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Oldren colocou a mão sobre o coração e cumprimentou o general.

Steve apenas acenou com a cabeça.

- Está liberado, agora eu assumo aqui.

Oldren a olhou de soslaio, mas obedeceu e se afastou, observando o jovem ruivo sumir entre a multidão Steve se voltou para Elari e estendeu a mão para ela, um convite para dança, mas ela não a segurou.

- Vamos dançar?

Ele a convidou mais uma vez e a raiva dela fluiu para a superfície com o sorriso que ele deu.

- Para você me deixar sozinha no meio do salão também?

Culpado, era isso que ele era. Não importava se o rei tinha mandado, ele deveria cumprir a promessa e mesmo antes do rei ele não foi a ver, nem uma vez por dias e dias, justamente quando estava mais sozinha, ele podia ver cada pensamento dela em cada linha do rosto que estava ainda mais belo que quando foi a Tesme.

- Elari... Não vamos ter essa conversa aqui...

Ele olhou ao redor percebendo que alguns já tinham a atenção neles.

- Quando então? Depois que eu tiver sido condenada...

A eternidade, ele quase a ouviu dizer as palavras, viu os olhos dela se inundarem. A verdade era que tinha percebido que ela estava diferente desde que entrou, sentiu que o cheiro dela estava levemente diferente e que algo tinha acontecido, se questionou longamente se o rei estava envolvido naquilo, mas havia estado ao lado dele a tarde inteira e nada incomum ocorreu, já o príncipe... Ele também tinha chegado atrasado e o mais evidente, o cheiro dele estava marcado por um feminino, por um sangue que Steve reconhecia bem. Todos no salão notaram e principalmente os conselheiros fizeram perguntas pouco discretas, mas o senhor negro não revelou qualquer informação e a única pista deles era o odor, o rei também havia notado e um sorriso preenchia seu rosto desde a chegada do filho, planos. Certamente algo estava indo de acordo com os desejos dele.

- Elari...

A verdade era que ele pretendia tirar ela do salão, logo o restante das pessoas perceberia que o cheiro de Kah Sung estava nela e tudo seria interligado, logo ela seria rodeada por feras tão temíveis quando o groule, todos sedentos por poder e mesmo que isso pudesse significar pouco para o príncipe, ela era a primeira fêmea que tocou, que provou o suficiente para que o cheiro o marcasse.
Steve segurou seu braço e ela tremeu. Tremeu na mão dele, tinha feito errado, ela estava zangada e os sentimentos em um turbilhão, tudo que tinha conseguido superar com o convívio evaporou e terror tomou seu olhar.

- Não me toque.

Ela não se moveu, as palavras tinham sido baixas, pavor tinha a preenchido o bastante para que sequer tivesse forças para se mover. Ele a soltou sentindo ainda mais culpa, como podia ter esquecido daquilo? Ela ainda tinha medo deles, dele. Um passo para trás e ela baixou o olhar, outro e se abraçou, aquela tentativa de reunir calor para si, mais um e ela girou e saiu correndo pelo salão.
Ele estava devastado, ele a tinha feito sentir aquilo de novo, justamente quando iria embora logo e provavelmente não conseguiria a trazer de volta para si.

- Eu vou atrás dela.

O general se espantou com a voz, com o garoto Tewak, tinha escutado ele falar apenas uma vez antes e já havia esquecido, ele não esperou por resposta e já seguiu atrás dela, agora estava sozinho, quase todos o olhavam curiosos até que a voz do mordomo irrompeu pelo salão.

- O jantar está servido.

Logo eles se moveram, mas os sussurros ainda podiam ser ouvidos.
O último a passar por Steve foi o rei que parou rapidamente apenas para dizer.

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