+16 | Completo | Um acontecimento inusitado leva Elena à maior aventura de sua pacata vida: uma jornada ao Planeta Luz. Perdida neste incrível mundo, ela precisa se encontrar em meio ao caos e lutar contra forças desconhecidas.
A força de Elena Fern...
"Quando o terror invade um povo, transforma muitas vezes um pusilânime[*] num herói."
— Getúlio Vargas
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Eutsi, Erdi
13933 A. L. – 1h pós-Solis
As algemas provocavam um constante pinicar nos pulsos de Elena. Para piorar, devido à padronização destas, não havia meio de afrouxá-las. Naquele instante, embora acompanhada dos pais, tinha apenas a si mesma.
Observou sua mãe de relance, com uma olhadela de soslaio, e de pronto se arrependeu. Luna beliscava-se com intervalos cada vez mais curtos. A sobrecarga de informações, dadas as revelações e reviravoltas da vida, terminou de operar maravilhas. A humana estava à beira de colapsar por um ataque de nervos. Em nada isso serviu para abrandar os receios de Elena. Também não teve utilidade alguma para os demais espíritos abatidos, agora reunidos na cabine de comando de uma nave eroriana.
Percorriam um caminho conhecido — constatou ao entrever através da janela. Retornavam pelo mesmo percurso por onde viera (após a partida do CT) com seus amigos antes de tudo desandar. Ao alcançarem uma das torres fronteiriças, ainda ao norte, mantiveram-se estáveis sob a escolta de naves abarrotadas de rawines recém adquiridos.
A aeronave teve uma recepção espalhafatosa, às custas da longa desavença entre os reinos. Não esperava calorosas boas-vindas, lógico. Contudo, a hostilidade (e quantidade) das naves do exército eutsiano — que brotaram quase instantaneamente em resposta aos potenciais invasores — parecia, sob sua óptica, demasiado drásticas frente ao contingente inimigo.
Então a sequência de acontecimentos a se desenrolar em sua frente advogou a favor de Eutsi. Yamanu acabara de abrir o canal de comunicações e pronunciar-se. Com um tom carregado de falsa amabilidade, ameaçador e venenoso, expôs os seus propósitos aos eutsianos — os quais não puderam recusar sua proposta.
A chantagem explícita de quem utilizara o monarca eutsiano como passe livre, embora desagradável e arriscada, surtira efeito. Confiando em seus ardis, o Soberano trocou poucas, porém incisivas, palavras com as sentinelas. Ou lhes garantiam um ticket de entrada para o outro lado ou faria questão de que a morte do rei Reuben fosse televisionada, transmitida nas ruas e em todos os lares do reino.
Diante da incredulidade dos adversários, apresentou-lhes uma única e eficaz garantia. Do mesmo modo como se infiltrara naquelas terras, com informantes para captar o que necessitara para capturar o rei e os soldados, poderia intrometer-se na telecomunicação e gerar uma onda de pânico irrefreável. Confiou no fato de que ninguém se prestaria a lidar com o caos derivado de mais um membro da família real assassinado apenas em prol de manter o inimigo afastado de suas terras.
Estava certo, ninguém queria mais sangue real derramado (muito menos se fosse transmitido ao vivo).
