20 || O Pântano | Tão, tão distante| 1

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Uma nova semana começava. Os dias também eram iguais, tal qual as noites, o que por si só já era melhor do que toda a sua vida em Rawin. Não precisar escalpelar contraventores logo pela manhã melhorava o seu apetite.

Seu trabalho era monótono na maior parte do tempo. Isso também a agradava. Zoya quase poderia dizer que estava feliz. Quase.

As avaliações iniciais haviam sido feitas. Os resultados provaram-se previsíveis. No topo do ranking estavam Hujo e Hae'Milija. O convencido e a perfeccionista. Não se surpreendera. Sequer precisara esquadrinhar os arquivos para delinear um perfil completo dos dois.

Desde o primeiro dia de treinamento buscara analisar a todos, conhecer suas particularidades, dispensando conversas para alcançar tal objetivo. Como boa observadora, deduzira corretamente a natureza daquelas pessoas.

Hujo, por tanto desfrutar de conquistas fáceis, acomodara-se com o topo e não feriria seu orgulho com uma má classificação. Hae'Milija tinha motivações insondáveis, seus trejeitos não revelavam sua essência a Zoya. Contudo, a capitã reparara que ela partilhava da vaidade dele. Falhas a devastariam.

Apesar das motivações nada nobres destes, os dois com suas obrigações e aliviavam Zoya. O nível da maioria dos recrutas era alto e os escores satisfaziam seus superiores — que contavam com a equipe de treinadores para entregá-los soldados eficientes o mais rápido possível.

Tinham completado a primeira rodada de treinamento de capacitação física e uso de armas brancas sem muitos problemas. Havia chegado a hora de avançar, de submetê-los a uma experiência crua, próxima da realidade, antes de prosseguir com as técnicas de combate e armas de fogo.

Era hora de testá-los no Pântano.

Elena deu algumas garfadas no café da manhã e se sentiu enjoada

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Elena deu algumas garfadas no café da manhã e se sentiu enjoada. Há dias seu apetite beirava a inexistência. Ela afastou o prato, sentindo uma leve repulsa pelo cheiro dos alimentos.

— Desse jeito você vai desmaiar de novo — Evan comentou, engolindo a comida de vez para não falar de boca cheia e limpando a boca com o dorso da mão.

— Estou sem fome — retrucou.

— Mesmo assim deveria tentar comer mais. Luuk me disse que hoje partiremos pra um treino ao ar livre. Não faço ideia de como será, mas aposto que não vai rolar uma trilha pra relaxar.

— Animador. — Ela revirou a comida no prato, forçando-se a comer mais um pouco, mas logo largou o garfo. — Estou exausta, Ev! Passei a semana inteira dolorida. Sei que já é um avanço se eu levar em conta que mal conseguia andar depois dos treinos até semana passada, mas... Só quero uma folguinha pra respirar. Me bate uma vontade enorme de mandar os responsáveis por essa palhaçada irem pra casa da porra.

Qualquer coisa, eles que me prendam numa gaiola. Cansei de me submeter a isso. Estou me machucando e passando vergonha a troco de quê? Daqui a pouco posso até virar presidente do Clube dos Perdedores. "Perdeu tudo! O drama de Elena: morando de aluguel na lanterninha."

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