81 || Ruína

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"Coragem é a resistência ao medo, domínio do medo, e não a ausência do medo."

— Mark Twain

Quando Elena, Hujo e Kai alcançaram o incidental campo de batalha já era demasiado tarde

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Quando Elena, Hujo e Kai alcançaram o incidental campo de batalha já era demasiado tarde. A rápida destruição das forças que faziam frente aos soldados adversários ruíra em tempo recorde. Não houve como parar aquela onda de destruição. E, pelo andar da carruagem, não haveria como contê-la em um futuro próximo.

Visão do passado alguma havia preparado Elena para encarar a visão do presente. Os pés ligeiros pisando as poças de lama, os mesmos solados que tocaram o chão há pouco atingiam suas vítimas com pontapés brutais, corpos estraçalhados batiam com força nas pedras do caminho. A cada queda de um aliado, ela deparava-se com uma miríade de requintes de crueldade.

Podia ser comigo. Posso ser a próxima, pensava a terráquea enquanto avançavam cautelosamente. Temia não somente pela própria vida, também se preocupava com como seria seu próprio fim e se haveria tanto sofrimento envolvido. Diante daquela vista infernal, das mãos estendidas que, no lugar de uma ajuda milagrosa, encontravam lâminas para decepá-las, lágrimas de desespero acumularam-se no canto dos olhos de Elena sem, no entanto, cair. Não era hora de chorar. Era hora de agir.

Precisava, primeiro, salvar sua pele para, só então, salvar o reino (ou ao menos garantir um amanhã digno para o povo de Eutsi). Precisava de meios para persistir e enfrentar os inimigos, entretanto, duvidava que os encontraria com facilidade. Lembrou-se da recomendação de Luuk, para evitar o conflito em vez de bater de frente com rawines. Se possível, recordou-se das condições de fuga. Naquela ocasião, não havia outra opção. Não tinha para onde correr.

— Estamos contigo — declarou Kai, tocando de leve no antebraço de Elena, ao perceber o que se passava na cabeça de Elena.

— Três contra todos — assegurou Hujo, apertando o ombro dela em um gesto afirmativo. — Ninguém aqui vai enfrentá-los sozinho.

Logo uma luz se acendeu no interior de Elena, clareando sua mente e varrendo qualquer dúvida. Ganhando ou perdendo a luta, já havia vencido a maior das guerras. Seu tesouro imaterial, que dinheiro algum poderia comprar, permaneceria ao seu lado. Lutaria até o último suspiro pelo trono de sua família.

Então veio a primeira prova para testar sua fé.

Uma brutamontes de feição carrancuda e armas em punho abordou-os assim que avançaram um pouco mais em direção ao epicentro da batalha. Como Zoya, munida de pequenas facas muitíssimo afiadas, não hesitou em arremessá-las. Sem demora, Kai correu para a frente de Hujo e Elena — ambos usuários de armas de duas mãos — com seu escudo ativado para protegê-los. As facas ricochetearam e caíram no chão, próximas a eles.

Insatisfeita com o fracasso de sua primeira investida, a rawine puxou um facão da bainha em suas costas. Elena sentiu suas pernas vacilarem quando a mulher empunhou a arma e correu em sua direção. No entanto, embora abalada, manteve-se firme em sua resolução. Não estragaria a formação para escapulir e vagar a esmo, à procura de um abrigo que não encontraria.

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