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O momento acabou junto com as lágrimas, logo Marjeana tinha novamente o semblante frio e movimentos calculados e Elari era a boneca dela mais uma vez.

Enquanto se deixava ser conduzida pelos corredores até o salão enorme e vazio onde ela comeria sozinha escutando o eco da própria mastigação a jovem permitiu que sua mente devagasse dentro de si, pensou a respeito daquele momento mais cedo com Marjeana, como devia estar carente de alguém que estivesse lá por ela, como devia estar mais forte e mais frágil por dentro, como um vaso encaixotado em que a caixa de madeira dificilmente quebraria com uma agitação, mas seu conteúdo estaria destruído facilmente. Pensou, também, em Jasti, que ela realmente estava adiando aquela visita ao máximo e isso não era bom, ela não era a colega, não seria insensível e egoísta ao ponto de não ir a ver.

Estava tão imersa em si que só percebeu sua companhia quando se sentou à mesa e estava a sós com ela, ou mais precisamente, ele.
Kah Sung ergueu um canto da boca quase imperceptivelmente ao ver a expressão estupefata de Elari.

- Boa noite.

Ela ainda estava com a boca escancarada quando ele começou a se servir, ele tinha esperado por ela ou aquilo era alguma coincidência bizarra demais?
O prato dele estava cheio, céus como ele comia, quando ela por fim voltou da lua menor para si e o respondeu.

- Espero que sim.

Ele levantou o olhar para ela repousando os braços sobre a mesa ao lado do prato que tinha o formato de um monte graças ao seu conteúdo. Após seguir o olhar dela ele tornou a a encarar com divertimento na expressão que ela havia se acostumado a ver gélida, era como se o Senhor Negro houvesse ido para seu castelo de inverno e outra pessoa estivesse ali, expressando diferentes emoções.

- Depois que passar por sua conversão entenderá que a necessidade por comida é muito grande enquanto não tiver um parceiro.

Alguém para a alimentar com o próprio sangue, o apetite de Elari foi visitar o Senhor Negro.

- Prefiro comer dez pratos desses a tomar sangue.

Ela se arrependeu imediatamente das palavras, ele podia parecer não estar ali, mas ainda era o Senhor Negro e qualquer evidência de seu desgosto pelo que era poderia desencadear uma série de problemas indesejados.
Mas Kah Sung não a perguntou por quê.

- Dependendo do parceiro, imagino que realmente seja preferível.

Ela piscou sem entender e ele pegou o garfo para o enfiar em uma azeitona antes de explicar.

- Sabe, não é sempre que os sangues... combinam e com isso o sabor é pior que terra.

Ela resolveu servir o prato, apesar da conversa com um tema desagradável ela precisava comer.

- Também precisam ser iguais, - ela sentiu os olhos dele sobre ela enquanto colocava as anchovas no prato - se não tiverem as mesmas cores irão apenas matar um ao outro.

Ela mordeu uma e viu Kah Sung apoiar a cabeça sobre uma mão deixando a comida de lado como se ela fosse mais interessante para ele.

- Ainda assim, os diferentes podem se unir e... ter resultados fantásticos.

De alguma forma Elari sabia que ele estava falando dela, era difícil que as classes se misturassem e os pais dela sofreram muito ao o fazerem, Talio sofreria uma eternidade depois que
Meliah morresse, outro caso que ela conhecia era o de Cassien, Gemma contara a ela enquanto treinavam, o guarda era filho de um Salyu com uma Gorgan e após a morte da mulher ele nunca mais foi o mesmo, o capitão da guarda real.

- Mas é difícil isso ocorrer.

- Você não passará por isso.

O baque daquele comentário a atingiu como um punhal, ela repousou o talher sobre o prato com pouquíssimo conteúdo.

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