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Os gemidos eram o único som que cortava o silêncio que havia recaído sobre o Palácio, boa parte da guarda estava morta, pouco mais de uma dúzia permanecia sem ferimentos graves ou veneno, conforme Ed caminhava pelos corredores, corpos eram encontrados aos montes, a grande maioria trajando vermelho enquanto os demais em armaduras prateadas com adornos azuis, sangue havia tingido o corredor, eles se dirigiam para fora logo atrás do espadachim negro, o macho havia os encontrado no quarto, Ed com a espada do pai na mão, a mãe e a filha junto ao corpo de Talio. O espadachim apenas lhes lançou um olhar e disse que o seguissem. Eles o fizeram e então entenderam que tudo havia acabado, que todos os vermelhos haviam caído. Meliah apertava Kath contra seu corpo como se quisesse impedir que a garota visse tudo, a caçula estava silenciosa mesmo ao passar pelos corpos, nada a deixaria mais horrorizada que ver a morte do pai diante de si.
Não, ela olhava para o irmão, sua mão ainda tremia, a mãe estava fraca e o espadachim era quem tinha acabado com tudo, ela sabia daquilo apenas ao olhar na direção dele.

Sim, ela sentia que seu coração havia sido rasgado ao meio. Sua visão do mundo já não era a mesma. Tudo não passava de uma competição para ver quem poderia matar quem, quem poderia viver mais e mesmo aqueles que teriam a eternidade, como seu pai, poderiam cair perante os que não teriam nem um século.

Aquele era o mundo, um lugar onde somente os que não temiam manchar as mãos com sangue poderiam viver. Era aquilo que ela teria que se tornar. E mesmo que fosse o que sempre havia sonhado, uma hetar, sua eternidade não seria assegurada. Não podia continuar sonhando com um nobre tomando sua mão e viver com ele em um Palácio de pedra, não, aquilo poderia ser facilmente destruído, aquilo podia lhe ser tomado por ser fraca e inocente demais. O mundo havia lhe tomado o pai e os sonhos... Não, não o mundo, os vermelhos. Ela teria que se moldar em uma arma que tomaria e não seria quebrada.

Eles estavam exaustos, os corpos e as mentes destroçadas, principalmente a de Oldren

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Eles estavam exaustos, os corpos e as mentes destroçadas, principalmente a de Oldren.
O ruivo teve de ser arrastado por Tharna e Rahir, levado para longe do corpo de Urgath como um saco de grãos. Ele que havia vivido tantos anos, tanto tempo sem um propósito, sem um sonho e no exato momento em que teve um, lhe foi tirado e negado irrevogavelmente. Talvez o problema fosse ele, talvez a culpa de tudo no fim era dele, por existir, por pensar que podia desejar algo. Luste colocou o príncipe do lado de Oldren, porém ele estava desacordado, já fazia um tempo e o ruivo se questionou por um momento porque aquilo começou tão subitamente, em um instante ele lutava esmagadoramente sobre os vermelhos, no outro estava de joelhos apertando o peito enquanto não havia nenhum projétil ou qualquer um sequer havia chegado a três passos dele. Ele olhou para o Palácio, a porta quebrada que ficava na entrada principal, o salão cheio de corpos e então o espadachim negro estava de volta, atrás dele vinha o irmão de Elari, a mãe e a irmã, ela, Oldren reparou, havia mudado, seu olhar não era o de uma garotinha que viu uma batalha sangrenta, mas o olhar de uma jovem que havia perdido tudo, alguém como ele. Aquele era o olhar dele depois que a irmã morreu.

Steve não tirou os olhos de Elari nem por um segundo que fosse, Gemma cuidaria da segurança, mas ele duvidava que qualquer um ousasse se aproximar com o monte de corpos em frente, ele podia ver a oficial ao lado, ela não se movia um centímetro, el...

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Steve não tirou os olhos de Elari nem por um segundo que fosse, Gemma cuidaria da segurança, mas ele duvidava que qualquer um ousasse se aproximar com o monte de corpos em frente, ele podia ver a oficial ao lado, ela não se movia um centímetro, ele Podia entender, ele achava que qualquer respiração poderia atrapalhar o que Jasti Marest estava fazendo.

Ela movia as mãos sobre o corpo de Elari, os olhos fechados, a cada movimento mais tensão percorria o corpo do general. Ele havia sentido aquilo apenas uma vez antes, naquele dia no deserto, com o antigo general nos braços. Areia e sangue, o grito dos vermelhos, o som do fogo crepitante. Ele odiava o fogo, odiava os vermelhos, mas aquilo havia sido culpa deles mesmos.

Ela parou e Steve também prendeu a respiração, Jasti fechou os olhos e ergueu a face, as mãos ainda em Elari, ela inspirou profundamente e então se afastou.
Ele hesitou por um momento, mas Gemma não.

- E então?

Jasti olhou para os dois.

- Ela está viva.

Dessa vez o general estava desesperado.

- E o veneno.

Jasti olhou para Elari.

- Eu controlei a ação dele e alterei o que restou para não causar mais nenhum dano, fiz o que pude quanto aos danos já causados, agora... como a afetará só saberemos quando... se ela acordar.

- Se?

A apreensão dele aumentou, ele se levantou, a raiva crescendo, Gemma o segurou conforme a jovem se encolhia ao lado de Elari.

- Não posso ter certeza de nada, isso... Eu fiz o que eu podia, não sei controlar ainda e...

- Tudo bem... Jasti, ele entende.

Gemma o lançou um olhar de censura.

- Todos queremos que ela acorde, mas agora ela está viva, essa é a nossa prioridade, podemos pedir a ajuda de espiritualistas.

Ele inspirou e se acalmou, ela tinha razão, mas... Ele não podia deixar ela daquele jeito. Quem sabe como Kah Sung estava, ele precisava de Elari, eles precisavam do rei.

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