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  Taehyung pov.

  Arranjei para minha cabeça. De novo.

  - Senhor Kim, eu trouxe o... - a voz de Mina é interrompida, com certeza, pela imagem da minha cabeça deitada desconfortavelmente na mesa do escritório. Até tento me levantar, mas a dor me força a voltar para a posição onde estava. Devo parecer acabado, porque estou. - Misericórdia...

  - Mina, eu não estou... - até tento, mas ela me interrompe:

  - Não, não tem problema. Eu só vim entregar o pendrive com as fotos da festa. Já estou saindo. - e realmente, sai. Me sinto inútil porque nem passar uma boa impressão eu consigo. E Mina consegue aparecer sempre nas piores horas.

  Me obrigo, com o resto de força que tenho, a encarar a pilha de papéis já assinados. Todos assinados nessa manhã. Como? Por quê? Porque sou filho de Kim Chaesun. E a responsabilidade é uma das melhores coisas que poderia puxar da minha mãe. Terminei isso tudo, mesmo não conseguindo evitar os pensamentos intrusos sobre possíveis possibilidades do que está acontecendo nesse exato momento na casa de Yeonji.

  E pensar muito não foi algo que puxei da minha mãe, com toda certeza.

  Não é como se eu não confiasse em Yeonji. Porque eu confio. Só não confio em Jeon. Em nenhum dos Jeon, melhor dizendo, depois do que soube na festa. Só é engraçado que isso aconteceu tem pouco mais de dois anos, e todo mundo age como se nunca tivesse ocorrido. Isso é triste. Mas é assim que funciona.

  Algo que não vai ser esquecido mesmo é o fato de que minha namorada tem uma filha com JungKook. Porque minha mãe espalhou para todo mundo, e eu nem sei como ela ficou sabendo. Talvez da mesma forma que eu.

  Observo de olhos arregalados o nada enquanto penso no que vou fazer para que tudo esteja bem depois disso. Essa festa foi um total desastre, tirando a parte em que pude ficar com Yeon.

  Caralho, Taehyung, de novo fazendo merda.

  Não posso impedir minha mente quando me vejo obrigado a me punir pelas coisas que fiz. Bato minha cabeça incessantemente na mesa, repetindo a mesma palavra, até que meu cérebro exploda:

  - Burro. Burro. Burro. - a cada xingamento é uma batida mais forte. Não posso evitar. Só preciso me controlar para não ter outra crise.

  - É pior do que eu pensava. - a voz de Jimin não é suficiente para me fazer parar. Mina chamou ele, tenho certeza. Jimin sabe resolver mais problemas do que eu sei fazê-los. - Taehyung, para.

  - Parar com o quê? - paro as batidas, sentindo meu cérebro chacoalhando. Ergo apenas meu olhar para encarar o misto de desânimo e preocupação de Jimin ao chegar mais perto. - De dizer a verdade?

  Seu suspiro alto me faz suspirar. Ele larga sua pasta para colocar a mão em minha testa, medindo minha temperatura. Quando não sente nenhuma mudança drástica, para seu olhar nas centenas de troncos de árvores triturados que costumam chamar de papel.

  - Você assinou os papéis? - não retira sua mão da minha testa enquanto analisa a pilha de folhas, com as sobrancelhas franzidas.

  - Um por um. - respondo, voltando meu olhar para a madeira da mesa. - Agora preciso assinar meu testamento.

  Tenho certeza de que rola os olhos, porque não ouço nem um ar saindo da sua boca quando deito com o rosto na mesa.

  - Taehyung, para com essas brincadeiras. Olha para mim. - eu não quero obedecer sua ordem, porque sei que vai me dar um sermão por causa da minha face acabada, mas não tenho outra escolha. É isso, ou amasso meu nariz contra a madeira. Levanto meu olhar para encarar seu rosto sério, pronto para me dar um sermão, quando franze as sobrancelhas, confuso. - Você estava chorando?

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