30 - A Órfã

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Olár, querido leitor 🖖

Desculpe a demora, a vida real da autora não permite atualizar regularmente, mas eu tento. Espero que goste do novo capítulo. Tudo que escrevo, escrevo com muito carinho e de coração. Então, uma boa leitura.
Um xêro 🌈

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O fuzil de Elena caiu ao chão ruidosamente. Fosse pelo baque metálico da arma indo de encontro ao piso ou pelo tiro que acabara de receber, seus pensamentos bem-humorados de quase-morte tiveram um fim precoce. Substituindo-os, tratou de ocupar-se com a perfuração — feita pelo laser da arma — abaixo de sua clavícula direita.

O traje reduzira o impacto do disparo, o diâmetro e a profundidade do ferimento comprovavam isso. Poderia ser pior, convenceu-se. Então a queimação ao redor da ferida ensanguentada escavada em si estendeu-se, tomando seu ombro e, posteriormente, o braço inteiro. Arrependeu-se, com amargor, do pensamento "otimista".

A área atingida latejava, reverberando o tiro, ampliando as ondas de dor. Elena reviveu a sensação de receber uma picada de escorpião. A diferença é que ela não tinha nove anos, muito menos podia contar com Evan para carregá-la nas costas e pedir ajuda ao adulto responsável mais próximo. Em teoria, ela era a adulta responsável por si e pelas crianças atônitas, cujo choro foi interrompido pelo zunido do laser.

Esperando um segundo golpe — com direito a um tíquete de entrada para o reino dos mortos —, surpreendeu-se ao notar que este não viria. Os soldados se mostravam tão perplexos quanto os pequenos. Abandonando o estado de assombro, o mais velho entre eles repreendeu o homem responsável pelo disparo. O culpado abaixou a cabeça, anuindo, aceitando a reprimenda.

Após uma breve e ríspida troca de palavras na língua batasuniana, eles abaixaram as armas. Puxaram as crianças pelo braço e as empurraram na direção de Elena como o fariam com sacos de batatas. Tendo as entregado com tamanha delicadeza, os homens partiram sem dar explicações.

Elena piscou repetidas vezes, duvidando da confiabilidade dos próprios olhos. É isso mesmo, produção? A gente tá livre? Não é uma pegadinha?

— Ahp! — a menina apertou e chacoalhou a mão de Elena. — Ahp! — repetiu, tirando-a de vez dos devaneios.

Elena reagiu ao chamado, fitando-a com curiosidade. As tranças esverdeadas da garota combinavam com os olhos de avelã dela. Assim como o garoto, vestia túnica e calças bege. As roupas sóbrias davam-lhes a aparência de adultos em miniatura, embora somente o mais velho se portasse como tal.

— Você não é daqui — o menino manifestou-se. — Estranho... — apontou para a menina, sua irmã, com um cabecear. — Ela ainda não aprendeu o idioma universal — esclareceu.

Ele dirigiu-se à irmã, explicando a situação em seu idioma. Ela se entristeceu ao receber a informação de que Elena não a compreendia.

— Você não é um deles — ele fez outra observação precisa —, mas... — franziu o cenho, procurando por um brasão. A desconfiança dele era plausível, visto que o uniforme de treinamento não possuía nenhum símbolo de identificação.

— Pode ficar tranquilo, eu estou com os mocinhos — tentou passar segurança. Percebendo-o ainda desconfiado, deu um sorriso torto, marcado pela dor que não conseguia mascarar. — Do lado do cara da foto — completou.

Os olhos estreitados dele saíram de Elena e foram para o retrato de Reuben.

— Não melhorou muito a sua situação — ele cruzou os braços. Apoiou a mão no queixo e tamborilou os dedos nos lábios, avaliando se poderia confiar ou não na moça. — Eu sou o Yochanan e esta é a minha irmã, Ziva — passou a mão por cima dos ombros dela e a trouxe para si.

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