68 || Winx! Quando damos nossas mãos

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"Dá-me tua mão amor
a madrugada tem olhos que machucam
e as ruas estão cobertas de pequenas estrelas
anunciando que o passado sombrio
caminha contra a liberdade do futuro."

— Sérgio Vaz, em "Flores de alvenaria"

⚠️ Conteúdo sensível: agressão/violência física ⚠️

Andavam de cabeça baixa,  evitando contato visual e, portanto, o Grande Irmão, também presente  ali

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Andavam de cabeça baixa, evitando contato visual e, portanto, o Grande Irmão, também presente ali. Ele os espreitava com seus olhos giratórios a medida em que avançavam e punham o trio de soldados numa sinuca de bico.

Como continuar indetectáveis? A questão pairava sobre eles. Precisavam invadir uma área restrita e as câmeras de segurança se multiplicavam feito coelho. A única coisa a favor deles era a expertise de Kai. Se ele fosse tão rápido quanto pensavam, haveria a chance de ver o amanhã nascer.

A cabeça de Elena virara palco de uma competição acirrada entre dois carrinhos de bate-bate. Esperança e pessimismo duelavam para reivindicar o palco de seus pensamentos. Suas mãos suavam daquele jeito. Elas sempre a denunciavam. Embora posasse de destemida, o horror estava ali.

Ninguém vai errar o tiro desta vez, resignou-se Elena, levando a mão ao ombro ainda que o ferimento não a incomodasse há tempos em termos de dor.

Nessa distração fugaz, Elena desacelerou o passo. Acompanhava os passos largos de Hujo e as passadas ligeiras de Kai a muito custo. Não podiam se dar ao luxo de correr, nem por isso poderiam andar devagar, quase a passeio. Um ritmo bom e constante bastava. Mesmo assim, a assincronia ocorreu.

Enquanto perdia velocidade no andar, sua percepção do mundo ao redor aguçou-se e, então, ela os viu com clareza. Os dedos de Kai e Hujo se roçavam, sem denunciar quem iniciara a aproximação, quase se entrelaçando. Apenas denotavam a vontade de se unir num aperto repleto de carinho.

Quando, enfim, se uniram, Elena não acreditou. Pestanejou, com piscadelas cada vez mais rápidas. Entretanto, admitiu a concretude do gesto porque, no segundo seguinte, a outra mão de Hujo se estendeu em sua direção.

— Anda, Eleninha, você tá ficando pra trás — explicou-lhe, tomando sua mão e alavancando-a para se juntar a eles.

Assim progrediram. Os três, de mãos dadas, no mesmo ritmo, desbravaram a noite numa união inesperada.

 Os três, de mãos dadas, no mesmo ritmo, desbravaram a noite numa união inesperada

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