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Com o movimento as luvas permaneceram nas mãos do Senhor Negro.

O frio imediatamente começou a agir sobre Elari e ela cruzou os braços colocando alguma barreira entre eles dois e protegendo um pouco as mãos do frio.

- O que você quer?

Ele permaneceu na mesma posição, não usava luvas ou uma camada extra de roupas para o aquecer, nem parecia afetado pelo frio.

- Vim ver seus resultados.

Ele se inclinou um pouco para o lado para ver a árvore que ela tinha mirado por diversas vezes, ela deu um passo para o lado bloqueando a visão dele, não precisava que ele a mostrasse ser melhor que ela em mais um ponto.

- Meus resultados não lhe dizem respeito.

Ele deu um passo na direção dela e ela deu um para trás, também não precisava que ele a tentasse com aquela energia sedutora, um bom espaço físico deveria ajudar.

- Ao contrário. Seus resultados são de interesse continental.

Ela quase rolou os olhos.

- Não sabia que ter uma boa mira elevava o arremate do cavalo premiado.

Ele sorriu e que os deuses a segurassem ou ela iria a loucura.

- Você não está a venda, Elari.

O nome dela, ele o falou com tanto gosto que ela quase derreteu ali, ou congelou, não conseguia decidir qual dos dois.
O nervosismo começou a inflar nela, precisava que ele saísse logo dali, precisava de sanidade e precisava das luvas.

- Bem, isso é bom de saber. Você não tem tarefas de senhor Negro a cumprir? Papéis a assinar.

Ele deu outro passo e ela teve que desviar de uma árvore.

- Sim, eu tenho. Mas estamos no inverno e nesse período não há muito o que fazer, as pessoas se recolhem nas suas casas para se aquecer, causam menos confusões, há poucas atividades na ilha e comércio mínimo. Já fiz quase todo o trabalho para o próximo mês.

Ela quase podia escutar a vozinha na sua cabeça a chamando de louca mais uma vez e se apertou com mais força.

- Então por que não começa o do próximo?

Dessa vez ela tomou a iniciativa de se afastar e recuou mais um passo e depois outro.

- Não faria mal, ajudaria a ter mais tempo quando chegasse a primavera e poderia respirar, quem sabe ir...

No terceiro passo ela tropeçou em algo e começou a cair para trás, mas foi parada ao colidir contra algo duro, uma árvore, ela percebeu ao olhar para cima.

- Elari!

Assim que ele a chamou e ela olhou má direção dele, Kah Sung já estava bem na sua frente, um pouco acima também servindo de cobertura contra uma grande massa de neve que caía direto na cabeça dele e não na dela.

Por um longo tempo eles ficaram ali, quietos, parados, a distância não muito maior que a que estiveram quando sentados naquele banco diante do piano. Até que ela passou por baixo de um dos braços dele e se afastou.

- Obrigada. Espero que não tenha se machucado.

Ela esfregou os braços para se aquecer e controlar qualquer impulso de conferir por si mesma se ele não estava ferido, tinha sido muita neve, ela até mesmo via um pequeno monte ao redor de onde tinha estado. Ele se virou para ela e agitou os cabelos para tirar a neve, as luvas dela ainda em mãos.

- Estou bem.

Ela olhou para o chão para não o ver se limpar da maior parte do estrago e viu a causa de seu tropeço, o arco que ela tinha colocado no chão para recolher as flechas estava torto e imóvel como se não tivesse culpa de nada. Ela o xingou e não percebeu Kah Sung se aproximar mais uma vez até que estivesse diante dela.

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