71 || Dona Nenê

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"Abracei a mãe, encostei meu rosto no dela e pedi proteção. Senti as lágrimas delas se misturarem às minhas."

— Conceição Evaristo, em "Olhos d'água"

— Conceição Evaristo, em "Olhos d'água"

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Erori, Eumin

13933 A. L. – 11h pós-Lunaris

Acordou em um solavanco. Presa na Masmorra, sob o palácio de Eumin, teve o seu despertar acompanhado por um brado retumbante.

— Elena! — Foi o grito de desespero que subiu pela garganta de Luna e terminou em uma voz esganiçada, arranhada.

— Em breve ela se juntará a você — anunciou uma voz masculina.

Entreviu a forma de um homem. Encoberto pelas sombras, não passava de uma silhueta dotada de uma voz agradável aos ouvidos.

O clima de mistério lembrou-a das maratonas preguiçosas de domingo, quando Elena abusava da gatonet para dar início à "sessão da tarde".

Sua filha se superava em suas aventuras de pseudocinéfila. Além de assistir aos trilhões de filmes de ficção-científica e clássicos datados de meados dos anos 2000, aos finais de semana Elena alugava a única televisão da casa para assistir séries e minisséries com temática investigativa.

Com um balde de pipoca e uma panela de brigadeiro, sua filha transformava a apertada sala de estar em um cinema cinco estrelas. E Luna, por tabela, assistira vários episódios de "Law & Order", "CSI", "Criminal Minds", "Arquivo X" e documentários sobre assassinos em série.

Elena. Elena. Elena. Elena. Elena: seu recorrente pensamento.

Contudo, sua Elena não estava ali. Por enquanto, segundo a voz do além.

Dúvidas povoavam sua cabeça confusa. Ainda zonza por ter sacolejado ao longo de bilhões de anos-luz e se materializado naquela cama gélida, Luna focava-se em não vomitar na frente do seu sequestrador.

O bate-e-volta das inseguranças em nada ajudavam na tarefa de organizar os pensamentos e acalmar o estômago. Deveria confiar no potencial vilão escondido no escuro ou no seu vasto conhecimento sobre criminosos ficcionais? Deveria procurar um balde ou um vaso sanitário?

— Calma — pediu-lhe —, ela virá ao seu encontro. Tudo fará sentido em instantes.

Beleza, senhor Estranho. Confia. Eu estou acreditando muito. Aliás, quem é você pra brincar com coisa séria? Quer manchar o nome da minha filha? Que Deus a tenha! Daqui a pouco vai dizer que o meu marido virá no bolo dos mortos-vivos... Capaz!

Pense, Luna, pense...! Talvez aqui seja o purgatório e o tal misterioso é o anjo da morte que une as almas perdidas. Faz mais sentido.

Seus olhos demoraram a se adaptar ao cômodo mal iluminado.

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