76 || Lentos e furiosos: Operação Eutsi

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"Em três coisas se unem os amigos:
São irmãos na miséria,
Iguais ante o inimigo,
E livres diante da morte!"

— Friedrich Nietzsche

Saíram de fininho, devagar e sempre

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Saíram de fininho, devagar e sempre. Embora o momento exigisse uma ação imediata, não podiam se descuidar.

Reuben desapareceu num aparente canto morto do corredor, uma das muitas reentrâncias nas paredes, meros caprichos arquitetônicos das savrenes que projetaram o palácio. Elena seguiu os passos do pai e lançou-se de encontro às pedras, torcendo para não ser a trouxa barrada na plataforma 9 ¾ .

Para sua surpresa, magia alguma foi necessária para atravessar aquela parede. Ela não passava de um holograma de altíssima qualidade, cuja ilusão vinha a calhar — dado o seu propósito. Ao contrário do labirinto do pânico construído por Ekaitza, fora planejada para ser uma rota de fuga para ataques reais, não um lugar para se esconder de perseguidores imaginados.

Os corredores eram iluminados, porém, estreitos e traiçoeiros o suficiente para confundir quem não estivesse habituado a percorrê-los. No entanto, Reuben estava longe de ser um estranho e sabia de cor o destino de cada passagem. Espremendo-se para acompanhar o rei sem se perder, o grupo se dirigiu ao arsenal do palácio — onde costumavam guardar armas apreendidas.

Emergiram em um mais um beco esquecido, sem sombra de movimentação, a alguns metros de distância de uma porta reforçada, vigiada por uma dúzia de guardas e muitas dúzias de câmeras, sensores de movimento e alarmes, que fazia segurança da prisão de Alcatraz parecer com a de um parquinho. Diante dessa proteção caprichada, precisavam da força do amigo lá de cima mais do que nunca.

Por sua vez, o amigo estava a dois passos à frente deles. Enquanto o grupo vinha com o milho, Kai já gritava "minha gente, o cuscuz tá pronto". Adiantara-se tanto que, ainda durante o percurso, eles puderam notar a estranheza no ar... e a ausência de reação da guarda diante da aproximação do pessoal não autorizado.

Desse modo, garantiu-lhes tempo para pensar em como invadiriam o local. Embora a ameaça maior estivesse neutralizada, o embate dos 8 contra 12 soava pouco vantajoso quando se analisava para além dos números. Não havia como prever se algum dos quatro restantes acionaria o comunicador backup ou simplesmente escaparia e chamaria mais amigos para a festa.

Elena cruzava os dedos, cogitava eventos elaborados, torcia para qualquer plano miraculoso bem sucedido cair sobre seu colo. A realidade, por sua vez, apresentara uma alternativa mais simples.

— Algum de vocês fica invisível? — Luna, até então excluída da contagem de combatentes, levantou a questão.

Herdado não é roubado. Elena fez uma careta, envergonhada. Depois ninguém sabe a quem eu puxei... Isso é coisa de dona Carmen! Viu uma fada com poder de heroína e já acha que somos os X-men, mutantes interestelares unidos em prol da missão de salvar a Terra da devastação de um alienígena com delírio malthusiano.

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