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  É uma nova semana.

  Jihyo faltou do trabalho o fim de semana inteiro, e nenhum sinal de Taehyung. Deve ser errado pensar que os dois estão me evitando, mas não é de se impressionar.

  Aproveito o momento sozinha na área dos funcionários para pensar em pelo menos um pouco no quê eu fiz durante esse tempo. Se tenho sido uma amiga boa, uma namorada boa, uma mãe boa. Mas minha mente sempre trava.

  Perguntei à Rosie se ela não conhecia  algum consultório de psicologia que poderia estar dentro do meu orçamento. O mais barato era metade do meu salário. Então, não.

  Acho que essa preocupação toda só tem tendência a piorar. Visto que ainda vou enfrentar quatro anos de faculdade de administração pela frente.

  E se Taehyung não me contar o quê...

  Balanço a cabeça, me desvencilhando desses pensamentos que só pioram minha situação. Taehyung pode ter seus problemas e não querer me contar nada sobre eles. Eu mesma não contei que até tenho superado a memória de Jungkook muito bem durante esses dias. Mas não sei se ele ficaria feliz, ou agoniado.

  Coloco minhas coisas na bolsa enquanto penso no resultado das minhas escolhas. Jeon pode ser um demônio, um filho de uma puta, um escroto, mas ele me deu uma coisa que eu não poderia encontrar em nenhum lugar.

  Sorrio quando penso em Heyoon e seu sorriso sem dente. Só de pensar que está esperando por mim, já é motivo suficiente para estar respirando. Tenho que agradecer a Jungkook por isso. Não agora, que a ferida ainda está aberta.

  A saída do trabalho quando não estou com Jihyo é estranha. Me sinto envergonhada com os olhares na minha direção. Com certeza meu relacionamento com Tae virou fofoca. Todos eles esperam para ver quando o maior fornecedor da empresa aparecer. Mas ele não vem.

  Respiro fundo quando chego do lado de fora. Taehyung não veio, e com certeza não vai vir. Sinto um aperto no fundo do peito.

  Trovões estalam alto demais no céu, quase recuo para dentro do estabelecimento, mas faço o contrário. Sigo em disparada ao ponto de ônibus, tentando não correr para não parecer desesperada.

  Mas a chuva não espera. Ela cai com tudo.

  Nunca havia reparado o quão vazio fica o ponto de ônibus à essa hora. Nas ruas, todos procuram um lugar para se abrigar da chuva e da ventania.

  Por favor, que o ônibus venha hoje, peço, com os dedos cruzados. Sorrio com as lembranças que chegam conforme a chuva vai aumentando. Taehyung parado no carro, me esperando durante seis horas só para me conhecer. Pensando bem, isso parece assustador. Mas mesmo assim, não chamei a polícia. Por quê?

  Tá aí uma coisa que nunca vou saber responder. Ou eu sei.

  O ônibus chega, como eu desejei, poucos minutos depois. Me assento em um banco vazio, enquanto tento não pensar em nada. São pouco mais de 10 minutos de percurso até a casa de Rosé.

  Preciso comprar uma bicicleta, é só isso que planejo pensar. Mas minha mente sempre vai contra ela mesma.

  Minha mente lista coisas que podem acontecer enquanto estou no ônibus. Desde uma diarréia repentina, até palhaços assassinos invadirem o ônibus e matarem todo mundo. E o pior pensamento deles, com certeza é imaginar Jungkook entrando por aquela porta e se sentar do meu lado.

  Meus olhos se arregalam instintivamente ao pensar nisso. Olho em volta procurando qualquer indício de que o quê imaginei pode estar acontecendo, mas nenhum sinal de um moreno alto de olhos brilhantes. Há apenas um senhor idoso dormindo do outro lado mais à frente, e duas mulheres sentadas juntas, duas cadeiras mais atrás.

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