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A mulher ainda andava na direção delas, mas já era bem visível pelo cabelo branco e brilhante, quando chegou a elas Elari entendeu o porquê. Ela era enorme, mais alta que muitos machos e mais imponente também, ela tinha uma expressão severa que incluía sobrancelhas juntas e para baixo formando uma carranca irritada que emoldurava olhos que lembravam brasas em vários sentidos, furiosos era um deles.

- Elari Varhalarom e Jasti Marest. Nenhuma das duas honra os nomes? Vão se atrasar em seu primeiro treino?

Jasti cruzou os braços longos e bronzeados.

- Meu nome me permite atrasar. Brigue com a esquentadinha aí.

A mulher ergueu as sobrancelhas simulando surpresa.

- Não sabia, majestade. Agora, - ela deu um passo para o lado e apontou para o corredor de onde tinha vindo - direto para as cem flexões que mencionei. As outras estão dispensadas.

As empregadas se curvaram e saíram às pressas.

- Você também, noventa flexões, por ter mantido a boca fechada.

Elari não via sentido em confrontar aquela mulher tão maior e em absoluta certeza mais forte que ela em palavra e braço. Por isso se pôs a andar logo atrás da escândalo.

Elas foram para uma espécie de sala de treino, parecida com a usada por
Rahir no dia anterior, mas aquela era aberta, no lugar de duas paredes haviam colunas sustentando o teto e dando vistas a grama verde e bem cuidada, mais ao longe, árvores fontes e estátuas, uma visão e tanto não fosse pelos braços que pareciam ao ponto de se partir em quatro pedaços no mínimo. A conselheira Golynda as pôs para cumprir as flexões apoiadas nos degraus, com os pés na grama e o sol forte da manhã nas costas, Elari se perguntava se com aquele peso e força a ferida não reabriria, se conseguiria fazer noventa flexões antes de perder os movimentos. Coisa que realmente não fez, quando estava na quarta, escândalo já tinha suado tanto que as mãos escorregaram e ela bateu o rosto na rocha branca. Elari paralisou de susto e Jasti soltou um grito agudo e ensudecedor. A conselheira e treinadora Golynda foi até elas calmamente, o que deixou Elari apreensiva, pois até mesmo ela tinha se preocupado com a cabeça da escândalo que chorava e fazia o máximo de cena possível. Golynda se abaixou e segurou o rosto da garota o analisando como se fosse uma obra de arte de um artista já finado. Uma grande área vermelha tinha formado uma mancha na pele dela e um calombo crescia, ia ficar feio e inchado.

- Tudo bem. Vocês não conseguem fazer isso ainda. Vão correr.

- O quê?

Golynda deu dois tapinhas no ombro dela, Elari finalmente saiu da posição em que tinha congelado e agradeceu mentalmente a escândalo por ter lhes livrado de algo impossível para algo pouquíssimo provável de ser feito. Nem mesmo a falta de peso tinha compensado o sedentarismo de Elari e ela tinha ganhado alguns quilos nos foi últimos meses.

- Se quiser algum tônico ou tratamento, vai ter que terminar quatro voltas ao redor do castelo.

A conselheira já andava para as portas duplas, falando sem ao menos olhar sobre o ombro.

- E não pensem que não estarei vendo. Tenho os melhores olhos, ouvidos e velocidade desse reino. Melhor até que o Rei.

Quando ela fechou as portas atrás de si escândalo estalou a língua.

- Qualquer Hetar é melhor que o Rei.

Elari se virou para a garota que agora tinha uma grande protuberância no rosto.

- Você realmente se acha um máximo por vir de família nobre?

Ela abriu um sorriso.

- Claro! Isso já me deixa naturalmente propensa ao poder. E você? Varhalarom na verdade é uma grande família. Me surpreendeu.

Os EternosOnde histórias criam vida. Descubra agora