Ed se juntou ao espadachim negro, ele havia chamado alguns machos para verificar o que havia ocorrido na cidade, o fogo já havia morrido, sumindo como havia surgido, subitamente.
Todos estavam exaustos e qualquer batalha adicional poderia os fazer cair rapidamente, única vantagem que tinham era o espadachim, ele caminhava altivo adiante, um líder nato, o caminho era relativamente curto, mas demorou devido à lentidão deles.
Ao chegarem viram as casas caindo, cinzas desciam dos céus, as árvores gigantescas tinham suas bases na cor preta e muitos dos galhos haviam caído sobre as construções e ruas, pessoas estavam abaixo da destruição, mortas ou gravemente feridas, era uma cena de impiedade e crueldade. Eles avançavam, alguns ficavam para tentar salvar os que demonstravam qualquer sinal de vida, os que estavam bem o suficiente se juntavam a eles, haviam gritos, choros e gemidos sobrepostos uns aos outros, a ameaça dos galhos ainda era iminente, mas não era a preocupação deles, conforme seguiam, pior parecia estar e alguns cidadãos indicavam mais à frente, apontando com seus dedos para o centro onde a conversão havia sido executada.
Eles avançavam e quando alcançaram a Tejiane viram a mensagem.
A árvore ainda queimava e ao seu redor haviam estacas formando um círculo, em cada estaca um conselheiro estava preso, a madeira cruzando todo o tronco e caindo pela boca. Era horrendo, era mais que cruel, era uma mensagem. Os corpos estavam todos cobertos por sangue, as mãos haviam sido unidas em uma ciranda moribunda. Todos unidos, todos mortos.
Nesse instante o medo inundou Ed mais uma vez, ninguém sabia como Elari estava, ele não teve como a procurar, o senhor negro estava desmaiado. Ele deu um passo para trás e o espadachim olhou para ele.
- Eu tenho que encontrar a minha irmã...
Começou a se afastar, mas o espadachim o fez parar.
- Você é irmão da garota que me derrotou?
Ele olhou para o espadachim mais uma vez.
- Minha parceira está com ela.
Ed não se controlou e avançou segurando o espadachim pela roupa, o macho era mais alto que ele, mas isso não importou.
- Onde ela está?
Os olhos escuros dele desceram para Ed em aviso para que se controlasse.
- No território do Palácio, Jasti está cuidando dela.
Ele ficou aliviado, porém mais preocupação nasceu.
- Como ela está? Ela se feriu?
- Talvez deva ver por si mesmo...
- Em que parte elas estão?
- Noroeste.
Ele não esperou nem mais um segundo e correu para o Palácio.
Steve não aguentava mais um segundo ali, então Gemma o disse para verificar como o... rei estava, porém ele se negou a deixar Elari mais uma vez.
A ruiva tentava fingir que aquilo não doía, que ele ainda se importar tanto mesmo quando Elari tinha um laço com alguém não a feria. Então precisou de espaço, precisava ficar longe dele e de tudo que a torturava emocionalmente há dois anos, desde que ele havia dito que amava alguém, que essa pessoa estava no lar de ontem tinha vindo e não onde vivia naquele momento. Ela avisou que iria fazer aquilo por ele quando o general se levantou bruscamente.
- Ela está acordando!
Ela olhou para Elari, a mão se contraia e os músculos da face também, fazia uma careta de dor e quando finalmente abriu os olhos, Gemma viu que algo estava errado.
Ela lembrava de como Elari tinha ficado quando chegou ao cômodo e avisou que precisavam do príncipe, os olhos totalmente negros dela acompanharam cada movimento, ficaram espantados como se não conhecesse Gemma, ela entendia que a nova visão havia feito ela parecer diferente, ela mesma achou tudo estranho ao abrir os olhos depois da própria conversão, ainda mais quando olhou no espelho e viu um novo rosto com um novo olhar. Mas aquela mudança havia sido esperada, tudo estava certo.
Contudo quando Elari abriu os olhos eles haviam retornado ao verde, mas não o mesmo verde, aquele era diferente, mais brilhante, como se fosse perigoso, como se fosse um aviso de perigo. Ela não foi a única a se espantar, Jasti cobria a boca com as mãos, ela sabia que aquilo estava errado, já Steve apenas agarrou a mão de Elari.
- Como se sente? Algo dói? Ainda está sentindo o veneno?
Então ele pausou e olhou para Jasti.
- Ela está fria, muito fria.
Aquilo era errado, muito errado para os hetar, eles sempre eram quentes. Jasti tocou Elari e ficou ainda mais assustada.
- O que aconteceu?
Elari era quem parecia mais perdida ali, ela pensou por um momento e pareceu lembrar de algo, então tocou o ombro onde a flecha havia a atingido.
- O que aconteceu?
Ela repetiu a pergunta em um tom mais autoritário.
- Você quase morreu, mas Jasti a curou, ela controlou o veneno...
- Não... Ela... Ela tinha morrido, então... Eu... eu a trouxe de volta, mas acho que algo não funcionou direito, você... não está como deveria.
Elari se levantou com força, ela olhou para Gemma e depois para Steve. Por um segundo pareceu que ia falar algo, então simplesmente saiu.
Eles olharam uns para os outros sem saber o que fazer.
Algo estava errado. Algo estava perdidamente errado e ela sabia bem daquilo no instante em que acordou.
Por um momento ela simplesmente quis desistir de tudo, apenas queria que a dor passasse, então algo a puxou novamente e quando acordou ali estavam eles, mas não Kah Sung.
Ela sabia onde ele estava, exatamente, quase podia o ver e sabia que ele não estava bem, precisava o encontrar logo, precisava o acordar antes que ele também pensasse em desistir.A culpa era dela, ela sabia bem, se não tivesse tomado tanto dele, se não tivesse levado aquela flechada ele teria terminado com tudo rapidamente.
Logo ela se viu cercada de corpos, de vermelhos e de negros. Seu interior encolhia a cada segundo, então o encontrou, deitado ao lado de Oldren, desacordado. Os demais pareciam espantados em lhe ver, ela os ignorou e segurou o rosto de Kah Sung. Ele estava indo, estava cedendo à dor que ela sentiu, a dor dela... e dele. Precisava o puxar de volta, mas aquela coisa entre eles parecia tão estranha, tão frágil.
Mas algo lhe ocorreu e ela soube exatamente o que fazer, então ele também despertou.
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Os Eternos
FantasyO que fazer quando seu destino é se tornar aquilo que mais teme? A vida de Elari é regida pelo medo, medo dos seus iguais, dos vizinhos, dos irmãos e parentes e, temendo seu destino cruel de se tornar um deles, um monstro, ela se vê dividida entre d...