Nota de esclarecimento: os pensamentos preconceituosos e estereotipados a seguir não condizem com a opinião da autora. É só uma personagem feita à base de eufemismo e humor ácido (lê-se sátira).
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— Aguente firme — suplicou a voz.
Já não era mais um eco distante. Fosse quem fosse, estava perto de si e pressionava seu peito como se não houvesse amanhã. E, na condição em que se encontrava, não haveria.
Não dá mais pra aguentar, quis gritar. Sua boca ressecada e a garganta preguiçosa, paralisada pela falta de impulsos nervosos, o desobedeciam.
Sinto muito, pensou Evan. Havia desapontado outra vez. Pelo visto, nem na hora da sua morte a culpa lhe daria um descanso. Partiria em desassossego.
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— Perdemos de novo — disse ela, amuada. Olhava de esguelha para a irrisória linha no monitor de sinais vitais. Era a terceira vez que o coração dele parava de bater. — Ele não vai aguentar outra parada.
A certeza mórbida na fala dela indicara que a medicina dos mortais havia falhado. Insistir em medidas vãs era desperdiçar tempo que não dispunham. Estavam abusando da confiança dos demais e impondo mais riscos à saúde dele ao desviar a unidade de socorro dos propósitos desta.
— Faça — pediu-lhe, objetiva. Havia um quê de frieza desesperada na voz dela.
Afastou-se, dando espaço para o impossível acontecer.
— Está tudo bem. Estamos indo ao hospital do quartel e nada de estranho se passou. — Reforçou o pensamento.
Seu megafone psíquico afetou os demais tripulantes da nave de resgate. Do piloto aos socorristas, todos se convenceram. A história para boi dormir andava funcionando. Ela só esperava que o efeito da hipnose durasse o suficiente para mantê-los bem longe da cabine de estabilização. Iniciariam um processo crucial e não precisavam de um rebanho de curiosos contemplando algo que sequer compreendiam.
Quando dedos pequenos e sardentos se estenderam na direção de Evan, a outra alertou-a:
— O suficiente pra ele sobreviver e se recuperar um pouco mais depressa, ouviu? Nada de extravagante.
O milagre não poderia levantar suspeitas. Se o defunto se levantasse antes mesmo de cruzarem a Redoma, seria o equivalente a montar um letreiro de "culpadas" com uma seta enorme apontando para elas.
— Sem extravagância, ok... — assentiu, insegura. — Nem no rosto? — Arqueou uma sobrancelha.
Ela olhou para o corte, tentada a deixá-lo cicatrizar à semelhança do outro lado da face dele. Suspirou profundamente, reunindo forças para tomar a melhor decisão.
— No rosto pode — consentiu a contragosto. — Deixe como estava antes, por favor.
— É pra já, hiza. — Impôs uma das mãos sobre o peito dele e a outra sobre a bochecha.
Detestava ter de apagar os "defeitos" que tanto capturavam sua atenção, mas respeitava a vontade de Evan. Aturar outra cicatriz só lhe traria mais lembranças sombrias.
Das mãos da caçula se irradiava uma luz amarelada. O cômodo foi preenchido pelo clarão sobrenatural. Quem passasse de longe e visse a estranha luminosidade escapando pelas frestas da porta — e transformando os vidros daquela ala em refletores — diria que algum experimento macabro se passava na sala; que o dr. Victor Frankenstein sairia dali gritando: "Está vivo!"
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Planeta Luz
Ficção Científica+16 | Completo | Um acontecimento inusitado leva Elena à maior aventura de sua pacata vida: uma jornada ao Planeta Luz. Perdida neste incrível mundo, ela precisa se encontrar em meio ao caos e lutar contra forças desconhecidas. A força de Elena Fern...