-122-

259 24 532
                                    

  Eu decepcionei a vida. De novo.

  Sei disso quando contemplo o portão grande do campo de golfe, suspirando, me perguntando por que retornei a ligação de Taehyung há dois dias.

  E em plena segunda-feira, ele convence meu chefe a me dar uma folga. Fico incomodada com sua atitude, principalmente com a influência que tem sobre meu emprego. Me faz perder um pouquinho do gosto de independência pensei ter.

  Discuti com Rosie para poder vir aqui. E com razão, da parte dela como sempre. Mas no final viu que não adiantaria. Eu não voltaria atrás na minha palavra. Na minha carta decisiva no meu relacionamento.

  Eu poderia simplesmente voltar para trás e renunciar isso tudo. Mas já é tarde. Aqui é afastado da cidade, e passei uma tortura no banco de trás do carro de Tae para chegar. Muito feliz não é uma possibilidade aqui dentro. Meu destino é passar uma tarde inteira com meu namorado, e os pais idiotas dele. Ele também não foge muito desse adjetivo. Por outro lado, em caso de fuga, minha corredora profissional está comigo.

  Heyoon brinca com seus brinquedos no carrinho, sendo guiada por mim quando paro de contemplar minha tristeza. Sigo até a recepção, onde Taehyung espera com uma face confusa. Não para mim, é claro. Para seu pai.

  - O que aconteceu? - pergunto, pouco me fodendo se alguém vai responder ou não.

  - A máquina não aceita o Black Card. - Tae explica ao se virar para mim, me fazendo olhar seu pai tentando de todas as formas fazer o cartão ser aceito pela máquina. Nunca desejei tanto que algo quebrasse.

  - Que problema enorme. - reviro os olhos na fila nem tão grande. Depois do pai de Taehyung, tem Jennie, Chaesun, Yoongi, depois Taehyung e eu, por último.

  Tento muito não ficar entediada com a demora, tanto que Jennie convence o mais velho a usar dinheiro vivo. Ela convence com tanta paciência que me faz ficar maravilhada. Se fosse eu, teria mandado enfiar o cartão no cu faz tempo.

  - Vontade de comer um frango. - a fala de Yoongi retira minha atenção, trazendo um pouco de graça para minha falta de paciência. Eu preciso me divertir um pouco.

  - Tá na seca, não é, Yoon? - meu comentário o faz finalmente me notar aqui atrás. O mesmo me encara por dois segundos antes de entender a piada, tentando esconder o riso. Chaesun entende de primeira pela face de desprezo. Não gasto muito tempo olhando.

  Taehyung, escondendo seu riso me faz o encarar. Estranho achar engraçado a piada sobre sua mãe, quando nem reação teve quando quase destruiu meu dia, no casamento. Me esforço muito para não reagir com desprezo. Preciso lembrar do quê me trouxe aqui. Uma nova chance para nós.

  - Trabalhou muito esses dias, Taehyung? - tento me relaxar ao escorar meus braços no carrinho de Hey.

  - Nem tanto. - Taehyung responde, me fazendo franzir as sobrancelhas para seu rosto relaxado, nem se preocupando em olhar para mim.

  - Bom saber. - o suspiro, de quem claramente esperava mais, faz o maior se virar para mim. Tenho certeza de que observa meu rosto desanimado enquanto me preocupo em manter Heyoon segura em seu carrinho, já que a mesma se empuleira para poder sair.

  - Cortou o cabelo? - sua pergunta me faz erguer o olhar para seu sorriso. Inclino a cabeça em dúvida. Eu poderia ser grossa, ou simplesmente responder sem nenhum problema. A grosseria me chama, quase até me força a abrir a boca, mas me seguro firme.

  - Sim. - respondo com um sorriso educado, que chega a doer minha face. - Golfe é seu esporte favorito?

  Minha pergunta tem conotação provocativa, e Taehyung entende com um sorriso. Mas não é esse sorriso que eu quero. Quero um que vai responder a altura. Que vai me fazer gargalhar.

WHO WOULD SAY Onde histórias criam vida. Descubra agora