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Elari não entendeu bem o que aconteceu em seguida.

O mundo se tornou escuro e depois claro, ela só via Kah Sung à sua frente, as mãos dele segurando as dela e o olhar determinado, ele já sabia qual seria a resposta dela, mas precisava escutar, Elari havia desejado que ele a perguntasse aquilo por vezes antes, mas jamais imaginou que seria daquele jeito. Era como se ele houvesse ficado impaciente, como se algo tivesse acontecido e agora ela estava em dúvida. Ali era Kah Sung, seu destino, ou o senhor negro? Ele ainda esperava uma resposta, as mãos dele apertavam as suas com força e ela percebeu que eles não estavam mais no salão, havia pouca luz e a brisa era fria, estavam do lado de fora, mas estava tão claro, quis olhar ao redor, mas temia que se desviasse o olhar dele tudo se tornaria um sonho, uma ilusão. Ela tirou as mãos das dele com calma e as deslizou pelos braços dele até alcançar seu pescoço e então seu rosto sem desfazer o toque pois imaginava que ele devia estar ansioso e com tanto medo quanto ela de aquilo não ser real. Elari sentiu o calor dele passar para ela, o mesmo calor que a curava aos poucos, o mesmo olhar que a fazia querer mais e mais a eternidade com ele, a mesma boca que egoistamente a pediu que enfrentasse seus medos por ele e ele, Kah Sung, o mesmo que tinha sido destinado a ela, pois mesmo que o destino não fosse real, tinha que ser para eles. Ela entendeu o que todos aqueles pensamentos deviam significar, que não importava mais Elari, não importava mais o mundo, ela faria qualquer coisa por ele.

- Sim, pela eternidade.

Ela acariciou o rosto dele, mas Kah Sung não esperou e a beijou, ele a tomou em seus braços e não soltou por um longo tempo, então ela escutou um clamor, comemorações e ao abrir os olhos viu que ainda estava ali, no salão rodeada de estranhos, de sua família, de Jasti, do rei. Quando olhou na direção dele ela viu que ele havia conseguido exatamente o que queria, que seus cabelos estavam ainda mais grisalhos, quase completamente brancos, seu rosto estava mais enrugado, então aquele era o poder dele, ilusão, ela havia pensado que eles estavam a sós, que realmente nada no mundo importava, mas a ilusão não a afetou, ela sabia o que sentia e que Kah Sung era o seu mundo agora.

Um rei que consegue o que quer ao mostrar às peças o que desejam ver e aos inimigos o seu medo. Era assim que ele ganhava e havia conseguido mais uma vez, a um preço que provavelmente lhe custaria a vida. Ele estava prendendo Kah Sung a Elari, se aquilo seria a fraqueza ou a força de seu amado, ela não sabia, mas agora não podia se permitir morrer tão cedo, por Kah Sung.

Urgath mal respirava quando eles chegaram ao topo, no meio do caminho Oldren começou a sentir tonturas e eles foram obrigados a parar para enfaixar o braço dele, mas chegaram e lá estavam quase todos do grupo, Ginsa não estava entre eles e o olhar...

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Urgath mal respirava quando eles chegaram ao topo, no meio do caminho Oldren começou a sentir tonturas e eles foram obrigados a parar para enfaixar o braço dele, mas chegaram e lá estavam quase todos do grupo, Ginsa não estava entre eles e o olhar preocupado do mestre mesmo enquanto cuidava dos ferimentos do seu melhor aprendiz sempre se voltava para os limites da floresta.

- Uma noite repleta de surpresas.

Ele falava como se esperasse mais e já tivesse certeza que estava certo.
Oldren esperou com os demais, a noite seguiu, eles escutavam os uivos dos lobos, alguns distantes, outros próximos, uma noite de caça e eles poderiam ser as presas, porém o grande predador com eles, Craz Ertowa, era o suficiente para afastar os animais daquele lugar, o ruivo sabia que os convertidos emitiam um odor que geralmente afastava os animais, negros, devia ser um odor putrido para eles, um cheiro que os lembrava da morte.

Aos poucos o amanhecer chegou e eles deviam seguir, nada de procurar por Ginsa, era a lei do treino, fracos ficavam para trás. O braço de Oldren ardia como se estivesse em chamas e latejava como se batessem com um martelo sobre ele, um ferimento grave e por mais que ele tivesse vivido por muito tempo a própria conta, nunca tinha se machucado daquela forma, não profundamente o suficiente para o obrigar a imobilizar o membro. A caminhada seria breve, menos da metade do tempo para subir a montanha, além de ser um declive o caminho era mais aberto e definido, uma recompensa pelo sofrimento de alguns dias, mas ele estava ferido e não chegaria ao Palácio em toda a sua glória, não importava, Urgath sentia a culpa e olhava para o braço dele com frequência, perguntando como estava, se queria algo para beber ou que ela carregasse sua mochila, quem a pegou foi Luste, o gigante levava três mochilas, a dele, de Oldren e de Tharna, a pequena e ele tinham se aproximado, a floresta fazia isso com as pessoas.

O mundo era repleto de respirações rápidas, passos sobre terra molhada e o tintilar de metal contra metal, Oldren observava os companheiros conversarem e Craz permanecer com o olhar fixo à frente, o mestre estava preocupado com Ginsa, mesmo com o discurso de serem todos independentes e fortes ele tentava imaginar como o aprendiz estaria.

O mundo era repleto de respirações rápidas, passos sobre terra molhada e o tintilar de metal contra metal, Oldren observava os companheiros conversarem e Craz permanecer com o olhar fixo à frente, o mestre estava preocupado com Ginsa, mesmo com o ...

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Gemma não podia crer em seus olhos, em sua audição, nada parecia real, ainda que ela não estivesse envolvida naquilo.

Uma taça escorregou e caiu no chão espatifando-se em milhares de pequenos pedaços de vidro e bebida, ela teria reclamado de sua bota nova suja, mas entendia como o irmão mais velho de Elari se sentia, aquilo não podia estar acontecendo. Não tão rápido, não tão real. Sim, era a oportunidade perfeita para o Senhor Negro pedir a mão de Elari, sim, ele havia feito isso e ela obviamente gostou, mas... Ainda era estranho. O rei estava ali e as coisas sempre aconteciam de forma estranha quando ele estava por perto. A ruiva viu Edone dar um passo, ela não sabia o que ele ia fazer, o que estava pensando, mas certamente estava tão louco e confuso quanto ela, ela era uma oficial e tinha que evitar problemas e antes que ele desse outro passo em direção aos recém noivos ela o puxou pelo braço para longe dos negros eufóricos. Também era compreensível a felicidade deles, o único herdeiro finalmente havia encontrado uma companheira, bem a tempo de assumir o trono, uma companheira hetar. O futuro do reino estava salvo, por enquanto.

O irmão de Elari não resistiu e Gemma logo conseguiu o levar para um corredor, ela fechou as portas e se virou para ele, a respiração estava alterada, o olhar disperso.

- Respire.

Ele olhou para ela, milhares de ideias na mente.

- Onde está Steve?

A pergunta a pegou de surpresa, a postura dele era de alguém com raiva, os punhos cerrados e toda a agitação controlada.

- Você o conhece?

É claro que conhecia. Elari o conhecia, ele era irmão dela.

- Sim. Onde ele está?

- O rei o alocou para liderar o exército em uma expedição.

- O exército? O exército? Todo ele?

Gemma relutou, mas acenou, essa parte da informação não era um segredo.

- Vai ter guerra?

Ele era inteligente. Gemma permaneceu quieta e ele balançou a cabeça.

- Não importa. Como posso falar com Steve? Você pode mandar uma carta? Onde... Onde Elari está dormindo?

Conforme ele perguntava, ela respondia. Ele parecia estar absorvendo tudo simultaneamente a uma articulação de planos. Aquela família, aquele pedaço dela, realmente era peculiar. Agora Gemma se perguntava que tipo de criatura era a mais nova.

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