54 - Marcha Soldado (Parte 2)

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⚠️ Conteúdo sensível: tortura, violência física/psicológica⚠️

— Parado aí — ralhou uma voz feminina.

Evan estacou diante do cano da pistola encostado em sua têmpora.

— Aonde pensa que vai? — inquiriu, destravando a peça de segurança.

Ele não a respondeu.

— Não vai contar por bem? — insistiu ela, recebendo outra dose de silêncio. — Ótimo! Também prefiro por mal. — Os lábios dela franziram, em algo que Evan jamais tomaria por um sorriso. — Vamos, ande. Não tenho o dia todo.

Sob a mira da arma da mulher, ele andou rumo aos outros soldados. Avistou três homens diante de si. Significa que só ela é a silenciosa, confirmou sua hipótese. Cautelosa, ela se livrou de todas as armas que Evan portava antes de chegarem mais perto de seus companheiros.

— Ora, ora... — Um deles assobiou. — O que temos por aqui, Rani?

Ele se aproximou do terráqueo e agarrou-o pelo uniforme, puxando o local onde o brasão se situava. Examinou-o, torcendo o rosto e dando uma cusparada diante do símbolo dos usurpadores.

— O circo chegou cedo à cidade. Cadê o resto dos palhaços? Só tinha um corajoso no meio? — zombou outro.

Evan manteve a cabeça erguida, sem dizer palavra. Tomando-o por petulante, o segundo homem desferiu um soco potente que o deixou com a boca ensanguentada.

— Me responda, palhaço! — esbravejou ele, presenteando-o com mais um soco.

O terceiro, que antes estava sentado à mesa ao lado, palitando os dentes, lançou-se sobre Evan e segurou-lhe a mandíbula, espremendo-a até doer.

— Quando perguntarmos uma coisa, você responde. É assim que as coisas funcionam por aqui, entendeu? Não tente bancar o corajoso — advertiu ele. — Agora, vamos tentar de novo. Onde estão seus amiguinhos?

Desta vez, Evan abriu um sorriso rubro.

— Homens melhores já tentaram me quebrar e não conseguiram — alertou Evan.

— Abusado, não? — disse o segundo. — Acho que alguém tá pedindo pra ter um gostinho da masmorra... — sugeriu.

— Excelente ideia, Chesed — acatou o homem que o apertava. — Traga a maleta.

— Mas, Hillel, faltam algumas ferramentas — argumentou o primeiro, inseguro.

— O que temos dará pro gasto — Hillel rebateu com rispidez.

O que havia sugerido a tal solução da "masmorra", sumiu do campo de vista de Evan e voltou com um objeto mais parecido com uma caixa de médio porte do que com uma mala, embora tivesse alças. Rani, a mulher que havia o capturado, abriu o fecho da dita maleta com contentamento.

— Veremos quanto tempo durará a sua coragem, garotão — comentou ela, sarcástica.

Evan foi arrastado para uma cadeira e teve os tornozelos e punhos presos a ela por espessas algemas de design arrojado, com um leitor de digitais onde deveria haver um orifício para inserir a chave. Não poderia se livrar delas com algo tão simples quanto um grampo.

Além disso, as algemas eram bem soldadas, firmes e justas — a ponto de lesar sua pele a despeito de ele não estar realizando movimentos bruscos. Para libertar-se, precisaria de um maçarico ou coisa do tipo. Ou seja, nada de deslocar o polegar em um ato desesperado. Ainda que deslocasse todos os dedos, julgava que seria incapaz de passá-los por um aro tão apertado — que mal suportava a grossura de seu punho.

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