Elari olhava de um lado para outro no corredor, abrindo e fechando a porta do quarto diversas vezes.
Ela não fazia ideia de como convocar alguém naquele lugar imenso e vazio. Como poderia chamar alguém estando sozinha?
Andava de um lado para outro e abria a porta mais uma vez. Daquela vez, acabou assustando uma gorgan.
Marjeana pulou baixinho.- Aí está você!
Elari abriu mais a porta e se endireitou. A gorgan tirou a mão do peito e recuperou a compostura.
- Senhorita.
Ela se curvou. Elari limpou a garganta e tentou falar como uma senhorita.
- Você disse que se quisesse alguma coisa bastava lhe convocar. Mas como é que eu vou fazer isso se não tem uma alma aqui?
Marjeana desviou o olhar por um instante e depois ofereceu um sorriso grande demais a Elari. As mãos se juntaram à frente do corpo e Elari estreitou o olhar.
- Perdão, senhorita. Irei pedir que um guarda permaneça sempre próximo ao seu quarto para que quando quiser me convocar tenha alguém perto.
Ela entendeu o joguinho da "serva". Estava tentando escapar do trabalho, ainda mais depois daqueles dias a servindo. Elari era limitada ali, só e cercada de medos e justamente por isso dependia muito da empregada, mais do que queria admitir.
Desde a partida dos companheiros para o campo de treinamento ela estava mais só que nunca, Steve estava constantemente ocupado, mesmo com suas visitas a todo horário livre ela ainda não o via todos os dias e agora Elari estava sufocando em um quarto novamente e por não ter nenhuma escapatória estava descontando boa parte de sua agonia em Marjeana pedindo por água, comida e livros, os quais Elari havia a feito trocar várias vezes por ela trazer coisas tediosas inúteis.Marjeana também teve que pedir por mais e mais roupas para Elari já que a todo treino diário a escândalo estava dando um jeito de destruir as roupas da garota, claro, ela não escapava da vingança, com isso as blusas de Elari estavam ficando ainda maiores e ela sabia bem que aquilo era uma brincadeira dos empregados. Sua forma de frustrar-los era vestir a blusa por dentro das calças e abrir um sorriso satisfeito. O problema veio na última, com a gola grande demais, por isso teve que reclamar e agora a empregada estava de mal humor. Ótimo. O mundo estava contra Elari Arostoth.
- Apenas esteja por perto o tempo todo e não teremos problemas.
Elari imitou o sorriso dela.
Estava ficando cansada daquilo, sete dias longe de qualquer companhia humana e já estava prestes a explodir. Por que tinham que treinar do outro lado da montanha?
Marjeana reagiu estranhamente, ficando silenciosa e quieta demais.- Como desejar, senhorita.
Elari a olhou de cima a baixo buscando entender, mas decidiu que sua cabeça já estava cheia demais para tentar resolver o mistério da empregada.
- Quero que me leve ao general Norttal.
Marjeana sorriu.
- Agora, senhorita?
Ela hesitou. Podia ser mais uma pequena vingança vindo por aí, mas precisava de Steve, não o via haviam dois dias e precisava de um rosto conhecido, desesperadamente.
- Agora.
Marjeana abriu a porta do quarto e deu-lhe espaço.
- Siga-me.
E ela seguiu. Uma pena que a Conselheira Golynda a esperava. A mulher branca lançou um único olhar à gorgan para que ela saísse. Golynda analisou as roupas de Elari.
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Os Eternos
FantasyO que fazer quando seu destino é se tornar aquilo que mais teme? A vida de Elari é regida pelo medo, medo dos seus iguais, dos vizinhos, dos irmãos e parentes e, temendo seu destino cruel de se tornar um deles, um monstro, ela se vê dividida entre d...