(*)Capítulo revisado
Oldren sacou a adaga de seu cinto e Ur fez o mesmo.
O dragão e a serpente brilharam mesmo na pouca luz. Os lobos os circundaram, haviam três, todos cinzentos e pequenos, deviam ser filhotes separados da alcateia. Oldren mal teve tempo de girar antes que eles avançassem na direção deles, dois indo para Ur, ela aguentaria. Então ele focou no que seguia para ele, o maior e quando o animal ergueu as patas dianteiras ele desferiu um golpe certeiro na garganta dele, sangue jorrou porém ele não tinha tempo para se importar com aquilo, um lobo estava conseguindo avançar sobre a defesa de Urgath, o ruivo jogou sua adaga sobre o animal e atingiu a lateral da caixa torácica dele que caiu agonizando o que deu a Ur a oportunidade para enfiar a própria adaga no lobo que estava sobre ela, direto no coração. Eles olharam um para o outro e acenaram, ela lançou o corpo morto para o lado enquanto Oldren avançava para o que ainda agonizava e tirava a adaga dele, o animal soltou um silvo, meio uivo meio choramingo, e cedeu. Oldren estava se levantando depois de limpar a adaga na terra molhada com resquícios de neve quando algo o atingiu pela lateral e ele caiu, um lobo bem maior que os anteriores estava sobre ele com a bocarra aberta e pronta para avançar em sua direção, ele teve que usar um braço para evitar a perda de sua garganta, parecia uma tentativa de vingança, então o animal foi lançado para a lateral, Ur segurava uma tora de madeira podre, ela jogou sobre o lobo mais uma vez e ele saiu correndo depois ela o ajudou a se levantar, um gemido escapando dele devido a uma dor terrível no braço. Ur olhou para ele com preocupação, mas também escutou os uivos.
- É melhor irmos logo, vamos cuidar de seu braço depois.
Ele protestou com o olhar e ela o cortou.
- Prefere os enfrentar com o braço nesse estado? Imagino que uma alcateia inteira esteja vindo agora e você é mais um peso que ajuda desse jeito.
Ele pensou em dizer que lutava tão bem com o braço esquerdo quanto com o direito, mas a obedeceu e eles correram montanha acima.
O rei estava ali e não estava sozinho.Do seu lado estava a pessoa pela qual Elari mais havia ansiado em meses, Kath. Sua irmã ainda tinha o doce olhar de criança, mesmo que ela tivesse crescido consideravelmente, o que alguns meses a tinham feito perder? Ainda do lado dela estava Edone com seus astutos novos olhos vigiando o entorno, do outro lado do rei estavam seus pais e de alguma forma o braço que envolvia os ombros de sua mãe não pareciam tão errados.
Ela tornou a observar sua irmã, ela realmente estava ali, sorrindo como se tivesse ganhado um presente, os olhos que eram uma mistura dos de Elari com os antigos olhos de Ed estavam miúdos, os cabelos castanhos trançados à frente do corpo, ela usava um vestido novo que ficava lindo nela, a pequena boneca de Elari havia crescido. O rei ainda era o único a bater palmas, seus súditos surpresos demais com sua presença.
- Vamos à festa!
Ele ergueu os braços e todos o saudaram, o olhar do rei cruzou o palanque até onde ela sabia que estava Kah Sung depois foi para ela.
- Estou orgulhoso, menina.
Ele piscou e ela lembrou da promessa, da barganha que eles fizeram e entendeu todo o espetáculo, ele cumpriu com a palavra, mesmo que a dela não tivesse sido realmente cumprida, ela tentou, apenas, mas ali estava ele mostrando satisfação com seu olhar assustador, ele conseguiu o que queria, o que quer que fosse. Elari estava tentando sair daquela teia de aranha quando recebeu um abraço apertado de Kath, mais alta, mas ainda uma cabeça menor. Elari ficou feliz em passar a mão por aquela cabeça, depois foi a vez de Ed se aproximar.
- Muito bem, Ari.
Ele piscou e ela se viu sorrindo de volta. Então os pais se aproximaram, pela primeira vez em anos ela olhou nos olhos da mãe.
- Vejo que sua vinda deu frutos, filha.
Talio apertou seu ombro e ela se encolheu de dor, mas não tirou os olhos da mãe, esperava por palavras dela, por algum sinal de orgulho, mas tudo que viu foi culpa.
- Estou feliz em vê-los também.
- Uma bela reunião familiar, porém gostaria que se juntassem à festa, ela é em homenagem a essa promissora jovem.
Elari viu Kath ficar rígida, o pai assumir um novo ar, a mãe desviar o olhar para o chão e o irmão assumir uma postura protetora com a proximidade do rei, ele ainda não tinha percebido que era mais fácil ela o proteger àquela altura, ela era quem tinha uma adaga no cinto.
- E você, imagino que queira se trocar.
Elari não respondeu enquanto seu pai agradecia o convite e ficava mais que feliz em mencionar os negócios em Tesme, como eles haviam melhorado e como ele estava sendo um ótimo gerenciador.
Meliah, sua mãe, se aproximou com um ar analisador e sussurrou antes de seguir atrás do esposo.- Vamos conversar, Elari.
Ela provavelmente queria que soasse como uma ordem, mas Elari sabia bem que era um pedido, quase uma súplica.
Logo em seguida foi envolvida mais uma vez, porém por seu irmão. Ed a apertou levemente como se tivesse medo de a quebrar ou que ela o rejeitasse, mas ela largou a espada e usou toda sua força, onde sua pele tocava diretamente nele sentia calafrios, mas naquele momento eram mais que bem vindos, quando ela sabia que não o teria para sempre. Tinha que o aproveitar ao máximo.- Vamos! Eu quero ver você vestida nele!
Ela olhou para a irmã ansiosa com desconfiança.
- O que você está escondendo de mim?
Kath sorriu e ao entrar no quarto ela entendeu. Havia um vestido azul sobre a cama, Kath saltitava dizendo como era lindo, como mamãe havia o visto em uma loja e nem olhou o preço antes de comprar, como disse que era um presente de conversão perfeito. Elari sabia bem o que Kath queria dizer, que todos esperavam que ela estivesse melhor por estar ali ainda quando estava tão próximo do dia. Enquanto passava a mão pelo tecido leve e macio escutou Kath a contar como Tesme havia prosperado desde a notícia que uma hetar saiu de lá, como nobres iam fazer comércio para dar uma espiada de onde a garota tinha vindo e como papai recebeu cartas, muitas cartas de aliados comerciais e pretendentes, tanto para Elari quanto para ela. A jovem não gostou muito da última parte, mas poderia lidar com aquilo depois.
Ela também falou sobre a carta que receberam do rei, um convite para irem à capital presenciarem o desafio dela, para ficar quanto tempo desejassem, Kath deixou claro como papai estava ainda mais animado com aquilo pois sabia que o rei nada fazia sem um propósito. Elari vestiu a roupa, servia perfeitamente, era agradável ao toque, mas tinha a ousadia de deixar seus ombros expostos devido à ausência se mangas, a gola subia alta em seu pescoço, ele era simples, havia apenas mais uma fita para marcar a cintura e então ele descia soltou até a base onde linhas pretas, quase imperceptíveis sobre o azul escuro fazendo parecer uma floresta sob um céu sem luz. Era bonito, era arrasadoramente lindo e ela decidiu fazer algo que não combinava muito com seu estilo, mas Jasti gostaria, ela sempre estava com seus cabelos soltos e assim o fez Elari, devido à trança eles ficaram com diversas ondas que desciam até a base de sua lombar. Ao se olhar no espelho viu Kath atrás de si com uma expressão de admiração.- Você sempre foi bonita, Ari, mas...
As palavras morreram em sua boca com um suspiro, porém Elari entendeu, ela estava linda e se sentia assim. Agora o que mais queria era ver a expressão de Kah Sung ao a ver.
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Os Eternos
FantasyO que fazer quando seu destino é se tornar aquilo que mais teme? A vida de Elari é regida pelo medo, medo dos seus iguais, dos vizinhos, dos irmãos e parentes e, temendo seu destino cruel de se tornar um deles, um monstro, ela se vê dividida entre d...