E apesar de parecer um pouco obcecada, não me arrependo de ter apresentado minha sogra à ela. - Parece que relacionamentos tóxicos são uma fábrica de mulheres gostosas.

  - E traumatizadas, também. - complemento, sem quase nem pensar no quanto sua frase pode ter me afetado. Anos se passaram e ainda é estranho pensar que meu relacionamento com Taehyung foi tóxico. Mas não é impossível.

  Depois que as feridas se fecharam que eu percebi o tamanho das cicatrizes.

   - Nenhum trauma sobrevive a um bom chá. - meus pensamentos são retirados na hora conforme meus olhos se arregalam quando reconheço o duplo sentido na frase de Arim. Me seguro muito para não rir alto.

  - Exageradamente confiante, como sempre. - consigo com muito esforço segurar meu riso quando ela aponta para uma mesa.

  - Se eu não fosse, não seria Kang Arim, dona de banco. - ela eleva seus status e sempre, eu preciso lembrar ela de certas coisinhas.

  - Realmente... você ter nascido na elite não tem absolutamente nenhum crédito nisso. - não me impressiono de dizer uma coisa dessas para a pessoa que paga meu salário. E a sua reação é tão pura que não me deixa sentir culpa.

  - Amo como você fala as coisas na cara das pessoas, Yeonji. - ela diz que ama, mas isso já me custou uns três empregos. - E sim, obrigada por me lembrar. Estava ficando humilde demais.

  Franzo as sobrancelhas em um sorriso confuso, porque acho que não é essa a palavra certa. Mas relevo ao negar com a cabeça.

  - Boa sorte em tentar conquistar Hayun. - resolvo voltar ao assunto anterior, arrancando um sorriso confiante da minha chefe.

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