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Os relâmpagos cortavam o céu como um último aviso.

Talvez fosse, Elari se encolheu dentro do manto que o gêmeo usava, vermelho e cruel, Marjeana já havia voltado, Jyr era mais rápido, porém não podia sair de perto de Elari, a empregada desceu do cavalo e correu em sua direção.

- A senhorita está bem?

O trovão que parecia romper reinos inteiros a fez parar por um instante, o suficiente para observar os guardas que desciam de seus cavalos para erguer o corpo de Ginsa, um braço pendia, arrastando-se pela terra molhada, a morte era fria, ela se lembrou, o toque gelado do cadáver de Ginsa era o mesmo do de Aniela. Ela se perguntou se os cadáveres de convertidos também eram gelados, ou ficavam mais quentes. Não gostaria de saber tão cedo.

- Estou bem.

Ela respondeu, mas cada gota de chuva em sua cabeça era como uma agulha, o frio ainda estava ali e mesmo que já fosse primavera, sua respiração fez nuvens brancas se formarem à sua frente. Marjeana a guiou até a égua que trouxe consigo, não o cavalo dela, Elari montou, mas antes de partir olhou uma última vez na direção do corpo. Iriam queima-lo, depois de inspecionar o corpo, de saber o que o matou.

A jovem bateu nas laterais da égua e elas dispararam. Não pretendia ver algo do tipo tão cedo, mas algo lhe dizia que aquilo era apenas o começo.

 Não pretendia ver algo do tipo tão cedo, mas algo lhe dizia que aquilo era apenas o começo

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Oldren fez a reverência exigida pela corte. Tambem acompanhou o príncipe em silêncio até o escritório escuro dele, viu a sentinela silenciosa e cega, escutou o senhor negro o chamar de Var, ele tinha olhos opacos, que dificultavam saber qual a cor real deles, a pele marrom parecia uma armadura por si só, junto com a postura impenetrável. Craz não era nada como aquele macho, o mestre ao lado daquele era pequeno, assim como o próprio Oldren, quase se sentia uma criança, mas não era e sabia bem daquilo. As portas foram fechadas e o senhor não se sentou, ele estava tenso, ansioso, usava as tais vestes formais, caminhava silenciosamente como um felino e Oldren se perguntou se ganharia aquela mesma leveza com sua conversão. Se conseguisse, seria ainda mais ameaçador. Na verdade, ele seria tão ameaçador quanto aquele macho à porta, as histórias contavam muito sobre eles e a Dama branca, porém o ruivo sabia de suas habilidades, de como ele ainda podia melhorar e se tornar mais letal.

- Como está seu braço?

Ele não piscou, nem o príncipe.

- Recuperado em poucos dias, senhor.

Ele fechou os olhos, Kah Sung Morthana exalava perigo, Oldren tentava imaginar um embate entre eles, mas sem conhecer os reais poderes do senhor, não tinha como.

- A conversão também será em breve.

Uma afirmação, mas ele acenou. Raios cortavam as nuvens atrás do príncipe, era um brilho azul belo.

- Normalmente, mirens são enviados ao exército, assumem postos baixos e então crescem, nossos mais antigos chegam a comandantes de pelotões. Um, em general.

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