O barulho de preces silenciosas preenchia o deck. Ninguém — exceto Luuk, com seu otimismo surreal e o embevecimento de ser amado — transparecia segurança. Voavam alto, quilômetros e quilômetros acima das nuvens. Incógnitos — assim esperavam.
A nave dispunha apenas de analógicos. As turbinas eram discretas, emitiam um ruído quase imperceptível. O dispositivo de camuflagem, em teoria, garantiria um voo tranquilo. Todavia, nenhum destes servia como garantia de sucesso.
Torciam para aquelas medidas de precaução serem o suficiente, ao menos para permanecerem indetectáveis enquanto atravessassem as fronteira. Não precisavam de guardas ao seu encalço tão precocemente.
Guardas os perseguindo em outras naves, de fato, evitaram. A estrela cadente vindo na direção deles fora inevitável. Quando fora detectada, já era tarde demais. Hujo amenizara o impacto do míssil com uma manobra evasiva. Entretanto, era engenheiro, não milagreiro.
CABUM! Ouviu-se o estrondo, como nas histórias em quadrinhos. Mau funcionamento, pulsava o alerta no painel de controle. Hujo fazia o possível para mantê-los em voo. Conseguira ganhar tempo para pousarem no sentido oposto ao do lançamento do projétil. O pouso, por sua vez, não fora amigável.
Aos trancos e barrancos, com direito a todos apertando a PQP — alças de segurança dos assentos da nave semelhante à do banco de passageiro dos automóveis da Terra —, pousaram em um aterro sanitário nos arredores da capital. O bipe do painel ainda cantava, cabos de energia expostos faiscavam, a turbina direita fumaçava, perda total. Perderam também o jeito fácil de bater em retirada.
Desceram da nave com a calma de quem escapa um estabelecimento em chamas: nenhuma. Com a escada de emergência consumida pelo fogo, as fadas desembarcaram os demais na velocidade da luz. Ninguém esperaria a bomba-relógio explodir. Tendo abandonado a nave, dispararam para longe dali.
Neve amarronzada, contaminada pelo chorume, recobria o solo e demarcava seus passos, deixando um inconveniente rastro que precisava ser apagado no ritmo do seu avanço. O lugar era pouco vigiado. Raras câmeras. Ocasionalmente precisaram se esconder atrás das pilhas de detritos. O único guarda cochilava na guarita, de frente para as câmeras, como se pudesse monitorá-las de olhos fechados.
Fácil demais, pensou Zoya. Após tanta comoção, os erorianos — até então com a mão pesada sobre as armas — não aliviariam para o lado deles e nem precisaram de ajuda para segurar a barra que era enfrentá-los. A capitã mantivera-se à frente do grupo, desconfiada, com olhos na nuca. Mesmo depois de saírem dali, um alerta ecoava em sua mente. Havia algo de errado. Errado. Errado. Errado.
Erori, Eumin
13933 A. L. – 10h pós-Lunaris
Ainda sem sinais de soldados inimigos ou da patrulha da cidade, nem sequer tendo sombras atrás deles, seguiram o fluxo do movimento local. Tinham adentrado em um caricato bairro cyberpunk, onde a modernidade, os prédios altos e letreiros brilhantes, dividiam espaço com os becos escuros nos quais ocorriam trocas escusas (ou vendas ilícitas).
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Planeta Luz
Science Fiction+16 | Completo | Um acontecimento inusitado leva Elena à maior aventura de sua pacata vida: uma jornada ao Planeta Luz. Perdida neste incrível mundo, ela precisa se encontrar em meio ao caos e lutar contra forças desconhecidas. A força de Elena Fern...