As labaredas subiram altas quando o fogo foi aceso iluminando os rostos dos novos monarcas com suas coroas de metal frio, sombras também marcavam suas faces de eternidade, os olhos, prata e esmeralda, refletiam as chamas de formas diferentes, eles viam a morte de forma diferente, ambos agora eram órfãos de pai, ambos sentiram a morte lhes chamando. Os corpos, não só dos pais, mas de todos que morreram naquele dia, todos, inclusive dos vermelhos. Era direito de cada ser vivo naquele mundo ir ao fogo, era dever dos espiritualistas garantir aquilo e com exceção dos reinos que não aceitavam os espiritualistas, todos cumpriam aquele dever. Velar os mortos independente da sua cor. Porém não havia ninguém para lamentar a morte dos vermelhos, eles já viviam ao lado dela, sempre a vivenciando em cada momento, enquanto para os negros um massacre daqueles não seria esquecido, eles possuíam lembranças o suficiente os cercando, além do sangue que ainda manchava os gramados, as pedras e a destruição das casas, as árvores gigantes conhecidas pela sua antiguidade estavam cercadas de preto, os galhos da maioria, secos e quebradiços, as Tejianes, mortas, apenas uma sobrevivente permanecia, a de uma terra mais extrema e distante, a única fora de Incantalar.
As notícias do exército que havia sido cercado chegaram um pouco antes, também vitoriosos, porém tão abalados quanto eles, um ataque surpresa jamais tinha sido esperado dos vermelhos, não tão dentro do território dos negros. O inverno costumava ser cruel, mas aquela primavera de sangue seria mais histórica que qualquer inverno longo.
Eles possuíam poucas forças para substituir os derrubados, fêmeas e jovens inexperientes foram convocados para compor o Conselho.
O pequeno esquadrão das sombras reunido de cada canto do mundo, uma força altamente mortal, unida era o pesadelo percorrendo a superfície de um sonho e se emaranhando para a realidade, eles ganharam uma nova componente, a jovem de porte pequeno e olhos espertos. A rainha tinha seu próprio soldado rubro da morte ao lado e o rei... a metade de um espelho.Logo as notícias se espalhariam por toda a Corea, os Negros perderam uma batalha para os Vermelhos. O povo que não se submetia a nenhuma aliança, que não perdia uma batalha há séculos, derrotado pelo povo conhecido por ser o mais fraco. Talvez alguns cobiçassem invadir o território, tomar as riquezas do reino, usufruir da fertilidade da terra. Eles não podiam permitir isso, não podiam permitir que sua cor sofresse mais uma perda, eles precisavam gritar de volta. Eles precisavam mostrar a cor de suas chamas eternas.
O povo deixava suas lágrimas caírem nas cinzas daqueles que já foram suas forças enquanto o rei e a rainha sacavam suas armas, prata e esmeralda.
Os negros haviam sido derrubados, provocados e feridos, mas uma promessa foi sussurrada pela rainha ao ouvido de seu rei:
- Eliminaremos cada um deles.
E assim mais uma guerra nasceu, se na anterior o temido era o rei que tornava todos os pesadelos reais, naquela era a rainha com olhos brilhantes e toque frio, imune ao único veneno que poderia derrubar os negros, não, ela podia mudar aquilo com um breve pensamento, ela tornava o veneno mortal para eles, para os vermelhos, enquanto os Negros já não precisavam temer as feridas, ou as mortes reduzidas a quase nada devido ao trabalho da jovem com a bênção verde.
A guerra era injusta, todos sabiam, ela mostrava o quão esmagadora poderia ser a cor mais escura. E quando a promessa foi cumprida, quando não restava uma gota de vermelho no Continente Negro, eles ergueram seus olharem e avistaram além do mar.
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Os Eternos
FantasyO que fazer quando seu destino é se tornar aquilo que mais teme? A vida de Elari é regida pelo medo, medo dos seus iguais, dos vizinhos, dos irmãos e parentes e, temendo seu destino cruel de se tornar um deles, um monstro, ela se vê dividida entre d...