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  Novembro chega, e o inverno ainda não. Mas o frio já me faz sair com dois agasalhos para não resfriar. Não é que eu não gosto do frio, eu só não funciono bem nele quanto funciono no calor. O frio chega, e de repente, demoro mais para levantar da cama, não sou tão rápida em me arrumar, e organizar a casa vira um inferno.

  Mas é uma época romântica. Eu acho.

  Não sou muito romântica.

  Assim, eu poderia fazer grandes planos com Tae, beijar ele no lugar onde fosse, mas não com todo o romantismo. Poemas já não me chamam muita a atenção, flores? Nem pensar. E jantar à luz de velas? Quem me garante que isso não vai queimar a casa?

  O fato é que, Tae tem muito mais vocação para romance do que eu pensava. Se não me conhecesse, talvez, poderia me encher de cartas e outras coisas que fossem ideais românticos para a sociedade... e para ele.

  Para mim, simplesmente, o maior ato de romantismo é me sentar com a pessoa que amo, beber alguma coisa quente e ficar em silêncio. Ou conversar, somente. Algo que não me deixe desconfortável.

  Espera... por que eu tô pensando em romance?

  Faço um pause na minha mente para observar ao redor. Ah, sim. Estou encarando uma pintura de um casal apaixonado, num museu. Eu nunca havia ido em um museu antes, e não sabia que um quadro podia me colocar em um transe desse.

  Enfim, tento procurar Roseanne, que não está muito longe pelo visto. Quase me esqueci que sou acompanhante na exposição de maquetes da faculdade dela. Ela explica para umas pessoas desconhecidas sua maquete bonita de uma rua que pretende construir. É perfeita, principalmente porque é pequenininha.

  Só acho exagero colocar uma exposição de faculdade de arquitetura no principal museu da cidade. Acho que é porque vão reformar ou alguma coisa assim.

  É bom. Eu não sei. Não sei o que estou fazendo aqui. Não sei o que estou fazendo da minha vida.

  E novamente, o dilema.

  O que JungKook faria?

  Provavelmente falaria "Olha, dois ratos transando!" porque, realmente, tem dois ratos transando ali no canto. Até que o segurança vem e os espanta com um passo forte no chão. Isso é ridículo, mas é isso que falaria. Até sorrio em pensar na situação.

  É engraçado pensar no quê Jeon falaria ou faria. Ele tem uma forma até engraçada de ver o mundo. Ou talvez eu esteja criando isso na minha cabeça. Tive uma breve conclusão de que posso estar enlouquecendo, desde o dia da festa.

  Principalmente por causa de Tae. Não me manda mensagens têm um tempo, não me busca no trabalho. E olha, isso me deixa bem triste, mas me alivia também. Acho que nunca aproveitei tanto o tempo sozinha desde que conheci Taehyung, até agora. Meu peito dói de saudades dele, mas, eu estou organizando bem a minha vida sem ele.

  Tenho medo de ficar sem ele, é claro. Nunca amei um cara tanto quanto Taehyung. E sinto a falta dele. Vamos fazer quatro meses de namoro esse mês. E o quê? Ele vai continuar me ignorando? Vai desaparecer? Ou vai aparecer só quando eu já ter perdido o controle dos meus sentimentos?

  É sempre assim. É quase imprevisivelmente previsível. Tae vai aparecer na hora em que eu não tiver controle sobre a minha mente e acabar deixando meus sentimentos comandarem.

  Como agora, por exemplo.

  Espera.

  Taehyung tá aqui?!?!

  Ainda forço a visão, mesmo que  com o óculos novos. É mesmo Tae que observa as maquetes, em uma distância considerável de mim. Não de mim, na verdade. Da Yeonji de óculos.

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