7 || Adeus, suor!

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Inclinado sobre a balaustrada, Evan esfregou os olhos vigorosamente. Vestia um conjunto de bermuda caqui e camisa branca de mangas curtas. Faltava-lhe o icônico cinto da Armani, a camisa estava parcialmente desabotoada e a bainha dela esvoaçava. Contudo, mesmo sem a camisa para dentro da bermuda, aquele homem aparentava ser o bom e velho Evan.

Suas novas/velhas vestimentas o desagradavam, entretanto, foram um santo remédio para os olhos cansados de Elena. Ela estava farta de novidades. Sentir o gosto do velho mundo ao aproximar-se do Evan de sua infância foi reconfortante.

— Pelo visto alguém sabe me dizer onde encontro um chuveiro por aqui... — Acotovelou-o, fazendo-o se afastar um pouco. — E essas roupas? Será que eu ganho umas também? — Debruçou-se ao lado dele.

— Várias. Feitas sob medida, ainda por cima. — Estalou a língua. — São bons stalkers, mas não atualizaram meu guarda-roupa. Espero que tenha mais sorte com o seu.

— Sorte? Se existe uma coisa que eu não ando tendo é sorte. Nesse meio tempo, eu me perdi no mato e trombei com a capitã. E não para por aí! Adivinhe só quem vai ficar sem jantar por causa dessa burrada...

— Porra! — Meneou a cabeça. — Eu devia ter guardado alguma coisa pra você. Quando não te vi no refeitório, pensei que tinha sido um atraso bobo e saí de bolso vazio. Mil desculpas, Elle. Essa tá na minha conta também.

— Deixe disso! Não foi culpa sua. No seu lugar, com a fome que estou, eu seria capaz de nem olhar pros lados se eu tivesse na frente de um prato de comida.

Elena pousou a mão no antebraço dele. Nisso, ele notou os pequenos pontos vermelhos de sangue coagulado nos dedos dela, no entanto, decidiu não comentar sobre o ferimento.

— Nada de se culpar, ok?

Ele assentiu, apesar de se sentir ainda mais culpado por não ter evitado que ela se machucasse.

Elena sondou o local sem sair do lugar. A casa, minimalista e sofisticada, combinava com o resto do ambiente no qual estava inserida.

— Aqui é tão chique! — Suspirou, ainda admirando o acabamento do teto. — Os quartos são com suíte ou eu vou precisar andar quilômetros pra chegar numa casinha de madeira e conseguir tomar um banho?

— Detesto te desiludir, mas no quarto só tem uma toalete. Chuveiros e banheiras ficam no final do corredor. E... — ele prolongou a vogal, tangenciando o assunto, mesmo sabendo que, se não fosse direto, ela ficaria possessa — eu sei o quanto você detestava os vestiários da escola, então adiantarei algo que talvez te desagrade.

— Desembucha, Ev! Qual é a bucha da vez?

— O problema é que o banheiro daqui é bem... coletivo.

— Sabia que tinha um "porém"! Impressionante como nada tá tão ruim que não possa piorar — grunhiu. — De qualquer modo, obrigada. É bom saber que, no meio desse show de horrores, posso contar com você; nem que seja só pra me fazer companhia enquanto me dou mal.

— É o mínimo que posso fazer. — Aproximou-se dela. — Eu, você, nós — ofereceu-lhe a mão.

— Para o que der e vier — terminou a fala num bocejo enquanto entrelaçavam os dedos mínimos.

— Você precisa descansar — apontou ele. — Consegui dar uma boa volta e decorar pontos estratégicos pra analisarmos depois, com calma. Podemos começar amanhã. Arranjaremos um jeito de sair daqui, ouviu? — Apertou a mão dela, passando-lhe segurança no que dizia. — Não passará do fim de semana.

Mentir sobre as chances deles corroeu Evan por dentro. No entanto, ele sabia que se sentiria pior caso dissesse a verdade. O pouco que investigara suscitou doses maiores de desconfiança e o princípio de uma indignação que o seguiria dali em diante.

Planeta LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora