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O sol brilhava intenso ao chegarem no continente, uma bela aurora porém uma visão desagradável. Elari mais uma vez, a última, esperava, colocava sua refeição para fora, Oldren podia entender, ainda a leve ondulação e mesclada ao odor pungente de peixe completada com a visão de uma cidade escura e decadente. Eles não iriam ficar ali e o ruivo tinha certeza que todos estavam satisfeitos com aquilo, mesmo o mais exausto e menos exigente entre eles, Ur torceu o nariz, Tharna fez uma careta, Rahir parecia disposto a se unir a Elari e a Marest realmente o fez. Elas não haviam sido as únicas com enjoo, porém foram as que mantiveram os vômitos todos os dias. O jovem viu Elari enjoar ao ver um cavalo então ela se juntou aos demais em uma caminhada. O mestre das armas foi à frente para garantir garanhões para todos, por enquanto apenas o Rei, o príncipe e Talio Varhalarom montavam os animais. Edone Varhalarom era o apoio de duas irmãs, os aprendizes seguiam silenciosos, já acostumados com longas caminhadas, os demais pareciam exaustos o suficiente para nem mesmo terem energias para questionar.

Eram uma pequena multidão de olhares derrotados e ombros caídos.
Os que estavam na rua paravam de andar, de vender, de falar, os que estavam dentro dos prédios iam para as janelas e portas para observar o macho que percorria as ruas, o rei, com sua aparência senil e coroada com garras.
Nem mesmo o orgulho do rei tornava aquele desfile mais glorioso, talvez ele usasse o poder que Elari afirmava que ele tinha, fazendo todos vêem algo diferente da realidade. Seria um Ansoo bem útil, o rei que criava espetáculos para seu povo e pesadelos para os inimigos.
Oldren também estava ficando cansado, não da caminhada ou viagem desgastante, mas daquele nada que preenchia seus dias.

Mais nada se prosseguiu por todos os dias até alcançarem Incantalar. A mais bela cidade do continente, que seduzia e atraia machos e homens de outros reinos, conhecida por árvores gigantescas e milenares, mais largas que uma casa e mais altas que os roxos extintos poderiam alcançar, a cidade circular, que cresceu em torno da maior árvore, gigantesca e rodeada das árvores de flores eternas. As casas ficavam à sombra das gigantes, as lojas sem muros ou trancas, era o segundo lugar mais seguro do Continente Negro e ainda, o povo confiava mais, aquele era o lar de origem da falecida rainha, dizem que o rei a encontrou enquanto ela vendia uma das flores eternas, outros diziam que ela lhe serviu uma bebida após uma luta, haviam muitas histórias sobre aquele encontro que os rendeu o rei mais vitorioso da história e ainda assim, conheceriam poder maior com seu filho, nascido da morte. Aquela história foi sussurrada por todo o reino, como o rei se recusou a queimar o corpo da esposa que carregava seu herdeiro, por tempos os negros se questionaram quem iria assumir depois, a morte de Seo Morthana era certa sem sua parceira, disseram que ele fazia atrocidades com o corpo, que a tratava como se estivesse viva e por anos, após retornar da guerra que o tomou a amada, se isolou ao lado dela em Capital, até que ele saiu do confinamento carregando um recém nascido, a forma como a criança emanava poder era a prova de que ele realmente era filho dos monarcas, conforme crescia tomava traços da mãe ao passo que mostrava ser capaz de superar o pai um dia.

Conforme eles prosseguiam sobre seus cavalos, com dias sem banhar, alguns torciam o nariz, outros se curvavam ao notar a presença de seu rei e príncipe.

Eles se dirigiam para o norte e Oldren podia ver enquanto avançava pela rua de pedra branca a enorme árvore cercada as outras com suas cascas brancas, ele sabia o nome delas, Tejianas, belas e ancestrais, já foram sagradas para alguns povos, queimadas por outros, símbolo de uma cor apagada do mundo.
O Palácio que os hospedaria não era feito de rocha como o outro, mas de madeira, enorme em extensão.

Ao chegarem nos portões Rahir se pôs ao lado dele.

- Me pergunto se algo ainda se sustentaria caso uma dessas árvores caísse.

Tharna o respondeu com a voz alta e audaciosa, pouco atrás deles.

- Talvez uma delas te esmague antes que possa correr.

Os aprendizes riram, o mestre das armas comandou que se calassem e eles avançaram.

O Palácio era frio, toda Incantalar era fria e parecia se esconder do sol, uma cidade escura para o povo negro, esconder-se nas sombras parecia ser algo que caia bem ao povo, se acolher em um lugar isolado, entre montanhas e um quase mar, era assi...

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O Palácio era frio, toda Incantalar era fria e parecia se esconder do sol, uma cidade escura para o povo negro, esconder-se nas sombras parecia ser algo que caia bem ao povo, se acolher em um lugar isolado, entre montanhas e um quase mar, era assim que chamavam o gigantesco lago Estur, gostavam de cantar em músicas que era o mar dos seres meio peixe meio negros. Steve estava ali há alguns dias, organizando e preparando tudo para a chegada do rei, de Elari. Ele não gostava de Incantalar, parecia perfeita, o pilar restante de um império, um pilar que poderia cair, mas o lugar era mais antigo que os deuses conhecidos, se manteve mesmo após tentativas de conquista de outras cores, de outros seres. Os servos começaram a se agitar, a correr de um lado para o outro e o general soube que eles haviam chegado. Ordenou que preparassem a refeição, que se colocassem à disposição e se certificassem que todos ficariam confortáveis.

Ele seguiu até a entrada, eles estavam à cavalo, o primeiro que viu foi o rei, o cabelo completamente branco, o corpo parecendo menor e mais frágil, depois veio o príncipe em seu auge, repleto de orgulho e determinação, em seguida Talio Varhalarom, ele reconheceria o macho há centenas de metros de distância mesmo com a aparência comum, ele sempre teria a postura do comandante da frota de Tesme. Então ele a viu, Elari, ainda jovem e bela, os cabelos negros escapavam da trança, os olhos verdes atentos a tudo, as mãos... segurando as rédeas firmemente, até se estender para as mãos de Kah Sung, que a ajudou a descer da montaria, o olhar que eles trocaram, apaixonados... aquele olhar o quebrou.
Ele também viu Edone desmontar, o amigo lhe lançou um olhar firme e ele acenou para confirmar. Kath, a pequena e esperta Kath correu para ele e assim que o abraçou ele viu que ela já não era mais a menina de quem tinha se despedido, estava mais alta, mais madura e ainda era quem parecia mais animada em o ver.

- Erkath, trate o general com mais respeito.

Meliah advertiu a filha e Kath se afastou, mas sorriu para Steve.
Ele também sorriu, até ver o florete na cintura de um macho, pertencia ao espadachim negro, se ele estava ali... seria em breve, a guerra.

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