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Havia alguma coisa naquela garota, Ed podia sentir seus instintos gritando que ela era diferente. Todo o tempo que passou ali depois de escutar Kath sussurrar que aprenderia a lutar mesmo que ele dissesse não, todo o tempo que ele prendeu e guardou toda a força que seu corpo possuía agora, ela apenas o observou, com aqueles olhos vermelhos e brilhantes. Estava escuro e por mais que ele e a irmã tivessem livros nas mãos, nenhum dos dois estava realmente lendo, na escuridão ele percebeu os traços que deixavam aquela garota tão estranhamente bela, os olhar era determinado e dizia que nada a assustava, o rosto tinha traços finos e delicados, mas o cabelo vermelho ajudava a identificar sua ferocidade, uma guerreira, poderia ser uma valquiria dos deuses. Mesmo a cicatriz que marcava seu rosto não a deixava menos bela, ele queria ter visto como era sem, como os deuses desenhavam suas valquirias para que os homens amassem a morte mesmo que significasse seu fim.

- Talvez seja melhor você ensinar a ela.

A voz, também era feroz, felina, baixa e poderosa ao mesmo tempo.

- Por que?

Ele não conseguia deixar de a incentivar a falar, ela era muito silenciosa e ele gostou de a escutar falar. A ruiva suspirou e colocou o peso do corpo sobre uma única perna enquanto cruzava os braços, a forma como a pouca luz se movia em seu rosto era fascinante, tudo nela gritava perigo e beleza.

- Se você não o fizer, ela achará alguém que o faça e pode ser pior, ou ainda, ela ser obrigada a aprender isso mais para a frente. Assim como sua outra irmã.

Ele tinha visto do que Elari tinha se tornado capaz, as mãos que antes só tocavam em livros se tornaram armas quase tão letais quando qualquer espada. Ed não havia gostado daquilo, mas não pode deixar de sentir orgulho com a vitória da irmã. Gerar ou não, ela seria uma conselheira convincente e o poder das palavras podia oprimir o das armas.

- Muito bem, então, por que está apoiando minha pequena irmã?

Ela rolou os olhos e mesmo aquele gesto o fazia ficar mais curioso.

- Machos se acham tão espertos, não é mesmo? Se observar bem, so estou lhe dizendo o óbvio, agora, se a invasão está encerrada, eu gostaria de retornar aos meus deveres.

Ele não conteve o sorriso, então se curvou e pediu licença.

- Senhorita?

Ela agitou a mão para ele e Ed saiu, a porta bateu atrás dele e por mais que Gemma tentasse transparecer indiferença com relação a eles, Ed via o olhar questionador dela, observando tudo que os três faziam. Ela tinha segredos e, mais uma vez, ele estava apenas mais curioso.

O general estava cansado, os céus mais escuros, tudo parecia convergir em acordo com o humor de Steve

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O general estava cansado, os céus mais escuros, tudo parecia convergir em acordo com o humor de Steve.

Eram as chuvas que lembravam que o inverno estivera ali, em Tesme seria um alívio, ali, no continente, só significava lama e fedor de couro molhado. O exército estava ficando impaciente, aqueles machos eram sedentos por sangue como as sangue sugas malditas que sempre estavam se grudando a ele quando banhava no córrego próximo, a água era gelada, mas a corrente aliviava mais que a água parada dos baldes.

Eram ordens, repetia para si mesmo, tinha se preparado para matar em nome do rei, Tinha se preparado para morrer, mas...
Ele suspirou, a carta que Savk havia trazido estava borrada, algumas palavras perdidas ele podia identificar, guerra, rei, Elari e casamento. Ele estava apreensivo, todas aquelas palavras juntas não era um bom sinal, enviada por Ed e por Gemma, eles estavam juntos, eles haviam se conhecido, algo de bom podia nascer daquele encontro, Steve ficava mais aliviado com a presença do amigo no Palácio, mas a carta... Ele suspirou e observou a ave se agitar e esconder o bico atrás de uma das enormes asas, aquele animal já foi o símbolo de um reino, um reino desolado, um que os conquistadores vermelhos derrubaram. Ele odiava aquilo, o sangue, as mortes, mas também entendia a necessidade de guerra, eles estavam se reerguendo, eram perigosos o suficiente para ser melhor atacar antes que se tornassem mais uma vez um grande império.

 Ele odiava aquilo, o sangue, as mortes, mas também entendia a necessidade de guerra, eles estavam se reerguendo, eram perigosos o suficiente para ser melhor atacar antes que se tornassem mais uma vez um grande império

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Elari não gostou do som que se seguiu ao clarão. O cavalo ficou agitado.

- Senhorita, acho que seria melhor retornarmos.

Marjeana tinha uma expressão assustada, Elari franziu as sobrancelhas para ela. A criada havia mudado naqueles dias, mais cautelosa e menos aforada, então ela se aproximou dela, o cavalo não ficava realmente parado, mas o forçou a se colocar de lado com o de Marjeana, a olhou nos olhos, os tranquilos olhos castanhos, olhos de uma felina.

- O que aconteceu? Nos últimos dias você está diferente.

- Perdoe-me senhorita. - Ela aparentava estar confusa - Se há algo de errado, me diga e farei sua vontade.

Elari abriu a boca para falar, mas outro trovão a cortou e uma cortina de chuva começou a cair sobre elas.
Os cavalos se agitaram mais e Marjeana tremeu.

- Senhorita, creio que seja melhor retornarmos.

Ela falou baixo como um sussurro, como alguém que temia algo na mata. Elari olhou para o outro acompanhante, o gêmeo ainda a seguia, ainda sobre os próprios pés. Ela não sabia se ficava irritada pela vigília constante ou simpatizava com o macho. Ela tentava acalmar o cavalo, o animal que era gigantesco e escuro como nanquim não parava de bufar e se mover de um lado para o outro.

- Calma...

Ela falou, mas com mais um trovão ele ficou sobre as patas traseiras e avançou com toda a velocidade, tudo que Elari pode fazer foi se segurar com toda a força para não cair, o aperto foi frágil e apesar disso conseguiu se manter sobre o lombo, ela escutou o chamado de Marjeana, porém já distante, alguns segundos se passaram até que o cavalo parou abruptamente e a lançou para trás mais uma vez, suas mãos não foram fortes ou rápidas o suficiente desta vez e ela estava no chão, viu o cavalo colocar as patas dianteiras no solo mais uma vez e seguir para trás, assustado com... com a sentinela de Kah Sung, ou dela. Só teve tempo de rolar para o lado antes que as pesadas patas ocupassem o lugar onde antes estava a cabeça dela, nisso colidiu contra uma rocha molhada, ou um tronco. Foi o que pensou até seu rosto estar de frente para olhos vitreos e opacos, o cheiro de podridão invadiu seus pulmões e ela reconheceu aquele rosto, era um dos que ganhou as adagas, o nome... Ela lembrava, Ginsa.

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