6 || Olá, estrada de tijolos amarelos!

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O sol se punha, seus raios avermelhados inundavam os sinuosos espaços entre as copas das árvores. Os pequenos feixes de luz incidindo nas pedras douradas, encaixadas perfeitamente como num quebra-cabeça, deixavam-nas consideravelmente charmosas. Lembrou-se da estrada de tijolos amarelos de Oz e esperou ser conduzida a um destino fantástico.

Totó, eu tenho a sensação de que não estamos mais no Kansas [1], evocou a citação. Elena assistira ao filme incontáveis vezes. No entanto, não tinha esperança de encontrar belos pássaros além do arco-íris ou um mágico poderoso que a levasse de volta à Terra.

A princípio, desconfiou da utilidade da ideia de Evan. Aquela caminhada não parecia levá-la a lugar algum. Depois de andar um pouco e afastar-se daquela insanidade, ensaiou um agradecimento para quando o visse novamente.

Andar em meio à natureza, com a quietude do canto dos bichos, ajudou-a a espairecer. Amanhã ou depois, estaria em casa, ouvindo as broncas de sua mãe por conta do sumiço; retomaria sua vida normal e reclamaria de banalidades.

Por ora, cumpriria o combinado e analisaria minuciosamente o lugar à procura de uma brecha. Poria sua cabeça em ordem, dançaria conforme a música e, quando menos esperassem, voltaria ao seu mundo.

Interrompendo suas maquinações, alarmando-a, folhas farfalharam atrás de si. Automaticamente, virou-se na direção de onde pensava vir o barulho.

Ninguém, aliviou-se.

Ao recomeçar a caminhar, tornou a ouvi-lo. Incomodada, virou-se nova e bruscamente. Aproximou-se a contragosto, cogitando desviar sua rota e adentrar a mata. Seus instintos alertavam-na com um sonoro: "Não, Elena! Não faça isso! É assim que as pessoas morrem!". Seu corpo, por sua vez, ignorava a prudência e se deixava ser guiado pela curiosidade.

Afastou-se mais do que pretendia, entretanto, considerou o risco corrido bastante válido. Uma risada escapou-lhe ao encontrar o tão temido potencial serial-killer que a espreitava. Uma pequena criatura, semelhante a um esquilo, passeava pelo chão. Com o barulho das passadas dela, ele se interrompeu e a encarou.

— Foi você quem me assustou, amiguinho? — Agachou-se e estendeu a mão para ele. — Quer me acompanhar? Vou logo dizendo que sou uma péssima aventureira, mas uma ótima companhia.

O animal chegou mais perto e cheirou sua mão, pareceu ponderar o convite, como se a entendesse. Por fim, demonstrou a rejeição do pior jeito; mordeu os dedos dela.

— Cacete de esquilo! — gritou. — Onde você pensa que vai, seu infeliz? — interpelou-o ao ver o esquilo, que agora não parecia um animal indefeso ou convencional, abrir suas asas membranosas e alçar voo, sumindo na confusão dos galhos das árvores.

É hoje que minha raiva evolui de sentimento pra doença, apertou os dedos com força para amenizar seu incômodo.

Aturdida pelo ardor da mordida do bicho, perdeu a noção de tempo e espaço. Vagou, inconsolável, desvendando as profundezas do bosque.

O sol havia cumprido seu papel e desapareceu no horizonte. A noite pegou-a completamente desprevenida.

Possessa pela escuridão, a trilha desapareceu gradualmente. A pulseira fornecia uma luz fraca, pior até do que a lanterna de seu celular que, por infortúnio, fora confiscado — como se possuísse tecnologia de ponta, com um alcance monstruoso, capaz de permitir comunicação fora da Terra.

Caminhou mais um pouco, redobrando o cuidado para não escorregar e cair à toa, como era de seu feitio. No entanto, era impossível andar sem pisar em falso ou tropeçar quando não enxergava um palmo à sua frente. Cansada física e mentalmente, escorou-se no tronco de uma árvore, inspirou e expirou profundamente e perguntou-se:

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