Diziam que o rei era capaz de lhe mostrar seus maiores pesadelos como se fossem reais e era assim que ele derrotada meio campo de batalha com a minoria de expediente.
Elari sentia calafrios sempre que o macho a visitava, ela sentiu o gosto do poder dele sobre ela, mas não fora pesadelos que ele lhe mostrou e aquilo a assustava ainda mais, estava acostumada com o medo, com a ânsia e o perigo fazendo suas mãos suarem, Seo, como ele insistiu em ser chamado, era caloroso e gentil, tanto quanto um macho enorme e assustador poderia ser. Ela havia acabado de retornar ao quarto novo, onde se perguntava o que ocorreu com Jasti, quando o rei chegou acompanhado de um macho largo e com muitos músculos, ele usava um avental de couro e fedia a fuligem, a cabeça calva poderia brilhar com pouca luz se não fosse coberta de cinzas, ele tinha os olhos flamejantes dos miren, carregava uma caixa.
Seo parou no centro do ambiente e o outro macho colocou a caixa sobre a cama, Elari se endireitou na cama e cobriu o nariz com um tecido, havia adoecido devido à chuva, um leve resfriado que o rei lhe disse ser um problema que não enfrentaria mais em breve, doenças vermelhas, foi o que disse com nojo.- Como está sua saúde, minha filha?
Era assim que ele tinha passado à chamar.
- Melhor, majestade.
Ela não gostava daquele tipo de formalidade, mas preferia manter a distância do rei maior, ainda mais depois do truque dele. Porém ele ria, os cabelos completamente grisalhos estavam amarrados em um coque, a pele começava a dar indícios de uma idade que ele ainda não havia alcançado e o corpo começava a se encurvar, ele estava morrendo e nem por isso parecia menos ameaçador.
- Isso é bom, os deuses lhe abençoam. É bom que permaneçam ao seu lado.
Ele dava passos em sua direção, Marjeana não estava ali, ou qualquer criada, nem mesmo Jyr, ele ficava do lado de fora para lhe dar privacidade, porém ela não queria privacidade naquele momento.
- Eu vim aqui para lhe presentear. Seu noivado foi anunciado, mas ainda não lhe dei minhas graças e veja, as graças de um rei são importantes.
Ele falava como se não tivesse feito parte daquilo, como se não desejasse entregar seu filho ao destino de sangue dele, como se ela precisasse provar seu valor.
Seo se aproximou e colocou a mão calejada sobre a caixa abrindo a tampa, Elari prendeu o fôlego.- Em breve sentará ao lado de Sung, precisará disso, essa será sua primeira.
Era um coroa, terrivel e arrasadora.
- Foi feita para uma antiga rainha, a de um povo que não existe mais em nossos céus nem terras, a rainha presa a chão de um povo que chegava aos céus. Ela foi inteligente e mais forte que muitos monarcas, levou o povo dela além e agora a entrego a você, esperando que seja uma rainha tão poderosa quanto ela.
A coroa era prateada, parecia carregar o brilho das estrelas, mesmo que nenhuma joia se prendesse a ela, haviam penas e flores metálicas adornando sete pontas, sete lâminas as quais queimavam como fogo.
- Será o par perfeito para sua adaga.
E de algum lugar ele tirou a adaga dela a estendendo. As chamas pareciam gêmeas.
Poderosa, ele havia dito, não bondosa. Aquela era a coroa de uma conquistadora, não de uma rainha que prosperou, mas de uma que imperou.
Sem nem mesmo a pegar, sabia que era pesada, que seu toque seria gélido.
O rei saiu a deixando sozinha com sua mensagem. Ele havia lhe entregue poder. Agora, o que realmente desejava de volta, ela não tinha certeza.
Poderiam dizer tantas coisas sobre o que estava acontecendo na Capital Negra, o povo dizia que um assassino estava à solta, já Cassien tinha uma ideia bem diferente.
- Outro groule.
Gemma rolou os olhos conforme o tenente tentava explicar sua teoria com base na descrição minuciosa de cada ferida no corpo do jovem aprendiz. Não era como se ele fosse dar atenção ao que ela achava, ele discursava aquilo para os guardas na mesinha próxima ao corpo do chamado Ginsa, teria sido um rapaz bonito, ele ainda era sutilmente agradável aos olhos se ignorasse os quatro cortes profundos em sua garganta, estava tão feio que quase não conseguiram identificar a quantidade exata, o mestre das armas escutava tudo em um canto, não importava quantas teorias o povo ou Cassien tivessem, quem daria a palavra final era o curandeiro. O velho tinha pego uma amostra do sangue duro do garoto e todos aguardavam seu retorno dos confins de seus sombrios aposentos. O que aquele macho fazia ali deveria ser tão sórdido quanto o que os espiritualistas faziam em nome da coisa que se recusavam a chamar de Deus.
Haviam se passado duas horas e logo ela precisaria retornar às sombras de Elari, caso realmente houvesse algum assassino. Todos ficaram em silêncio, até mesmo Cassien calou a boca, ela podia estar sentindo falta de falar com o amigo, mas escutar ele tagarelar com os outros e ainda fingir que ela não existia a deixava irritada, ela sabia qual posto ele iria assumir, Elari pediu por ele, mas também pediu por ela, para quando Jyr fosse tirar seu tempo pra fazer qualquer coisa que, ela tinha quase certeza, nenhum negro fazia, assumirem, juntos, o posto dele. Seria uma longa noite. O rei havia chegado, o resultado devia estar próximo, o ar ficou pesado e o som das portas do curandeiro foi como o som das arpas eternas.
O rosto do macho estava mais pálido que o normal e ela desejou que Cassien estivesse certo, que um groule estivesse perambulando pelas terras, até mesmo um adulto e feroz, nem que o rosto dela ficasse completamente desfigurado caçando a criatura e nenhum macho ou fêmea jamais a desejasse. Porém o curandeiro, com todas a sua serenidade perdida anunciou seus resultados.
- Veneno de vortiga.
A planta dos desertos, a erva daninha que crescia entre rochas vermelhas, que somente os vermelhos ainda cultivavam, por ser mortal para negros.
O rei acenou e se virou para a sentinela mais próxima.
- Avise Kah Sung que estaremos partindo nessa noite.
Assassinos, de fato, assassinos vermelhos com suas armas e lâminas estranhas embebidas em veneno de vortiga, bem na Capital Negra, o símbolo de poder dos Negros, a fortaleza intransponível e inderrubável. Ela precisava correr até Elari e foi o que fez.
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Os Eternos
FantasyO que fazer quando seu destino é se tornar aquilo que mais teme? A vida de Elari é regida pelo medo, medo dos seus iguais, dos vizinhos, dos irmãos e parentes e, temendo seu destino cruel de se tornar um deles, um monstro, ela se vê dividida entre d...